O New York Times jogou uma verdadeira bomba no colo do principal candidato republicano à presidência dos EUA, na semana passada. John McCain foi acusado pelo jornalão nova-iorquino de ter mantido um caso amoroso com uma lobista, há oito anos. O pré-candidato foi rápido em negar a acusação, enquanto comentaristas conservadores saíram em defesa imediata do senador. A mulher citada pelo jornalão se chama Vicki Iseman e faz lobby para o setor de telecomunicações. Ainda que a atividade seja legal nos EUA, o Times acusa McCain de ter beneficiado Vicki.
Com isso, após muitas semanas de foco na – mais interessante – campanha democrata, a mídia americana passou a olhar para o lado republicano. A discussão girou, basicamente, em torno do momento de publicação da matéria do Times. Segundo o principal assessor do candidato, Mark Salter, o Times teria publicado a matéria agora porque sabia que a revista New Republic estava prestes a publicar uma reportagem sobre os problemas do jornal para conseguir soltar a história de McCain – e queria, deste modo, evitar embaraços. No artigo publicado posteriormente pela New Republic, a revista relata que a matéria do Times só saiu após três meses de intensos debates internos e muita frustração por parte dos repórteres envolvidos na apuração. Em dezembro, o sítio Drudge Report já havia mencionado as frustrações dos jornalistas e dito que McCain estaria pressionando o jornalão para que não publicasse a história.
História importante
Bill Keller, editor-executivo do Times, respondeu que a matéria da New Republic não teve nenhuma influência na decisão de publicar a matéria sobre o pré-candidato republicano ou no momento escolhido para a publicação. ‘Eu duvido que alguém envolvido [na discussão sobre publicar ou não a história] tenha falado que houve discordância. Como sempre ocorre em uma grande pauta, escrita por vários repórteres, houve muito debate pelo caminho – terminando com o forte consenso de que tínhamos uma história importante para contar’, completou.
A matéria do Times citava assessores não identificados de McCain dizendo que alguns de seus principais conselheiros temiam que o senador não tivesse noção do aparente conflito de interesses que o caso poderia causar, e teriam pedido que a lobista se distanciasse dele. ‘Pelo que parece, o jornal terá que brigar por sua matéria – e sua ética – no tribunal da opinião pública’, afirmou o professor de jornalismo Jay Rosen, da New York University. Fato é que a matéria, impulsionada pela instantaneidade da internet, gerou bastante polêmica: na tarde de quinta-feira (21/2), mais de dois mil comentários já tinham sido postados no sítio NYTimes.com. Informações de Seth Sutel [AP, 21/2/08].