A relação entre jornalista e jogador de futebol nunca foi estreita. A história prova que esse contato sempre foi cercado de controvérsias, diz que me diz bajulação, intolerância e muitas vezes mentiras. Há várias semanas estamos entretidos com mais uma novela com personagens, cenário e enredo. Qual será o novo clube de Ronaldinho Gaúcho?
A imprensa vem acompanhando a narrativa desse desdobramento desde o início. É sabido que é trabalho do jornalista esportivo buscar incessantemente por informações dos clubes e, sempre no começo de temporada, as notícias de vindas e saídas de atletas mexe com a cabeça de dirigentes, empresários e torcedores. Estes, por sua vez, são o público-alvo dos profissionais da imprensa segmentada.
A rescisão de contrato de Ronaldinho Gaúcho com o Milan (ITA) provocou uma corrida dos clubes brasileiros para contratar o craque. As ofertas foram várias. E assustadoras. Ha quem seja contra essas aquisições de jogadores vindo do exterior, principalmente quando se trata de um astro do futebol que não vem exibindo em campo o seu melhor desempenho. Há quem seja a favor por apostar em maiores investimentos e retorno financeiro a médio e longo prazo, com exposição extraordinária do clube na mídia e no mercado.
É essencial acertar o alvo
Apesar de ser um astro internacional dos campos de futebol, na novela ‘Ronaldinho Gaúcho’, o protagonista é outro: Roberto Assis. O irmão mais velho do craque, que também foi jogador de futebol no final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, é também empresário de Ronaldo.
Assis vem causando na imprensa, durante a última semana, uma relação que está beirando o cansaço. Prova disso é que o Grêmio, através do seu presidente, Paulo Odone, encerrou oficialmente, no dia 08/01, as negociações com o empresário do atleta, alegando que o clube não poderia ‘ser irresponsável’ em colaborar com um leilão, segundo palavras do próprio presidente.
Nos jornais, houve todo tipo de afirmação. Houve publicação que afirmava a contratação pelo Grêmio, com valores de salário e luvas. Outros veículos publicaram o acerto com o Palmeiras. Outra hora, com Corinthians. Agora é o Flamengo que se diz próximo de concretizar o acordo. Tudo isso pela ânsia do furo jornalístico. Quem divulgar primeiro, dá um salto na frente da concorrência.
O empresário tem feito um verdadeiro grande leilão para saber quem dará a melhor oferta para levar Ronaldinho, segundo o que grande parte da imprensa esportiva vem divulgando durante essa cobertura. Ele não diz quem fez a melhor proposta, elogia todos os pretendentes de forma igual e, possivelmente, aguardará até o último instante para encerrar a negociação.
E os jornalistas estarão lá, passo a passo, de hotel para hotel, churrascaria para churrascaria. É função do profissional acompanhar cada acontecimento. Mas antes disso, é essencial ter o máximo de cuidado e cautela na apuração dos fatos para que acerte o alvo, e não simplesmente chute.
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Jornalista, Guarulhos (SP)