Os jornais dão destaque às medidas anunciadas pelo governo para combater a epidemia de bisbilhotices que, pelo visto, não encontra anticorpos nem nas mais altas instâncias da República.
O remédio da hora, segundo a imprensa, é o projeto de lei cuja minuta foi enviada pelo ministro da Justiça Tarso Genro ao presidente Lula. Nela estão contidas as novas regras que tornam mais severas as punições para quem promover, patrocinar ou realizar a quebra da privacidade de comunicações de indivíduos ou instituições.
Também está publicado que o ministro da Defesa Nélson Jobim vai ao Congresso na semana que vem, apresentar seu depoimento à CPI do Grampo. A CPI, que andava às moscas, ganhou vida nova com o escândalo provocado pela revelação de que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, teve conversas telefônicas gravadas, supostamente por funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Sem rumo
O noticiário oferece bastante espaço para declarações de grampeados, de chefes dos supostos grampeadores, de especialistas e especuladores de todo tipo. Só não estão explicados dois detalhes importantes que ajudariam o leitor a entender o que se passa: se é possível identificar quem cometeu o crime, por que ainda não foi revelado seu nome?
Ou, por outro lado, se não é possível descobrir quem anda bisbilhotando conversas alheias, de que adiantará agravar as punições?
Outra questão que não anda freqüentando o noticiário é: como coibir a arapongagem fora dos círculos oficiais, ou seja, a escuta telefônica produzida por empresas privadas de segurança, muitas das quais controladas por ex-militares, que proliferaram no país e agem sem controle algum?
Como o leitor pode perceber, não adianta aumentar o tamanho do chicote se não se sabe que lombo vai merecer as chibatadas.
Aparentemente sem rumo, as autoridades se sucedem ao microfone para marcar sua presença, mas por enquanto o que temos é muita declaração e pouca solução.