A preocupação surgiu no comitê de qualidade criado após o escândalo Jayson Blair para recuperar a credibilidade do New York Times: os leitores confundem notícia com opinião. Em um relatório do comitê, foram apontados três problemas: o Times tinha muitos cabeçalhos – a maioria sem definição clara –, era inconsistente no uso da linguagem e inconsistente na apresentação dos textos. No início deste ano, o editor-executivo Bill Keller resolveu cuidar do problema: pediu que fosse criado outro comitê, este para bolar maneiras de sinalizar os diferentes tipos de artigos presentes nas páginas do jornal.
A tarefa, liderada pelo editor de design Tom Bodkin, finalmente entrou no papel. Na semana passada, o Times reestruturou a diagramação dos textos. Basicamente, notícias factuais mantêm o formato tradicional de linhas justificadas, e artigos que tenham análises, comentários ou opiniões do autor passam a ter o texto alinhado à esquerda. Pequenos cabeçalhos como “Papo de Washington”, “Carta de” e “Caderno Esportivo” – que, segundo o comitê de qualidade, confundiam mais do que explicavam – foram eliminados.
Mas será que os leitores vão reparar nos alinhamentos dos textos? Bodkin admite que as mudanças não são assim tão visíveis, mas defende que muito da diagramação tem como objetivo atingir o subconsciente do público. “Mesmo que as pessoas não notem, elas podem reconhecer as diferenças subconscientemente”, conclui. Informações de Tom Scocca e Michael Calderone [The New York Observer, 25/9/06].