Há tempos muitas pessoas se perguntam pra que servem as pesquisas eleitorais divulgadas pela imprensa. A reflexão ganhou ainda mais força após o resultado das eleições municipais (2012) em 26 capitais e demais cidades estratégicas no panorama político e econômico brasileiro.
O Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) trouxe informações equivocadas, perdeu o rumo e mais desinformou do que informou. O instituto teve a proeza de conseguir aproximar-se dos números reais em apenas oito das 26 capitais pesquisadas. Em quatro delas errou até a ordem dos candidatos. Além das capitais, outras cidades do interior também contaram com os serviços do Ibope. Como é o caso de Foz do Iguaçu (PR), fronteira com Argentina e Paraguai, onde o resultado foi bem diferente do apresentado pelo instituto na véspera da eleição.
Em pesquisa contratada pela RPC TV, Grupo Globo, divulgada no sábado (6/10), o candidato Chico Brasileiro (PCdoB) aparecia com 52%, contra 45% de Reni Pereira (PSB). Terminada a votação, o resultado foi o inverso. Reni foi escolhido por 53,56% dos eleitores; e Chico, derrotado, ficou com 44,75%.
Vai ficar por isso mesmo?
O Ibope argumentou que não há nada de errado na sua metodologia. Pelo contrário, ela é muito eficiente. Alegou ainda que as eleições municipais são muito dinâmicas, mudam muito rapidamente. E que os eleitores estiveram muito indecisos nestas eleições. Isto é, a culpa é dos eleitores, e não da imprecisão do instituto. Do outro lado, a população questiona por que o Ibope errou acima dos quatro pontos percentuais que compõem a margem matematicamente definida. E mais: a imprensa deu destaque aos números da pesquisa como uma verdade, resultado de uma consulta desenvolvida por um grande instituto, logo, confiável e segura.
O candidato eleito no domingo (7/10), o deputado estadual Reni Pereira, acionou a Justiça Federal solicitando investigação sobre o caso. Para ele, a pesquisa atrapalhou o processo eleitoral. Em entrevista à imprensa, Reni disparou: “Não sei se houve benefício financeiro ao Ibope ou qualquer outro tipo de benefício, mas que houve benefício, disto não tenho dúvida.”
O instituto admitiu os erros nas eleições municipais, e muitos acreditam que vai ficar por isso mesmo! E, certamente, em 2014, o Ibope estará de volta oferecendo os números quentinhos, em horário nobre da televisão brasileira.
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[Wemerson Augusto é jornalista, Foz do Iguaçu, PR]