A BBC estará lançando seu serviço árabe nos próximos meses, com missão de desafiar o domínio da al-Jazira. A corporação já começou a selecionar a equipe para a operação que transmitirá 12 horas gratuitas por dia de programação para quem tem conexão via satélite ou a cabo.
Salah Negm, editor de notícias para a BBC árabe, disse que o novo canal pretende ‘ser rápido, de estilo e visual modernos, fortes em análises e com perspectivas internacionais amplas’.
Como os outros canais da BBC, este ‘não terá pressões ou afiliações comerciais, políticas ou religiosas’, observação que foi por muitos encarada como provocação à al-Jazira, que gera polêmicas por transmitir mensagens do grupo terrorista al-Qaeda.
Segundo Fergus Sheppard [The Scotsman, 16/8/06], a emissora, que terá 200 funcionários, terá Londres como sede mas usará as sucursais do Oriente Médio para editar e tramsmitir de 21 países diferentes.
Críticas
A BBC foi muito criticada no ano passado quando retirou do ar alguns serviços de rádio na Europa Oriental para subsidiar o lançamento de um novo canal de TV. Rumores sustentavam que a corporação britânica estaria de olho no sucesso do surgimento de emissoras como al-Jazira.
Charles Fletcher, chefe da empresa de consultoria Caledonia Media, sediada em Edimburgo e presente no Oriente Médio, prevê potenciais problemas para a BBC. A região ‘é território traiçoeiro, a não ser que se tenha conhecimento local sólido’, disse Fletcher. ‘Infelizmente a BBC não se favoreceu na recente cobertura da região. Eu, particularmente, tenho problemas com o novo canal porque montar a BBC árabe custou oito serviços da corporação, a maioria pela Europa.’
O mundo de mídia no Oriente Médio sofrerá outro abalo ainda este ano, com o lançamento da al-Jazira em inglês, al-Jazira International (AJI). A emissora árabe contratou nomes como Sir David Frost, que fez carreira na BBC, e Shiulie Ghosh, da ITN. Na semana passada, Lamis Andoni, porta-voz da al-Jazira, disse que a emissora aprova competição. ‘O serviço da BBC não vai afetar nossa cobertura’, afirmou. ‘Já estabelecemos nossa própria tradição jornalística e continuaremos fazendo o que sempre fizemos.’