Muitas publicações têm usado redes sociais para divulgar os conteúdos dos sites e também para ter um retorno rápido de seus leitores. A revista Atrevida não ficou para trás e atualiza frequentemente a página no Facebook com links para as matérias. No entanto, uma matéria intitulada de “Os makes que os garotos não curtem nas meninas” deu um ibope maior e diferente do esperado.
Para critérios de comparação, a matéria sobre as maquiagens que os homens não gostam foi postada no dia 18 de abril ao meio dia e no dia seguinte estava com quase 4.000 curtidas e beirando 2.000 comentários. Postada em seguida, às 14:10 do mesmo dia, “Aniversário de Nathan Syles” (cantor de uma banda pop), estava com a metade das curtidas (perto de 2.000) e só tinha 23 comentários! Uma outra matéria sobre beleza, publicada às 16:00 do dia 18, “5 passos que vão fazer a coloração durar mais nos seus fios”, beirava 2.000 curtidas e só tinha 30 comentários.
Dentre os comentários, muitas meninas elogiavam o posicionamento das outras e havia muitas respostas aos comentários (que não são computadas pelo Facebook como novos comentários) elogiando o que outras haviam dito. Dentre os comentários, alguns se dirigiam diretamente à revista, por exemplo: “Atrevida, faça uma revista para melhorar a vida das moças e não tranformá-las em bonequinho de macho, ninguém quer viver presa não, não precisamos ter aval de homem para ser feliz não, que vergonha!” Esse comentário tinha nada menos que 1821 curtidas no horário observado, cerca de 24 horas após ser publicado. Outro comentário, mais simples e direto, tinha mais curtidas do que as duas outras matérias daquele dia. Com 3141 curtidas, “Geração maravilhosa! machistas não passarão” pareceu representar mais as leitoras da Atrevida do que outras matérias inteiras. Com mais curtidas que a própria matéria, 5834 pessoas concordaram com a afirmação: “Ai, Atrevida! Se ferrou grandão, hein? Vem pra cá achando que nascemos para servir os homens… Hahahahaha…”
O legado que essa matéria polêmica deixa para as revistas destinadas ao público jovem e feminino é que as mulheres não estão mais interessadas em serem submissas. Esse público está mais empoderado e quer ser ouvido e representado. Não é dizendo o que homem gosta ou não que uma revista vai conquistar leitores. A revista Atrevida teve a chance de receber essa informação sem precisar fazer qualquer pesquisa de mercado ou esperar ter uma queda nas vendas ou assinaturas da publicação. Resta saber se a linha editorial vai ser repensada ou se ela vai continuar passando mensagens patriarcais e sendo ridicularizada nas redes sociais…
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Raissa Torres Vidal é estudante de Comunicação Social