Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O poder contra o Estado

Se a globalização vai progredindo casada com o rápido desenvolvimento tecnológico, a mídia também nos induz a um sentimento comum de perplexidade e temor.

Os nomes dos deuses não se pronunciam. Um grego, por exemplo, não diz: ‘Perséfone!’ E, ainda hoje, talvez mesmo destacando a imagem do Cristo, há os que usurpam os velhos panteões do Oriente e do Ocidente malgrado simples mortais. Eu me pergunto, ao avaliar o poder da imprensa, se aquele Olimpo cabe na polis como nas páginas das epopéias de antanho.

Há revistas cujo desempenho, no universo do jornalismo investigativo, é suspeito de hübrys, já que as reportagens não podem exercer, contra o povo – ou a favor dele! – qualquer quarto poder inconstitucional.

Mas sendo algo flexíveis, encontrando que a mídia é inocente, se parcial com a miséria e a exclusão, eis que o que ela já fez no Brasil não se compara ao que tem feito agora. A figura central é o repórter, que a sociedade em rede não é assalariada em seus furos e bombas informativos. E, se ele leva à redação uma notícia, não cabe aos patrões da empresa privada saber como administrá-la?

Nas entrelinhas

Suponhamos que, ao saber de um crime, a empresa o noticie, e não o leve às autoridades do Estado. Será a mesma coisa? Pois os seus jornalistas não trabalham para ela? Ou é para o Estado-nação que eles trabalham?

Fui pelo Conselho Nacional do Jornalismo como órgão de controle, não de censura, da imprensa. De certo modo, o que é o Observatório da Imprensa?. Ele denuncia um mal que já foi feito, para não ser repetido! No primeiro caso, o CNJ, avaliando as reportagens das revistas, que mandam e desmandam no Brasil, o evitaria!

Alberto Dines afirma com sabedoria que a mídia deve ‘formar e informar’. Já é tanto! Mas eu diria que não é o suficiente! Que a responsabilidade do jornalista, aí está a história que o demonstra, vai bem mais além: a informação deve ser compatível com a existência do Estado. Não cabe na polis uma cumplicidade da mídia com a anarquia de mercados.

Há conteúdos nas entrelinhas, mas o mais importante é formal.

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Médico, Rio de Janeiro