Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O fim da independência

O grupo AOL (America Online), avaliado em 4 bilhões de dólares (JP Morgan, 2009), comprou o Huffington Post na segunda-feira (7/2) por 300 milhões de dólares em dinheiro, mais 15 milhões de dólares em ações, informou o portal Business Insider. O Huffington Post, o primeiro periódico lucrativo da web, foi fundado por Arianna Hufington e Kenneth Lerer, com um capital inicial de 4 milhões de dólares, em 2005. Em 2010, tornou-se o primeiro jornal online a dar lucro.


Arianna será editora-chefe da AOL, enquanto seu CEO no Post, Eric Hippeau foi despedido. Outros funcionários do portal estão sendo aproveitados na AOL, que pretende aprofundar seu perfil de provedora de conteúdo online. O Huffington Post esperava faturar algo como 65 milhões de dólares neste ano. Sua agora ex-proprietária acabou fechando negócio num valor quase cinco vezes maior do que as receitas que esperava obter em 2011.


Business Insider também informou que Tim Armstrong, CEO da America Online, é um dos maiores conservadores dos Estados Unidos. Muitos leitores estão preocupados com os rumos futuros do Huffington. Ninguém quer uma mudança no perfil progressista do site.


Pauta eclética


Será lamentável vê-lo perder a independência, depois de tantos prêmios e esperanças de num periódico independente e viável na web. Mas não há espaço para mudanças bruscas. O valor de mercado da AOL vem despencando desde a fusão com a Warner, em 2000, quando foi avaliada em 161 bilhões de dólares. A separação veio em 2009. Em 2005, depois de perder o apoio do Google, valia cerca de 5,7 bilhões de dólares.


Em 2004 a JP Morgan avaliou a companhia em 4 bilhões de dólares. As necessidades de reforço da empresa, e a popularidade atual do Huffington Post, com sua pauta eclética, não vão permitir mudanças significativas no periódico da web. Por enquanto.


Se antes dele parecia impossível para um jornal da web transformar-se em negócio lucrativo, agora todos os sinais indicam que vai ser difícil para veículos desse tipo sobreviverem independentes das grandes organizações de mídia.

******

Consultor de Urbanismo, professor e tradutor