Diferente do que mostra a novela A Favorita, da Rede Globo de Televisão, ser jornalista não é fácil. Olhando para o personagem Zé Bob, interpretado pelo ator Carmo Dalla Vecchia, tudo parece uma grande aventura, cheia de emoções e descobertas, mas tudo isso não passa de ilusão. Até pode existir algum jornalista com pinta de galã por aí, mas na maioria das vezes somos pessoas comuns, muitos de nós nos bastidores, produzindo matérias que em muitos casos não serviram de nada.
Há por aí uma infinidade de pessoas que cursaram faculdade de Jornalismo imaginado serem famosos e aparecerem na TV, ou trabalharem para jornais e revistas famosos ou, na pior das hipóteses, ficarem ricos. Quando se deparam com uma vida corrida e estressante preferem mudar de profissão ou simplesmente deixar o jornalismo de lado.
Na trama de João Emanuel Carneiro, Zé Bob é uma espécie de herói que desvenda crimes, estoura cativeiros e enfrenta com audácia políticos corruptos, bem diferente da realidade em que os jornalistas vivem, muitos de nós custeados pela política.
O pagamento do fim do mês
Nossa realidade é outra, trabalhamos num marasmo de informações constantes sobre violência, problemas na saúde, educação e escândalos políticos, sugamos aquilo que achamos importante e repassamos ao público; de longe, estamos interessados em fazer um país melhor ou livrar a sociedade de políticos corruptos, criminosos e seqüestradores.
A imprensa brasileira está voltada na maior parte para a busca por um furo de reportagem, ou pela liderança de audiência. Para a maioria dos nossos jornalistas, não há espaço para solidariedade e bondade para com o próximo. O importante é trabalhar e receber o pagamento no fim do mês.
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Jornalista