As edições da Folha de S.Paulo e do Estado de S.Paulo de domingo (9/12), tinham perto de 300 páginas cada uma. Além dos cadernos de classificados, ofereciam cerca de 200 páginas distribuídas, no caso do Estadão em 12 cadernos, e no caso da Folha, em 10.
Para ler aqueles calhamaços inteiros seriam necessárias algumas horas, muitas horas, adeus domingo. Ninguém se habilitou ao sacrifício, mesmo porque os dois jornalões chegaram aos assinantes em São Paulo hermeticamente fechados em pesados envelopes, cortesia de uma poderosa rede de eletrodomésticos.
No lugar de facilitar a leitura, atrair os leitores e servir à sociedade, os jornais submetem-se à delirante criatividade dos publicitários e resignam-se a esta clandestinidade forçada. E diante da maciça publicidade, sobretudo imobiliária, a informação torna-se secundária, mero recurso para separar anúncios.
As cooperativas de catadores de papel para reciclagem agradecem a generosa oferta de papel, mas o jornalismo e o jornal como instituição são prejudicados. Mesmo as empresas saem perdendo porque com tantas páginas para encher, fica visível a queda da qualidade da informação.
Em janeiro, virá o troco: depois da farra natalina, os anunciantes terão que adotar dietas rigorosas e o leitor vai sentir a diferença.
Enquanto critica a nova TV Brasil, que só tem uma semana de vida, a mídia impressa entrega-se a uma insana orgia comercial mais perigosa do que a limitada audiência da rede pública de TV.
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