Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Narrativas gráfico-visuais e o sonho manufaturado

Como já dizia a professora Sonia Bibe Luyten, ‘por trás dos quadrinhos são travadas verdadeiras guerras’. Isto é, além de palco para inúmeras gargalhadas, sátiras e críticas, os bastidores dos quadrinhos podem nos revelar muitos outros aspectos não visíveis num primeiro momento.

Esses detalhes são, sem dúvida, a parte mais valiosa das narrativas quadrinescas. Nas histórias, os personagens interpretam seus papéis, geralmente, a rigor, por longos anos. Os ensaios e testes, diferentemente do que acontece no cinema, na novela e no teatro, ficam a cargo de seus criadores.

A título de ilustração, podemos vislumbrar este fenômeno nas histórias em quadrinhos da ‘Turma da Mônica’, onde seu criador, Maurício de Sousa, o faz através dos seus enredos e ilustrações da vida e comportamento de suas criações.

Os personagens não escolhem seus trajes, muito menos o modo de expressão. Essas são algumas das características que consolidam a identidade dos personagens nas narrativas da maioria das histórias em quadrinhos.

Uma tentativa sonhadora

Esse modelo de representação foi divulgado amplamente nos últimos anos por meio das grandes empresas jornalísticas, primeiramente nos EUA, no fim do século 19, lugar em que os quadrinhos adquiriram, de forma autônoma, uma expressão própria.

Apesar de muitos estudos e instituições defenderem a contribuição das histórias em quadrinhos para o meio educacional, bem como para as reflexões culturais, as narrativas em quadrinhos ainda são vistas por muitos como algo infantil.

Diante disso, por que será que as ilustrações, os quadros e as tiras persistem nos jornais, revistas, livros e websites? Manifestação artística que, na maioria das situações, é a responsável pela crítica, desabafo, grito e esperança.

Os quadrinhos com estilos variados misturam cores, cortes, falas, expressão facial e propostas. Enfim, uma tentativa sonhadora de representar um universo. Ora apenas uma forma cômica de pensar o mundo, ora uma maneira sutil de chamar a atenção do público para os problemas sociais e a reflexão crítica.

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Jornalista, pós-graduando em Linguagem, Cultura e Ensino pela Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná)