Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Muita trapalhada e pouco a informar

Um show de trapalhadas da imprensa brasileira entrou em cena desde a midiática ‘Operação Navalha’, da Polícia Federal. Cada veículo noticia o acontecimento com suas verdades e todas acabam se atrapalhando pelo desconhecimento do assunto em questão.

O absurdo maior apareceu no mais assistido jornal televisivo do país – Jornal Nacional (sábado, 19/5). O repórter afirmou que o ‘prefeito do PT’ Luiz Carlos Caetano foi corrompido por uma ‘viagem a Salvador’ e entradas para um camarote durante o carnaval da capital baiana. Será que ele sabia a distância que separa Camaçari de Salvador? Ou será que Caetano chegou de helicóptero no circuito momesco?

Uma outra emissora destacou um passeio de lancha como o motivo da corrupção do prefeito baiano.

O jornal eletrônico Último Segundo, do portal IG, destacou o depoimento do deputado federal Nelson Pelegrino. Segundo a matéria, o deputado teria afirmado que: ‘… em 1999, o prefeito baiano se recusou a assinar contrato com a empreiteira (Gautama), que teria ganho uma concorrência. Detalhe, Caetano venceu a eleição em 2004.

Imprensa em campanha

A Polícia Federal afirmou que a organização criminosa era estruturada em três níveis. Primeiro estariam as pessoas diretamente ligadas à construtora Gautama; no segundo, auxiliares e intermediários responsáveis pelo pagamento das propinas; no terceiro, autoridades públicas que seriam responsáveis por remover obstáculos à atuação do grupo.

Sejamos sinceros, qual administrador público, responsável por gerenciar mais de um milhão e meio de reais por dia, somente de arrecadação, iria se corromper por um passeio de lancha (valor estimado de R$ 100,00), um ingresso em camarote de carnaval (no máximo R$ 200,00) ou ainda uma ‘viagem a Salvador’ (de carro, R$ 20,00), cidade que fica a menos de 60km de sua cidade? E o pior de tudo, como alguém é pago para facilitar uma compra de licitação e cancela a única que foi vencida pela empresa ‘contratante’ logo no início do seu governo?

Outra coisa interessante foi a velocidade com que as imagens e as informações desencontradas chegaram às redações da imprensa baiana. Ninguém sabia o que tinha acontecido ao certo. Todos diziam: ‘Está preso na Polícia Federal o prefeito de Camaçari do PT, Luís Caetano’, mas nem os advogados do prefeito, nem a imprensa, souberam de imediato o motivo da prisão.

É bom destacar também a ênfase dada à prisão de um prefeito petista e as discretas citações sobre a participação de Nilton Leitão (PSDB), que foi coordenador da campanha à Presidência de Geraldo Alckmin. Por que será? Estamos a um ano da eleição. E pelo jeito, a campanha, principalmente na mídia, já começou.

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Estudante da Faculdade 2 de Julho, Salvador, BA