Numa época em que não havia veículos de comunicação em massa, quando a democracia era apenas um distante sonho iluminista, Napoleão, que fez a Europa toda curvar-se a seus pés, soube inclinar-se diante da opinião pública. É dele a seguinte colocação: ‘Para ser justo, não é suficiente fazer o bem, é igualmente necessário que os administrados estejam convencidos. A força fundamenta-se na opinião. Que é o governo? Nada, se não dispuser da opinião pública.’
Ao ‘se lixar’ para a opinião pública e menosprezar a imprensa, o deputado Sérgio Moraes fez o que Napoleão não ousou fazer: subestimou uma força que é a verdadeira razão da existência de seu cargo, o povo. Não fosse a atuação da imprensa e a indignação popular, expressada nas conversas, nos textos dos blogs, nas tuitadas, orkutadas e nos inúmeros e-mails repassados durante os últimos dias, será que seus pares no Congresso teriam se esforçado para afastá-lo do posto de relator no Conselho de Ética?
A rapidez e a facilidade com que as informações são apresentadas e a maneira como participamos desse processo, graças às novas tecnologias, nos tiram do papel de meros observadores da história. Se informação é poder, a cibercultura, preconizada por Pierre Lèvy e baseada na interconexão, nas comunidades virtuais e na inteligência coletiva, está nos conferindo uma preciosa arma. Aos nossos representantes resta aprender com as sábias palavras atemporais de Napoleão, acostumando-se ao olhar crítico de um ‘Big Brother’ coletivo, com o qual nem George Orwell sonhou.
Vejo tudo isso de uma forma muito otimista. Vejo que a própria propaganda política adquire novos contornos com a descentralização do poder da informação. E minha lei preferida – a lei da unanimidade e do contágio – ganha esferas sem precedentes, conferindo ao povo um papel de protagonista, como pudemos ver na campanha eleitoral de Obama.
Admirável mundo novo!
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Publicitária, consultora política e diretora de Relações Públicas da Abcop – Associação Brasileira de Consultores Políticos, São José dos Campos, SP