Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

No marketing, Ronaldo dá goleada

Que o jogador Ronaldo, o Fenômeno, fará falta ao Corinthians – pelo menos em termos financeiros – não restam dúvidas. Em sua estada de cerca de dois anos, a receita líquida do clube cresceu 62,2% e o volume embolsado com patrocínios e bilheteria subiu 19,1% de 2009 a 2010 (previsão). Mesmo aos mais incrédulos em relação a sua capacidade de gerir crises, o jogador ontem [quarta, 14/2] voltou a mostrar algum talento. Ele não apenas deixa o time ancorado numa rede de apoio de fiéis patrocinadores, como o faz sem se desgastar publicamente com imbróglios de rescisão de contrato com o time e com os anunciantes.


O jogador costurou um acordo final com o clube que o protegeu de eventuais desgastes e pode deixar tranquilas as empresas que estampavam a marca na sua camisa, principalmente a Hypermarcas e seu patrocínio de R$ 38 milhões ao ano. Explica-se: Ronaldo deveria ficar no Corinthians até dezembro de 2011, segundo acordo com o clube. Saiu antes, e conforme o Valor apurou, não pagará nenhuma multa, de acordo com exigência dele colocada em contrato. Articulado, amável e muito bem relacionado, Ronaldo tem noção do próprio tamanho sem parecer arrogante. E as marcas que precisam emprestar carisma adoram isso.


No processo de negociação com o clube, agiu de forma bem diferente do amigo Ronaldinho Gaúcho com o Flamengo, que assinou cláusulas que exigem presença em treinos e jogos e define multa milionária de R$ 400 milhões. São valores altos que, no cálculo feito pelos clubes para atletas locais, equivale a um ano de salários multiplicado por 100, conta o advogado Domingos Sávio Zainaghi.


Além disso, caso Ronaldo se torne ‘embaixador do Corinthians’, como o próprio comentou, manterá sua imagem atrelada às marcas anunciantes e ao time neste ano. Até porque, é bom que isso ocorra sem solavancos. O Corinthians não tem na manga nenhum atleta/celebridade prestes a ser contratado e há contratos com empresas que expiram em 2012. ‘Não há nenhuma medalhão em final de carreira querendo vir para o Brasil. O Corinthians é maior que o Ronaldo e vai ter que se recriar financeiramente dentro de um outro contexto’, diz Robert Alvarez, do núcleo de esportes da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).


Sempre parceiro


Com salário que superava R$ 400 mil ao mês mais 80% do valor dos contratos publicitários, o atleta deixa o time de olho na nova agência de marketing esportivo criada no ano passado em parceria com o grupo WPP, a 9ine (leia-se ‘Nine’). Ontem [14/2] mesmo, Ronaldo conversou rapidamente com Sergio Amado, publicitário que negociou com o atleta e a inglesa WPP, sobre a nova empresa. E ainda foi agraciado com homenagens de empresas parceiras. A Nike, que tem contrato com o atleta há 18 anos, publicou foto dele com a frase ‘Prasemprefenômeno’ no Twitter, depois de executivos da empresa passarem o sábado reunidos com a agência FNazca só para bolar a ideia.


‘Ronaldo nos ajudou a desenvolver produtos específicos e foi ele que trouxe para uma das linhas de chuteiras o atributo da leveza. Ele será um parceiro sempre’, diz Tiago Pinto, diretor de marketing da Nike do Brasil. E a AmBev estaria analisando se criará um filme na TV ou peça publicitária para apoiá-lo, apurou o Valor.