Thursday, 07 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

O direito e seu uso

Em pleno ano eleitoral, um dos principais argumentos da grande mídia para tentar desmoralizar o governo federal – e, sobretudo, desestabilizar a campanha da candidata da situação à Presidência da República, Dilma Rousseff – é relativa a uma possível censura aos veículos de comunicação do país.

Há algum tempo são feitas queixas por parte da imprensa nacional referentes ao cerceamento do direito constitucional de liberdade de expressão. Tal acusação causa grande aversão social, principalmente pelo fato de remeter-nos aos tempos do autoritarismo regido pelos militares.

É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por parte da população às informações trazidas a público pela imprensa. Vale lembrar que tais informações devem, por regra, seguir preceitos éticos e critérios básicos para que sejam noticiados. Deve-se levar invariavelmente em consideração o interesse popular para tornar público algum acontecimento.

Sem ética ou respeito

Eis a problemática. Raramente a proeminência social é levada em consideração pela mídia tradicional. Apegada ao lucro, nossa imprensa tem perdido sua característica básica de prestação de serviço à sociedade e agido cada vez mais como empresas voltadas única e exclusivamente à obtenção de receita.

Não procuro, entretanto, questionar as comuns práticas publicitárias disfarçadas de jornalismo, encontradas com constância nas diversas plataformas midiáticas pelo Brasil, em especial nos veículos regionais. Trato aqui, dos métodos utilizados pelas empresas de comunicação na busca por audiência, ao utilizarem temas de grande apelo popular, porém sem conteúdo de relevância.

O sensacionalismo – usual em mídias de baixa qualidade –, que parecia inerente aos grandes centros, é, neste momento, habitualmente utilizado pelas mídias regionais. Na ausência de qualificação profissional e desconhecimento da deontologia jornalística, surgem linhas editoriais sem o mínimo de preceitos éticos e de respeito à comunidade.

Um objeto sem importância

São raras, para não dizer inexistentes, as manchetes que abordam temas positivos, como projetos sociais, por exemplo. Já a crescente violência é um prato cheio nas mãos desta grande parcela de ‘formadores de opinião’. A criminalidade é tema constante como chamada de impresso, online, rádio e TV. Trabalhos de cunho social, entretanto, não têm espaço de destaque na mídia contemporânea.

Desta forma, chego a crer que se houvesse a real possibilidade de cerceamento da imprensa brasileira no direito de informar, não perderíamos muito. Ao contrário, ao menos estaríamos livres de tanta notícia ruim.

Contudo, enquanto tal censura não passa de mera especulação política eleitoreira, seguimos, a cada dia, acompanhando o que o mundo tem de pior. Abrimos mão de passar a diante o pouco de solidariedade e bom senso que nos resta.

A liberdade de imprensa – tão reivindicada durante o regime militar – mais parece aquele objeto que, quando nas mãos de quem tanto o desejava, perde o valor e torna-se algo sem importância. Acaba logo por ser deixado de lado.

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Estudante de Jornalismo, Dourado, MS