Saturday, 30 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

O clube dos ‘malas’

Não poderia deixar de discutir este tema que para mim é bastante grave e que vem acontecendo no rádio cearense sem preocupação nenhuma dos que fazem a direção da emissora onde ocorre nem do público em geral, que demonstra total passividade ao que acontece no rádio, e a forma desrespeitosa com que os ouvintes são tratados. Na Rádio Cidade de Fortaleza, um repórter que apresenta um programa voltado para torcidas organizadas, criou o que ele chama de ‘clube dos malas’, onde ouvintes são citados e uma vinheta é colocada com a palavra ‘mala’ – este é mala. Ora, uma brincadeira sem aparente problema real acaba demonstrando a falta de respeito com que os ouvintes são tratados no rádio e a falta de conteúdo que grande parte deste programas de torcida organizada tem, pois não se procura a informação, e sim, muitas vezes, brincadeiras de mau gosto e impropérios ao torcedor adversário.

No dicionário popular, mala é pessoa inconveniente ou que atrapalha as coisas ou mesmo aquele que promove coisas sem honestidade. Não sei ao certo o que este nome significa, mas boa coisa não é. Claro que não somos defensores da moral e dos bons costumes, mas achamos que o rádio não foi feito para isso. A rádio em questão tem se notabilizado por realizar brincadeiras sem graça com os ouvintes e desrespeitar claramente aqueles que às vezes dão suas opiniões no rádio. Os bastidores do rádio são nebulosos: há muita sujeira debaixo do tapete e, às vezes, operadores e locutores ficam fora do ar ridicularizando os ouvintes, o que demonstra desrespeito e falta completa de atenção a quem faz o nome da rádio.

Nosso problema é inanição

A brincadeira do ‘clube dos malas’ pode ser aparentemente sem nenhum mal aparente, mas denota a falta de respeito e consideração que muitos locutores têm por aqueles que geralmente são a alma do rádio, pois sem ouvinte o que seria da programação? Apelar para a direção da emissora não adianta, pois os que a comandam só estão preocupados com o faturamento no final do mês e não estão nem aí para a questão do conteúdo e para a qualidade da programação. Nesse processo de arrendamento, o que preocupa os proprietários é o pagamento da mensalidade, deixando o locutor ou aparente profissional de rádio dizer o que quer e fazer o que quer de seus programas.

A brincadeira do ‘clube dos malas’ demonstra também falta de preparo de alguns locutores, pois este espaço poderia ser ocupado com notícias sobre futebol, com conscientização contra a violência nos estádios, com histórias do futebol e com curiosidades diversificadas sobre o tema, mas infelizmente é mais fácil destilar impropérios e fazer brincadeiras sem graça. O pior de tudo é que os que ouvem o programa adoram ser chamados de mala e até pedem para ser incluídos no tal clube. Pobre rádio cearense, nosso problema é inanição e o futuro será triste se continuar assim.

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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará