Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O estranho comportamento da mídia diante de Sarney

Incrível como sumiu da mídia a manifestação de ontem à noite (1/7) pedindo a saída do presidente do Senado, José Sarney, realizada em frente ao Congresso. Estavam lá o SBT, a Record e o repórter do programa CQC, que, momentos antes, fora derrubado por um segurança do Senado ao tentar chegar a Sarney. Éramos 70 pessoas (contei), fora a imprensa e os policiais. Procurei hoje nos jornais e… nada! Coincidentemente, o PT recuou ontem à noite da posição de pedir o afastamento de Sarney, e pode ter começado uma operação ‘Fica Sarney’, com o apoio ou silêncio da nossa mídia dependente de favores governamentais. Acho que, nessa vacância, o meu humilde blog acabou dando um ‘furo’ de reportagem. No blog, publiquei a foto de um repórter do Estadão sentado no chão fazendo upload de fotos num laptop. Na página do jornal, só existe uma matéria falando que o ato ‘Fora Sarney’ do Rio teve 26 pessoas. Assim como a equipe do CQC foi ‘orientada’ a evitar fustigar Sarney, será que o Estadão também não quis mais saber do assunto, ou a matéria foi tirada de pauta por pouca significação?

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Se o mais arguto dos estrategistas resolvesse reunir esforços para o mais sórdido complô midiático contra a figura de Sarney, certamente não seria criativo e ardiloso o suficiente para igualar-se às fumegantes culatras do Senado. O fogo amigo é diário. Os tiros no pé, contínuos.

É bastante simbólico do péssimo momento da Casa o fato de seu Conselho de Ética estar inoperante há longos e tenebrosos 100 dias. Reflexo da improdutividade de uma estrutura tão inchada quanto ineficiente, que, portadora de uma tamanha e estrutural incompetência administrativa, não se mostra capaz sequer de povoar seu setor mais urgente e mais necessário.

Sarney, dias atrás, revelou que não foi eleito para limpar as lixeiras do Senado. Não há surpresa nenhuma nisso. No entanto, também não está lá para entupir caçambas e caçambas do mais nefasto e imoral entulho. O chorume que brota de tão nauseante montanha de dejetos tem contaminado a tudo e a todos, e mantido o Senado numa letargia jamais observada no Planalto Central.

Insisto: acima de tudo, é preciso ter estômago. (Heitor Diniz, jornalista, Belo Horizonte, MG)

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Desde a última segunda-feira (29/6), venho percebendo uma estranha mudança na cobertura que a Rede Globo de Televisão vem dedicando à crise no Senado Federal, em especial às denúncias contra o presidente daquela casa, senador José Sarney. Qualquer pessoa que tem o hábito de acompanhar os telejornais diariamente percebeu claramente que as últimas edições dos noticiários dessa emissora concederam um tratamento muito inferior ao necessário em relação a esta série de denúncias. Um exemplo claro disso é o do Jornal da Globo, que, na última quinta-feira, exibiu apenas uma acanhada matéria com menos de 60 segundos de duração sobre este assunto, que há dias vem ocupando de maneira total o noticário político. Ontem, absolutamente nada foi dito sobre a mais recente denúncia contra Sarney (a não declaração da mansão à justiça eleitoral). Um comportamento muito estranho por parte da Rede Globo, bem diferente do ritmo da cobertura feita por outros meios de comunicação, e até mesmo de outras emissoras. (Bruno Ribeiro, professor, Caxias, MA)

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Imagino que só vocês possam esclarecer a minha dúvida: por que toda a mídia vem noticiando que o senador Sarney ‘ameaça’ deixar a presidência do Senado? Ameaça?!?!?! Na situação em que se encontra, ele tem poder para ameaçar? (Odair Coutinho, engenheiro, S.B. do Campo, SP)

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Chega a ser imoral o que a Rede Globo vem fazendo nos últimos dias sobre a crise no Senado. Antes, era manchete todos os dias. Agora, praticamente não toca no assunto, que hoje todo o país discute. O Alexandre Garcia, comentarista político, nunca mais apareceu. Nem as manchetes sobre a crise são anunciadas quando o intervalo é chamado. Quando o assunto ainda e tocado, é de forma tímida e sempre dando a impressão de que a crise está quase superada e que Sarney se fortaleceu. Acho que a emissora, ao esconder os fatos, brinca com a inteligência e indignacão dos cidadãos brasileiros, que estão chocados com tanta falta de respeito ao estado de direito. (Carlos Cesar Jorge Saba e Silva, radialista e empresário, Caxias, MA)

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Hoje (2/7) pela manhã, ao ler um site de notícias, me surpreendi com a notícia de que um repórter do programa CQC, da Rede Bandeirantes, fora agredido no Congresso Federal. É inadmissível o que aconteceu. Concordo que o CQC não pode ser tratado como um programa de notícias regular, padronizado, mas, ao seu modo, é um dos que mais brilhantemente abordam o que deve ser tocado pela grande imprensa. Vejo que este momento é uma grande oportunidade para a Classe dos Jornalistas se unir na defesa de suas prerrogativas e mostrar ao país que, mesmo não regulamentada, é, dentre poucas, uma profissão de extrema e absoluta importância para a manutenção dos institutos democráticos. (Felipe Boaventura, advogado, Belo Horizonte, MG)

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Não acompanho muito o site, mas conheço a credibilidade incrível de vocês. Então, resolvi postar um comentário no mínimo interessante e gostaria muito da atenção e opinião dos responsáveis pelo site. Não sei se já comentaram sobre isso, mas como não acompanho, decidi comentar sobre o assunto. Em Ribeirão Preto, a emissora Clube é afiliada da Band na cidade e na região. Há, aroximadamente no horário do almoço, o Jornal da Clube. Certa vez, doente e incapaz de ir ao trabalho, acompanhei o programa do começo ao fim. Qual não foi minha surpresa quando anunciaram ‘E agora, notícias do mercado de automóveis…’. Logo depois da chamada, entra no ar um quadro desses de vendas de automóveis, com anúncio de carros de concessionárias X ou Y. Não, não era notícia, era propaganda, privada. Agora, até onde eu saiba, o compromisso do jornalismo e da imprensa é buscar, de todas as formas, a imparcialidade, ainda que hajam interesses que infrinjam a conduta por detrás dos bastidores. Agora, em relação a isso, qual a opinião de vocês? Já tiveram notícias disso? É normal ou um absurdo? Sou de Mogi das Cruzes e lá, onde a sintonia da Band é a da sede, em São Paulo, não há esse tipo de coisa. Gostaria da opinião de vocês. Um abraço e parabéns pelo trabalho! (José Carlos de Sousa Junior, executivo de contas, Ribeirão Preto, SP)

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Engenheiro Civil, Brasília, DF