Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Onde estavam os jornalistas?

Na era da internet, dos mapas por satélite, da difusão de informação, de repente, não mais que de repente, somos surpreendidos com uma aparente escassez mundial de alimentos, especialmente o arroz.


Eu perguntaria onde estão os analistas econômicos, que lotam as páginas de jornais com as mesmas opiniões de sempre, os especialistas em agricultura (pobre dos cadernos agrícolas, quase extintos!), enfim, qual o papel do jornalismo, que parece ter sido o último a saber, e tomou conhecimento por parte da mídia internacional? Porque o consumidor brasileiro, este sabe desde o final de 2007 que o preço dos alimentos, entre eles o arroz não pára de subir. E a mídia não viu, não sabia e sequer imaginava? Jornalista não faz compra em supermercado?


Plantar arroz não é um segredo de Estado. Não são usinas nucleares iranianas. O ciclo do cultivo demora alguns meses. A área plantada e as condições climáticas são de conhecimento público. Então a presente crise se iniciou ano passado. E somos informados só agora? Ninguém tem acesso aos dados da internet e aos anuários estatísticos, largamente publicados? Que tipo de busca de informação é essa? Não serve nem ao consumidor, nem ao produtor e sequer ao especulador. Parece que o arroz é plantado pela manhã e colhido à tarde. Num dia pelos jornais somos informados da abundância exuberante do agronegócio, no dia seguinte da escassez mundial de alimentos e um quadro terrível de devastação pela fome.


A única informação que temos sobre arroz há muito tempo é sobre os arrozeiros da reserva Raposa/ Serra do Sol. Seria esse o motivo?


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Caro Dines e demais amigos do OI, esta é a primeira oportunidade em que escrevo para algum órgão de imprensa para me manifestar sobre o caso da criança Isabella. Faço isso com o único propósito enaltecer o trabalho de vocês, desejando que toda a equipe do OI não perca o foco e insista em iluminar o obscuro caminho que a quase totalidade dos veículos de jornalismo resolveram trilhar na cobertura do assassinato da pequenina. Estou perplexo em ouvir coisas como ‘a multidão fez do interrogatório um espetáculo’ ou ‘o povo mobilizou-se para assistir à reconstituição do crime’, como se a cobertura, que raia a total sandice, nenhuma implicação tivesse em tais constatações. Saudações e sucesso. (João Marcos Paiva, promotor de Justiça, São José dos Campos)


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O caso Isabella trouxe um subproduto a ser avaliado. A ficção na TV tem horário definido e os programas e trazem recomendações de idade. Ate aí, tudo bem. No entanto, os programas matinais e no final da tarde (quando as crianças passam horas na frente da TV) não têm qualquer critério. Ver o Juvenal Antena não pode. Ver repetidas cenas e comentários que envolvem pai e mãe num crime, pode. Tal fato certamente tem levado as crianças, que entendem o que vêem, a constrangimento e medo. Seriam esses programas jornalísticos? Deveriam estar sujeitos a horários específicos? Uma reflexão sobre o tema parece relevante. (Luiz Caldeira, consultor de empresas de comunicação, Rio de Janeiro, RJ)


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Minha intenção é informar a vocês – e espero que isto gere um texto no blog e quem sabe até sirva de debate no programa – de que aqui no Ceará, na última semana, tivemos nada menos de dois casos de grande violência contra crianças: uma criança foi violentada e morta por um primo de 17 anos e outra, uma menina de 4 anos (!!), foi violentada e morta por um homem com a ajuda de um adolescente de 17 anos, que a segurou enquanto o outro criminoso a estuprava (segundo a versão dele). Enquanto isto, a última notícia que tive é de que o homem, preso, também foi currado por outros presos. Assisto a vários jornais todos os dias e, fora os jornais locais, não li ou vi uma única linha sobre esses casos. Com certeza pelo fato de não estarem no eixo rico do país, e serem pobres. (Mayre Sabóia, publicitária, Fortaleza, CE)


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Enquanto todos os holofotes se voltam para o caso Isabella, a mídia se omite com relação a um acontecimento de relevância histórica: o fim do neoliberalismo. O professor Luiz Carlos Bresser-Pereira foi o único, no Brasil, que levantou o tema. Será que os grandes veículos de mídia temem alguma coisa? Cadê o PSDB e os Democratas? Só vejo silêncio. (Geraldo Souza, analista de sistemas, Brasília, DF)


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Impressiona a forma como uma instituição [o Supremo Tribunal Federal] vem utilizando uma linguagem de certa forma fascista ao colocar a questão mítica em sua propaganda. Como pode se utilizar desses meio absurdos e falar sobre o voto como se fosse um direito utilizando pessoas que lutaram pela democracia? Nós lutamos sim, pela democracia, mas nunca houve uma pergunta ao povo brasileiro se ele prefere votar de forma optativa ou obrigatória. Isto passaria por uma reforma no melhor dos sentidos para a nossa democracia, seria como aperfeiçoá-la. O voto obrigatório não pode ser tratado como um direito, esta semântica tem que ser alterada imediatamente. Parem de manipular e gastar dinheiro público com essas propagandas nefastas. Precisamos exercer, sim, mas de forma optativa, o direito do voto.


Tenho certeza que aqueles que são mencionados como heróis também iriam optar desta forma, pois o aperfeiçoamento da democracia passa pelo voto facultativo, qualquer pesquisa chegará a este resultado. O voto nulo e branco não podem ser criticados, pois quem vota dessa maneira tem esse direito, assim como o de conduzir os rumos deste país, pois somos nós que pagamos impostos e tributos. (Claudio Monteiro, músico, Niterói, RJ)


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Gostaria de responder à pergunta da urna do Observatório (‘A TV pública é necessária para melhorar a qualidade da televisão no país?’) mas entendo que ela foi mal formulada. A pergunta subentende que devamos conhecer o que é TV pública, qual seu objetivo manifesto, sua composição, seu controle externo e compromisso com a verdade, responsabilidade social, ‘ouvir o outro lado’, o que se entende sobre relevante conteúdo etc. Respondo com uma sugestão, por questão de prioridade. Formular a mesma pergunta para as televisões e rádios e outra qualquer forma de meio de comunicação ‘concedidas, autorizadas ou permitidas’ a particulares pelo poder público. Por que até o momento só se observou, nada se questionou, e nada se fez a respeito do artigo 220, parágrafo 3º da Constituição Federal, e do Capítulo V, que trata ‘Da Comunicação Social’, pela chamada Constituição Cidadã, que há quase vinte anos espera por regulamentação do Poder Legislativo para que esta mídia televisiva, de rádio e qualquer outra, cumpra com o artigo 221 da CF , que lhe confere objetivo e qualidade do conteúdo deste estratégico serviço público?


Entendo que se focarmos na prioridade teremos tudo o mais dentro dos mesmo moldes democráticos e constitucionais. (Fernando Claro Dias, Rio de Janeiro, RJ)


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Gostaria de ver o programa Observatório da Imprensa da TV debatendo sobre os diversos tipos de ministérios e como a população pode afetar diretamente as decisões dos ministros. Também debater como a população pode reivindicar leis, organizar referendos, criar partidos e, principalmente, como em cada cidade cada cidadão pode exercer o seu pleno poder cívico. (Fernando Dib Gonçalves, dentista, Araçatuba, SP)

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Professor, Campinas, SP