Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O fim das cortinas de fumaça

Ao longo de dez meses imperou o silêncio, a omissão ou, então, a dissimulação. Cada fase do apagão aéreo foi acompanhada de diferentes cortinas de fumaça. Agora, uma semana depois da catástrofe, todos começaram a falar ao mesmo tempo e na direção contrária do que antes davam a entender.


A mídia aceitou aquela inação, aquele mutismo e a mistificação, mas agora cabe a ela organizar esta falação desenfreada para extrair conclusões e fazer necessárias cobranças.


Em apenas dois dias chegou-se a uma unanimidade que em outubro passado seria impensável. Todos, inclusive o presidente Lula, admitem que há, sim, uma crise aérea. Trata-se de um avanço extraordinário, já que nas diferentes fases do processo iniciado em 29 de setembro passado nenhuma autoridade, civil ou militar, ousou admitir que atrás das tragédias escondia-se uma enorme pane sistêmica em nosso transporte aéreo.


Providências cabíveis


Na quinta-feira (26/7), o brigadeiro Jorge Kersul Filho, mais uma vez, colocou o dedo na ferida ao declarar que o acidente com o Airbus da TAM foi ‘resultado da incompetência dos órgãos que administram o setor aéreo’.


Este atestado de incompetência firmado pela maior autoridade em prevenção de acidentes comprova que a imprensa, pelo menos neste episódio, não está sendo sensacionalista como pretendem alguns círculos mais radicais do PT. Ao contrário: graças à pressão da sociedade – horrorizada com o que viu, ouviu e leu – as autoridades foram obrigadas a reconhecer a gravidade da situação e, afinal, tomaram as providências cabíveis.


Providências que poderiam ter evitado a segunda tragédia e, certamente, deverão prevenir uma terceira.


 


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