Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O poder mercantil do outro lado da vida

Mesmo depois de morto, Michael Jackson continua causando polêmica nos quatro cantos do mundo. Logo na primeira semana após a divulgação de seu falecimento, o Rei do Pop alcançou novamente o primeiro lugar nas vendas de CDs – o surpreendente número de 400.000 exemplares vendidos em um espaço tão curto de tempo. Transcorrido um mês deste funesto episódio, a contabilização das vendas não pára de crescer e seu ápice mais atualizado beirava as 9 milhões de cópias. Realmente, um recorde digno de sua notabilidade como artista.

Pelo jeito, as altíssimas doses de demerol influenciaram não apenas a saúde de Michael, mas também todos os simpatizantes de seu trabalho, especialmente as mídias nacional e internacional, chegando algumas emissoras de televisão a mudar parcialmente sua programação para exibir clipes durante a programação noturna e até um de seus filmes, com o intuito de atrair o maior número possível de adeptos, notadamente anunciantes que as sustentam com uma enxurrada de comerciais entre uma e outra atração.

Não restam dúvidas de que a morte de Michael Jackson foi mais um evento mercadológico do que propriamente a celebração de um adeus ao mega-astro, fato este que ficou delineado com a magnitude da cerimônia de sua despedida. A cobertura concedida pela imprensa ultrapassou os padrões geralmente aceitos. Para se ter uma idéia, determinados programas dedicaram-se integralmente às manchetes envolvendo aspectos da vida de Michael durante dois dias consecutivos.

O mundo é dos espertos

Entretanto, qual a moral embutida em toda essa história conturbada? A resposta é bem simples. Transportando o dito popular ‘onde há fumaça, há fogo’ para o contexto mercadológico, visualiza-se que ‘onde há uma deixa’, há espaço para se anunciar e alavancar a audiência aos níveis mais estratosféricos possíveis. Quando acontecimentos desta feita assumem um formato como esse, periódicos, jornais e programas televisivos batem recordes significativos de audiência, merecedores de integrarem os arquivos jornalísticos. Não por valorizarem a ocorrência em si, mas por agirem como oportunistas em busca da insaciável sede de vender a qualquer custo seu produto.

Assim sendo, basta alguém muito influente morrer para continuar sua ‘carreira’ de celebridade no mundo dos vivos e também no outro lado da vida. Realmente, esse mundo é dos espertos…

******

Administrador de empresas, João Pessoa, PB