Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O diploma e a defesa da humanidade

Vida longa aos jornalistas. Desejo a todos que se dedicam a levar ao público, da melhor forma possível, o bem precioso da informação: longevidade e persistência sempre. Jornalismo, como assinalou Cláudio Abramo, falecido em 1987, não é profissão, é carreira, e exige doses generosas de ceticismo e paixão. É atuar num papel social de indiscutível relevância para garantia do direito à liberdade de expressão de cada segmento da sociedade, função indispensável à prevenção do abuso de poder e imprescindível à manutenção da democracia.

O verdadeiro jornalista funciona como sistema nervoso periférico do ser coletivo: conduzindo e reconduzindo impulsos entre cada célula que compõe esse organismo social, defendendo os tecidos sociais contra o câncer do totalitarismo. No Dia do Jornalista (7/4), pedi a Deus que as mentes lúcidas desse nosso país despertem para a importância do aprimoramento, fortalecimento e valorização do profissional de jornalismo, defendendo a regulamentação da profissão e a manutenção da obrigatoriedade da formação de nível superior para exercício da função – por entender que o exercício do jornalismo, por excelência, prescinde de uma boa formação teórica, técnica, sólida o suficiente para surtir resultados inclusivos, acessíveis, edificantes, justos, éticos e respeitosos.

Da experiência acadêmica com professores, mestres e doutores, o profissional não só aprende técnicas específicas do ofício, mas, acima de tudo, é oportunidade de ampliar horizontes de possibilidades e conhecimento. A amplitude de visão é fundamental para a disseminação da informação precisa, isenta, capaz de contribuir para a formação do pensamento mais crítico, acrescentando ao público novos valores, revisando conceitos. Através do ensino superior, da pesquisa, do ensino e das atividades de extensão, o profissional adquire ferramentas sem as quais o jornalista não terá como defender os interesses coletivos contra as vontades individuais. Foi na Facom e pelas redações onde passei que aprendi que a vida, assim como a notícia, viceja entre barracos e vielas enlameadas, muito mais do que nos gabinetes oficiais ou em vernissage de lançamentos de medalhões, por exemplo. E mantenho tal consciência, em grande parte porque tive a oportunidade de estudar numa excelente unidade de ensino superior, a UFBA.

Defender a regulamentação desta profissão é estar, por fim, a defender a própria humanidade. Com o bom exercício do jornalismo, fruto de uma formação consistente, o conhecimento dissemina, flui, multiplica, e toda a sociedade cresce. Para tanto, a profissão do jornalista deve ser valorizada e respeitada, munida de oportunidade de educação continuada e de vacinas para garantir ao cidadão a informação correta, tratada como bem social e não como mercadoria ou moeda de barganha a serviço de interesses privados e até adversos aos interesses coletivos. O fim da exigência do diploma é a contramão dessa história.

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Sei que vocês normalmente observam o conteúdo das notícias da imprensa, em vez da forma, mas envio uma cópia do e-mail que enviei para o Estado de S.Paulo sobre as cores utilizadas no site deles. Segue-se cópia:

[Obs.: mensagem com cópia para o Observatório da Imprensa] Sou leitor do jornal de vocês através da Internet. Tenho uma sugestão: não dá para colocar letra preta em fundo branco? Pelo amor de Deus, gente! Letra cinza claro em fundo branco deve ter muita gente que não consegue ler. Eu sofro de astigmatismo e sofro muito para ler as notícias de vocês. Não há alguém responsável pela área de estilo web para observar este tipo de coisa? E eu quero dizer no sentido de não ter de alterar configurações dos navegadores. Sei que cada navegador tem recursos configuráveis para acessibilidade, mas por que eu teria de mudar somente para ler o Estado, se em outros sites este problema não acontece? Fica a sugestão para vocês… Outra coisa, é muito desagradável ler a notícia e ter um refresh da página no meio da leitura, para recarregar a página. Isto deveria ser melhor tratado. Atenciosamente. (Celso Kikuchi, administrador, Fortaleza, CE)

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‘Como era a reunião de pauta no Pasquim?’, perguntaram certa vez ao jornalista Luiz Carlos Maciel. ‘Reunião de Pauta?!?! No Pasquim?!?!’, foi a resposta.

A revelação foi feita durante palestra sobre Jornalismo Cultural no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, na quarta-feira, 8/4/09. ‘Cada um enviava suas matérias, o Tarso (de Castro, editor do Pasquim) juntava tudo e transformava aquilo num jornal. Pronto!’, completou Maciel.

Pronto? Como ‘pronto’? Não faltava algo àquele jornal? Uma falta que proporcionou o seu sucesso. Algo que sobra à grande imprensa de hoje… O que seria? Objetividade!

Não falo de objetividade na linguagem. Aquela que – de forma totalmente imparcial – se apega exclusivamente ao objeto de análise. Isso é mito do jornalismo. ‘Conversa fiada’, como definiu o próprio Maciel.

Não, caros leitores, o jornalista, por mais neutro que tente ser, nunca consegue se desprender por completo do sujeito que é. Portanto, todo o relato já é – por natureza – subjetivo. E como seria bom se milhões de leitores e telespectadores entendessem isso… Então, temos aí que a objetividade à qual o Pasquim se opunha com todas as suas forças e a qual vemos a grande imprensa de hoje totalmente rendida é uma objetividade de outro tipo. É uma objetividade que vem de escolhas, interesses e, como não poderia deixar de ser, objetivos.

Nada tem a ver com o objeto a ser apresentado, ou, em outras palavras, sua excelência: o fato. Esse, aliás, muitas vezes fica mesmo é relegado a décimo plano. Quem sabe ele aparecerá numa notinha de pé de página. Se der sorte.

E essa objetividade tem dono: sua santidade, o mercado. A ele, sim, o jornalismo deveria fazer oposição sempre… Mas, aquele para quem os donos de jornais rezam todas as noites, é capaz de tolher qualquer idealista numa reunião de pauta. (Ana Helena Tavares, estudante de jornalismo, Rio de Janeiro, RJ)

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A imprensa mundial parece estar atordoada em razão desta crise que ainda ameaça lançar todos numa violenta depressão econômica. Na esfera pública, os líderes sorriem, mas ficamos com a impressão de que as coisas seguem de mal a pior. Todos os compromissos firmados e medidas adotadas (inclusive as do G20) parecem transitórios ou insatisfatórios.

Enquanto o centro se mostra frágil diante de banqueiros que quebraram o mundo e recebem bônus em troca dos prejuízos que causaram à economia real e a esquerda se recusa a assumir riscos para forçar mudanças drásticas, a extrema direita se reorganiza sem ser incomodada pela mídia.

A única coisa que me ocorre neste momento é uma frase do musico Raul Seixas: ‘Parem o mundo que eu quero descer.’ (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado)

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Jornalista, Salvador, BA