Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O (des) serviço da mídia

Ao invés de informar e deixar que o leitor tire suas próprias conclusões, a grande mídia veicula notícias tendenciosas. O jornal Folha de S.Paulo, em seu caderno ‘Poder’ de sábado (6/11), publica matéria sobre o investimento em saúde no Brasil, que não evoluiu nos últimos oito anos, a possível volta de CPMF, a opinião de Serra sobre Lula e uma outra referente à mudança da Lei Kandir no estado de São Paulo. As matérias ‘Lula e Dilma vão autar por nova CPMF’ e ‘Alckmin negocia mudança na Lei Kandir’ foram as que mais me chamaram a atenção pela forma como foram conduzidas pelo jornal.

Na primeira, o jornal relata que o governo pode aprovar a volta do imposto sobre as movimentações financeiras. A reportagem está em tom de crítica e enfatiza que o dinheiro a ser arrecadado será para investimentos na área da saúde.

Aliás, a matéria ‘Receita cresceu ‘2 CPMFs’, mas verba não foi para a saúde’ relata somente o tempo de governo Lula e se esquece de informar os investimentos no tempo de FHC.

A mídia, que tem como dever informar a sociedade, esqueceu de dizer que a CPMF foi aprovada e instaurada pelo governo tucano em 1997 e, vale lembrar, com a oposição dos petistas. Esses últimos, que ao chegarem no poder acreditam ser inviável o cancelamento porque a verba contribui (e muito) no balanço das contas e, de lado do PSDB o pedido era para que fosse decretado seu fim.

Em troca de benefícios próprios

A segunda reportagem cita que o governo de São Paulo, na mão dos tucanos, estuda uma forma de como não perder R$ 8 bilhões em arrecadação nos próximos anos por meio de alianças e alteração na Lei Kandir, na qual empresas têm isenção no pagamento do ICMS sobre serviços de telecomunicações e e consumo de energia. O jornal retrata a notícia como uma forma de que o estado seria prejudicado caso o governo não consiga a arrecadação. Sendo assim, a reforma seria necessária e as empresas teriam de arcar com os impostos.

Essa medida pode influenciar no bolso do consumidor uma vez que o empresariado para repassar o custo, ou parte dele, nos produtos comercializados. Não cabe neste artigo julgar a necessidade ou não da cobrança de impostos, sejam eles no âmbito nacional ou estadual, mas sim, de demonstrar como a mídia, que se diz imparcial, é tendenciosa em relação à forma de divulgar as notícias.

Fatos históricos foram esquecidos (ou omitidos) no momento de veicular a informação, o que tendencia o julgamento de leitor em relação aos fatos. A fiscalização dos governos deve ser realizada pelo povo para que a sociedade como um todo seja beneficiada com suas ações. Porém, também as pessoas fiscalizam os meios de comunicação, que em muitos casos tendem a defender uns e desfavorecer outros, em troca de benefícios próprios.

Obs.: os links disponibilizados nesse texto só podem ser acessados por assinantes da Folha de S.Paulo e do portal UOL

******

Jornalista, São Paulo, SP