O resgate da ex-candidata a presidente da Colômbia Ingrid Betancourt está nas manchetes dos jornais de quinta-feira (3/7). Segundo o noticiário, ela foi libertada em uma ação militar, juntamente com três cidadãos norte-americanos. As notícias liberadas pelo governo colombiano dão conta de que os quatro ex-prisioneiros estão em condições razoáveis de saúde.
Ingrid Betancourt, ex-senadora que disputava as eleições presidenciais em 2002, foi seqüestrada quando fazia campanha eleitoral no interior do país. Ela e os três agentes do governo americano eram parte do grupo de 44 prisioneiros cuja libertação era negociada com o que resta do comando das Farc.
O noticiário, alimentado basicamente por agências internacionais, não oferece detalhes da operação militar, mas há indícios de que ela foi planejada paralelamente a uma ação humanitária organizada pelo governo francês. Embora o governo colombiano afirme ter se tratado de um resgate militar, há indícios de que as Farc resolveram liberar os prisioneiros, mas o noticiário não é conclusivo. O material que os jornais publicam na quinta-feira estava disponível nas redações no final da tarde de quarta, o que permitiu caprichar nas edições, com gráficos e mapas.
Exercício de observação
Comparados aos jornais de maior prestígio internacional, os diários brasileiros não ficam atrás em termos de organização e conteúdo. A cobertura do caso mostra que sabem usar os recursos de edição como qualquer congênere dos países mais desenvolvidos.
O problema é justamente o oposto: desenhados a partir dos mesmos consultores, os jornais brasileiros acabam ficando muito parecidos. Os infográficos têm o mesmo estilo, os mapas e os textos modulares dão uma aparência comum a todos eles.
As manchetes de quinta-feira sobre a libertação de Ingrid Betancourt mostram que os jornais parecem cada vez menos capazes de surpreender o leitor. Assim fica difícil convencer alguém de que existe diversidade e competição real entre eles.
Se o leitor quiser fazer um exercício de observação, basta analisar os títulos das reportagens sobre a libertação da ex-senadora colombiana: eles dizem praticamente a mesma coisa.
Pelo menos na imprensa brasileira, o mundo ainda é plano.