Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O esperanto e a liberdade de imprensa

Nós, esperantistas, amamos a liberdade. Elas todas. A liberdade de imprensa, achamos que é uma das mais importantes. É fundamental para a democracia, para promoção da pluralidade de opiniões, para a correta informação dos leitores. Sim, para que os leitores sejam informados corretamente sobre os diversos temas que são veiculados regularmente na imprensa, os jornalistas precisam ter a liberdade de pesquisar, de perguntar a opinião de um especialista quando vai tratar de um assunto do qual tem apenas conhecimento superficial, liberdade de dizer ao chefe de sua editoria que ele não sabe nada sobre a pauta que lhe foi proposta e que não vai ter tempo de pesquisar, tendo a liberdade de recusar a tarefa de fazer porcamente uma matéria que será lida ou vista por uma multidão enorme de pessoas.

Sabemos, entretanto, que jornalistas não são seres humanos perfeitos e muitas vezes abrem mão da sua liberdade de fazer um bom trabalho jornalístico e metem os pés pelas mãos, veiculando opiniões superficiais sobre assuntos sobre os quais não sabem absolutamente nada e não tiveram tempo de pesquisar. Não é muito incomum também usarem a sua liberdade expressão para veicularem inverdades, para reproduzirem mitos recorrentes do senso-comum. Acabam com isso apagando um pouco o brilho democrático da liberdade que tanto defendemos; eles, os jornalistas, e nós, os esperantistas.

A guerra da informação

Entretanto, nós também somos imperfeitos, como os jornalistas. Eles são mal informados por nossa culpa, já que quando deveríamos estar há anos informando regularmente os jornalistas sobre as características, as conquistas, a história e o potencial desconhecido do esperanto, ficamos enfurnados em nossas associações, clubes e ligas de esperanto, numa marginalização imposta não por eles, mas por nós mesmos. Queremos que os jornalistas saibam de nós e de nossa língua, mas não saímos dos guetos que nós mesmos criamos.

Então, não temos o direito de classificá-los como ignorantes, quando eles falam ou escrevem inadvertidamente inverdades ou informações imprecisas sobre a língua internacional Esperanto. Não podemos taxá-los de incompetentes, quando reproduzem puerilidades em relação ao esperanto – como quando falam ou escrevem que o esperanto é língua morta, que não deu certo, que é língua artificial e não serve para a comunicação no dia-a-dia e um monte de muitas outras coisas inacreditáveis, que não resistem à mínima confrontação com a realidade.

Certamente, não podemos querer que a liberdade de imprensa seja tolhida por isso, porque estaríamos indo contra a essência da proposta inovadora do esperanto, que é a do respeito à enorme diversidade do mundo, de uma forma geral, e à defesa da democracia linguística, em particular. E democracia linguística tem tudo a ver com liberdade de imprensa. E principalmente, porque os incompetentes somos nós, até o presente momento, na guerra da informação.

Registro de ocorrências na imprensa

Mas, é em nome desta mesma liberdade de imprensa que julgamos que chegou a hora de dar um basta a tanto trabalho medíocre – dos dois lados – a tanta informação irresponsável dos jornalistas e inatividade dos esperantistas, a tanta superficialidade no trato de um fenômeno como a língua internacional Esperanto, por ambas as partes.

Vamos mudar isso, mas como não temos poder econômico, ainda; como não temos rede de televisão ao nosso dispor e como somos poucos, ainda, decidimos nos valer de todas as formas possíveis para fazer ouvir o nosso brado, para ajudar nossos amigos jornalistas.

No blog Esperanto na Mídia – uma parte desse grande esforço – nosso trabalho será o de registrar o máximo de ocorrências possíveis na imprensa em geral, inclusive a digital, relacionadas ao esperanto. Vamos registrar reportagens completas, opiniões de apresentadores de programas de entrevistas, telejornais, notas em colunas de jornais impressos e blogs, sempre citando as fontes e dando nome aos bois.

Um serviço de assessoria

Enfim, vamos registrar tudo o que estão falando e escrevendo sobre o esperanto e dar nossa opinião, de especialistas nesse assunto, sobre o que foi escrito ou dito. E talvez até iremos criar um índice para classificar os órgãos de imprensa de acordo com a qualidade e quantidade da informação veiculada sobre o esperanto e tudo o que estiver relacionado com ele.

E em nome da liberdade da imprensa, em defesa da liberdade que a imprensa tem para fazer um bom trabalho jornalístico, tendo o dever de informar corretamente o público sobre os assuntos que veicula, vamos corrigir o que precisar ser corrigido, vamos informar corretamente o que for desinformação. Os argumentos sérios, democraticamente veiculados contra o esperanto, vamos contestar com solidez e lógica, apresentando fatos e dados.

E, é claro, pessoas tão imperfeitas quanto esperantistas e jornalistas devem se unir, para informar melhor o público. Vamos fazer a nossa parte: criaremos um bom serviço de assessoria de imprensa, enviaremos mensagens aos autores de colunas e blogs com temas pertinentes, nos antecipando com informações úteis para a compreensão do esperanto, estaremos abertos a pedidos de informação e material, faremos palestras em faculdades de comunicação social, visitaremos redações de pequenos e grandes jornais e revistas, contataremos editores chefes de editorias. Acabamos de criar nosso perfil no Twitter – @esperanto_midia – e faremos muito mais. Esperamos ser bem recebidos, para o bem da boa informação.

Essa será nossa contribuição ao aperfeiçoamento da liberdade de imprensa e de expressão no Brasil.

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Corretor de imóveis e editor, Brasília, DF