A CNN atraiu 1.33 milhão de telespectadores para a entrevista de seu apresentador-estrela Anderson Cooper com a estrela humanitária Angelina Jolie, há duas semanas. Foi a primeira entrevista da embaixadora da Boa Vontade da ONU depois do nascimento de sua filha com o também astro hollywoodiano Brad Pitt.
Na pauta, um pouco sobre o bebê, muito sobre o trabalho humanitário da atriz. Após a exibição, muitas críticas de que o canal de notícias teria se vendido à onda sensacionalista de se apoiar em celebridades para conseguir audiência. Em resposta, o presidente da CNN americana, Jonathan Klein, lançou um desafio: achem uma emissora de notícias que teria virado as costas para Angelina Jolie.
Perfil invejado
Polêmicas jornalísticas de lado, é fato que a entrevista serviu de momento de vitória para Cooper. O âncora, que tem pinta e currículo de vencedor, tem amargado baixos índices de audiência no programa que leva seu nome.
Em artigo no New York Observer [3/7/06], Rebecca Dana lista as qualidades de Cooper: graduado em Yale, engajado em causas sociais, herdeiro da abastada família Vanderbilt, rosto de capa de revista, autor de best-seller com direito a topo da badalada lista do New York Times, o jornalista tem tudo para ser um sucesso.
Cooper substituiu, em 2005, o veterano Aaron Brown na CNN; representou o triunfo do moderno diante da queda do antiquado. A emissora apostou em seu talento e lhe deu duas horas por noite na TV.
Em baixa
Mas algo deu errado. Em média, apenas 630 mil telespectadores sintonizam no Anderson Cooper 360º a cada noite. Ele não perde apenas para os apresentadores rivais da conservadora Fox News ou para reality shows de sucesso como American Idol; perde também para os antigos índices de audiência de Aaron Brown. Em abril, Cooper tinha 20% a menos da audiência de Brown um ano antes. Mesmo a entrevista com Angelina Jolie não foi o estrondo esperado. Quando Larry King recebeu Elisabeth Taylor no início deste ano, por exemplo, o público foi de 1.8 milhão.
Por que as pessoas não sintonizam na CNN? Uma teoria, diz o artigo do Observer, é que a audiência dos canais noticiosos a cabo se interessa mais pelo tom agressivo do Fox News do que pelo tom suave da concorrente. Outra é que o programa de Cooper é inconsistente, com variações grandes demais de tom e assuntos. Outra teoria interessante – e estranhamente popular – é a de que, fisicamente, Cooper não é bom para a TV. Seu cabelo grisalho e brilhoso, pele muito clara e olhos bem azuis fazem dele só luz e nada de contraste. Realmente, um mistério. Com informações de David Bauder [AP, 27/6/06].