Não me canso de assistir aos vídeos do deputado Ary Rigo desabafando com Eleandro Passaia. Sou leigo em edição de vídeo. Talvez por isso ainda não tenha percebido em qual momento Rigo é dublado. Já ouvi inúmeras versões para estas gravações, invariavelmente tendenciosas – contra ou a favor do atual governo –, mas nenhuma capaz de comprovar uma possível montagem. O que foi dito pelo deputado não pode ser excluído ou apagado. Tem de ser explicado.
O governador argumentou, de forma confusa, mas não se explicou. O legislador fez contas e mais contas que deixariam Pitágoras envergonhado. O Judiciário diz estar tomando suas providências. E nós, sul-mato-grossenses, continuamos à espera de uma explicação convincente.
Tão ruim quanto a crise política instalada no estado, a ausência de informações na mídia regional deixa explícita a gigantesca decadência do jornalismo. Alguns veículos retardaram até o último momento a veiculação dos fatos. Outros insistem em distorcê-los, na certeza de que a sociedade é manipulável. Os jornais impressos, tão questionados quanto à sua eficácia informativa, insistem no erro. Já iniciam os dias completamente velhos nas bancas. Noticiam atrasados e com uma defasagem absurda frente às outras mídias – propositalmente.
Boteco e YouTube
A TV, que tanto luta para não ser pautada por outras mídias, pode tranquilamente abandonar a programação diária e viver de boletins semanais, tamanha sua inapetência pela novidade. Principalmente se o news não for bom para seus clientes.
Dentre as demais mídias, também são raros os veículos – rádio ou online – que falam a verdade independente dos envolvidos. A instantaneidade comum a eles nem sempre acontece. O ‘outro lado’ só existe se estiver no poder – seja qual for. Já ouvi dono de mídia dizer: café quente para quem entra e café frio para quem sai.
Assim, teremos de esperar o resultado das eleições do próximo mês para saber o que está realmente acontecendo. Isso, se interessar a mídia. Caso contrário, teremos de continuar recorrendo ao bate-papo de boteco e aos vídeos do YouTube para saber o que se passa à nossa volta.
Se continuar desta forma, o símbolo do jornalismo deixará de ser a foca. Vai adaptar algo do direito e acrescentar outros aspectos. Não consigo visualizar ainda, mas sei que será cego, surdo e mudo.
******
Estudante de Jornalismo, Dourados, MS