“Aos que me podem ouvir eu digo: `Não desespereis!´ A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura dos homens que temem o avanço humano…” (Charles Chaplin)
Todos os políticos que exerceram o poder neste país a partir de 1964 e até FHC o fizeram sob as benesses da simpatia e do apoio dos meios de comunicação, com raras exceções. Quando Lula entrou na roda, a mídia imediatamente mostrou as garras do preconceito e decretou que os governos a serem exercidos pelos representantes da esquerda seriam implacavelmente defenestrados por toda a eternidade.
O que vemos hoje é isso: a mídia sensacionaliza as notícias ruins, os crimes, os absurdos da civilização cometidos pelo bicho-homem e deixa de lado os avanços, a sabedoria, o caminho natural da atividade política humana, que é o socialismo e a justiça. O jeitão do PT fazer política foi considerado, de saída, brega, sem chance.
Jornais, revistas, emissoras de rádio e TV não souberam se esquivar e nem se precaver da estratégia montada pelos EUA durante a ditadura, estratégia que levou a isso que se chama de jornalismo hoje. E deu no que deu: as redações ficaram lotadas de estagiários e recém-formados (nada contra, pois fui um deles), as notícias começaram a ser escritas de qualquer jeito, os telejornais se transformaram em shows e o lado humano do nosso dia-a-dia foi abandonado, destruído, sucateado, junto com as escolas e a saúde públicas.
Palocci caiu como uma luva
A mídia hoje declarou-se completamente incapaz de mostrar e fazer análises sérias do crescimento da economia sob Lula e Dilma, do resgate dos escombros da miséria do povo brasileiro, subjugado desde a invasão portuguesa em 1500 e mantido durante séculos em cárcere de isolamento pelas amarras do ódio e do preconceito – tudo para favorecer as famílias reais que se apoderaram das nossas riquezas.
O que se põe nos jornais e nos sinais das ondas sonoras esconde a nossa realidade. Mostra apenas que nada do que foi feito de 2002 até hoje serviu para coisa alguma. Os nossos grandes jornalistas de hoje, mais preocupados com o poder e fama, nunca leram o escritor e ensaísta francês Joseph Joubert, autor de frases letais, como esta: “Há, sim, um direito do mais sábio, mas não um direito do mais forte.”
O conhecimento e a sabedoria perderam espaço para a fama, o poder e a riqueza.
A alma do jornalismo é o ser humano, é saber mostrar a emoção daqueles que são diretamente influenciados por decisões e atos do Estado e da sociedade. O que o povo quer é ter confiança no presente para poder amar o futuro e ser feliz. E criar possibilidades de sobrevivência sempre de acordo com suas raízes culturais, sem imposições.
O jornalismo de hoje não respeita o próximo, o leitor, o telespectador, não faz campanhas sérias, exalta o consumo de drogas, prega o separatismo de classes, humilha o povo, não o reconhece como um igual, não mostra as histórias puras e ingênuas que formam uma cultura popular – a mídia caça culpados por crimes que são cometidos desde antes de Jesus Cristo e coloca esse tema como prioridade máxima de suas pautas.
Neste contexto, a empresa de Palocci caiu como uma luva. A mídia se esqueceu apenas de mostrar não só Palocci, mas o Armínio Fraga, que comprou, sob FHC, os direitos de franquia do Mc´Donalds por R$ 1,5 bi, apenas; do Sarney, da filha do Serra, ex-sócia da irmã do Daniel Dantas.
Deus é de graça
Não, a mídia não evoluiu. O que evoluiu foi a tecnologia, que para os nossos jornalistas não precisa de correção de texto, de edição de imagens. Hoje cada um escreve o que quer e do jeito que quer, faz o lobby de bandidos e corruptos na maior cara de pau. É o poder do mais forte.
A colaboração que os homens e mulheres do bem podem dar neste momento, acho eu, seria não comprar mais jornais e revistas, não ligar mais a TV aberta e usar a internet para passar aos outros a nossa realidade, as nossas notícias, mostrar como de fato as coisas aconteceram. Mostrar como é bom viver num continente que caminha unido num mesmo pensamento: o de socializar a convivência entre capital e trabalho, nem mais, nem menos, caminhando e cantando sempre, mas nunca se esquecendo de, como dizia Joseph Joubert, “sempre deixar um osso para a oposição roer”, já que os nobres representantes da elite chegaram ao limite máximo do uso da inteligência e, sendo assim, nada têm para contribuir.
Deixo aqui uma sugestão para católicos e evangélicos, como parte de minha contribuição para a evolução do socialismo. Alegrem seus templos e igrejas, pintando-os de cores vivas e panos felizes; parem com essa história de que Satanás vai punir; tirem de seus livros a palavra pecado; aprendam a perdoar olhando nos olhos do próximo; polemizem suas discussões; abram a palavra aos fiéis, façam de cultos e missas um motivo de alegria, e não de dor. E abominem e abandonem o uso do dinheiro. Seria um belo começo. Deus é de graça. Pra conversar com ele, basta fechar os olhos.