No caso da CPMF a imprensa está praticando o noticiarismo, o jornalismo de notícias, ainda não conseguiu cumprir a tarefa de fazer jornalismo analítico. Acompanha os fatos, reproduz as declarações, mas ainda não conseguiu examinar a situação com distanciamento e espírito didático.
Como a classe empresarial, por princípio, é contra impostos e tributos – e como as empresas jornalísticas são, antes de tudo, empresas – está ficando visível que no caso da prorrogação da CPMF a imprensa está mais propensa a comportar-se como um conjunto de empresas do que como um conjunto de veículos de esclarecimento.
Seria leviano acusar a mídia de fazer pirraça ao governo ou de estar tentando reagir às ameaças que tem sofrido nos últimos tempos. O mais certo é imaginar que as empresas jornalísticas estão sendo solidárias com as demais empresas e, sobretudo, com os contribuintes – seus leitores –, que evidentemente gostariam de livrar-se do imposto do cheque.
Mas a imprensa tem outros compromissos. O mínimo que se espera dela num debate desta magnitude é que esqueça seus interesses e atenda aos interesses do país.