Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O que vale notícia?

A matéria-prima do jornalismo é a notícia. Ao construirmos o lead, estrutura básica que informa o fato jornalístico noticiado e as principais circunstâncias em que ele ocorre, geralmente em destaque relativo, pretendemos prender o interesse do leitor e este é essencial para o sucesso da notícia.

Alguns critérios devem ser analisados. A notícia precisa ser recente e inédita e, neste caso, se encaixa no tipo dead line e não tem como ser publicada em fait divers. São os factuais que não se situam em campos de conhecimentos preestabelecidos, verdadeiros e objetivos, para que atinjam um público-alvo que represente uma importância, sendo de interesse público e/ou coletivo.

Por que a morte de 50 crianças num circo marca mais do que 50 mil mortes de crianças por fome em um ano? Além de um lead bem escrito, a atração do leitor para com a notícia está diretamente relacionada à obtenção e seleção do perfil dos personagens. Quanto à escolha, é necessário que sejam pessoas notáveis, que correspondam aos estereótipos sociais e às aspirações coletivas ou que venceram alguma barreira social.

Distantes da essência natural

A TV, o rádio e demais veículos de comunicação são empresas e estão à procura de vendas. A ética e a censura estão pautadas neste meio de acordo com os anseios dos espectadores. Atualmente, a audiência de certas programações obriga os canais a transmitirem o que antes era vetado pela política editorial do veículo. É discriminativo e boçal. É sem conteúdo e impróprio. Mas dá audiência? Continua no ar! O foco em proeminências é um exemplo dos novos rumos traçados pela imprensa na criação das notícias. Observe quanto vale a morte de uma celebridade e sua repercussão na mídia ou o espetáculo criado sobre as tragédias, transformando-as em reality shows.

O humor esdrúxulo como forma de entretenimento causa impacto e abalo moral na sociedade conservadora, porém há público e grande interesse coletivo, principalmente da parte dos jovens. Os programas humorísticos são os líderes em processos judiciais e as indenizações por danos morais são custeadas pelos próprios patrocinadores. Confunde-se este humor pandemônico, firmado em sátiras, críticas e ironias, com o humor sério e informativo, que ao longo do tempo foi se perdendo. Assim como acontece com os programas de cunho jornalístico, que por optarem por outras vertentes de programação estão cada vez mais distantes de sua essência natural.

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Estudante de Jornalismo, Uberaba, MG