Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Os desabrigados e o oportunismo na internet

O que pode ser pior dentre os últimos acontecimentos em Santa Catarina:


As milhares de pessoas desalojadas / desabrigadas devido às conseqüências das chuvas?


Os saques do pouco que sobrou por terem de deixar suas casas?


Os oportunistas querendo se passar por solidários abrindo conta corrente para receber doações em dinheiro?


A Defesa Civil de Santa Catarina abriu conta em oito bancos para receber doações. Agora, há vários internautas e alguns meios de comunicação que abriram contas bancárias para receber dinheiro. Não vou informar aqui quais são as contas por razões óbvias, mas pelo site do Governo de Santa Catarina é possível encontrar o site da Defesa Civil desse estado e saber quais são as contas oficiais para recebimento das doações em dinheiro. Doação em dinheiro é muito boa pois facilita o direcionamento dos recursos, mas é muito fácil ser indevidamente apropriada.


Mesmo que o tal veículo de mídia diga que haverá auditoria em sua conta, no mínimo é um oportunismo sem tamanho juntar dinheiro e posar de ‘bonzinho’, aproveitando-se de um desastre e da boa fé das pessoas. Num momento desses ninguém deve se ‘sobressair’ como se fosse uma espécie de Salvador. Que cada um dê sua oferta sem tocar trombeta e que o jornalismo de verdade seja praticado, no mínimo, segundo o código de ética desse ramo de atividade.


Por vezes, a liberdade de imprensa ultrapassa em muito a libertinagem! Que sejam divulgadas as contas da Defesa Civil de Santa Catarina!


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Tenho mais de 60 anos e menos de 65 e descobri que a ANAC não aceita nos aeroportos brasileiros o Estatuto do Idoso e, conseqüentemente, tem inventado uma nova regra de que somente os maiores de 65 anos têm direito a atendimento preferencial. Escrevi três vezes ao presidente da República (via e-mail da Presidência), recebendo sempre uma resposta burocrática de que minha queixa tinha sido enviada à Secretaria de Direitos Humanos e ao Ministério da Defesa. Entretanto, ninguém se pronunciou até agora – embora já tenha se passado mais de três meses de minha queixa. A maior raiva é que o Estatuto seja violado e que funcionários públicos pagos com nossos impostos tenham a coragem de não responder porque, no fundo, sabem que nada acontece com eles e que os cidadãos são apenas espectadores de sua festa. (Luis Bahamondes, professor, Campinas, SP)


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No dia 26/11, foi publicado no blog Balaio de Kotscho um artigo com o nome ‘Golpe do atropelado: novo golpe nas ruas‘, mas o que o autor trata como uma verdade que foi recebida por e-mail pelo seu genro, considerando como de utilidade pública, é na realidade um hoax, um boato viral da internet. Eu e outras pessoas alertamos sobre isso nos comentários, mas como o autor não esclareceu nada em posts posteriores (o que é até compreensível, em virtude do que está passando) e como isso gerou um bocado de comentários sobre segurança, violência no Brasil e até algumas sugestões de como matar um engraxate, achei por bem informar a vocês e sugerir um artigo sobre hoax e como os profissionais da mídia podem acabar sendo enganados por eles, levando a escrever artigos como este. (Hugo Mota, dentista, Natal, RN)


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Tentei mandar o texto abaixo para o Jornal do Brasil, mas não consegui:


Caro editor de ‘vida, saúde e ciência’, venho por meio desta mensagem alertá-lo que, ao ler a manchete da notícia sobre serotonina, fui ler a matéria e achei uma incoerência, vide o trecho abaixo:




‘O coração do sistema é a serotonina produzida pelo intestino, cujo papel fora do cérebro é um mistério. Noventa e cinco por cento da serotonina do corpo é feita pelo intestino, mas a serotonina do intestino não pode entrar no cérebro porque é barrada por uma membrana, a chamada barreira hematoencefálica’.


O texto assinala um tipo de serotonina produzido no intestino, o qual é barrado à entrada no cérebro. Portanto, em função desta informação, chego à conclusão de que ele não tem ligação com a sensação de prazer (o cérebro é que proporciona isso…). A manchete, como foi feita, pode desestimular as pessoas a realizarem exercício físico. Li o artigo direto no New York Times e não vi nenhuma menção à questão da sensação de prazer, e a articulista faz questão de mencionar a distinção dos tipos de serotonina e suas funções. Acho que deve ser feita uma verificação por parte desta editoria, porque existe a possibilidade de ter sido dada uma informação errônea aos leitores deste ilustríssimo jornal. (Alexandre Loureiro, funcionário público, Rio de Janeiro, RJ)


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1) Que motivos levaram a Band a demitir Karyn Bravo? Contenção de gastos? Não pode ser. Um canal de televisão que gasta rios de dinheiro com a contratação de modelos e exonera jornalistas idôneos de seu staff repentinamente só pode estar menosprezando a inteligência dos telespectadores.


As demissões de José Nello Marques, Guilherme Arruda, Sílvio Luiz e Karyn Bravo me pegaram no contra-pé. Foram como um lubrificante de cristal líquido fazer o atrito entre duas placas metálicas cair a zero. Uma decepção – que faz parte da rotina dos profissionais que fainam na imprensa.


É difícil trabalhar quando todos são suspeitos e os que recebem ‘propina’ se protegem por trás do corporativismo. Corporativismo este que toma conta do Departamento de Jornalismo da Band. Muitos plumitivos precisam não apenas de autocontrole, mas também do acompanhamento crítico de outros jornalistas que conheçam seus afetos e desafetos para descontar velhas pinimbas e colocar no pelourinho seus inimigos jurados.


Quem já foi demitido de um veículo de comunicação precisa de muita força interior – ou de gente que mostre aos ouvintes, leitores e telespectadores o que realmente acontece nos bastidores da notícia – para que seu talento subsista à tentação da inaptidão alheia. Incompetência essa que se percebe no vídeo diariamente. E também na leitura dos jornais. Ou na simples escuta de notícias no rádio.


Que contenção de gastos é essa que a Band faz ao dispensar os prestimosos serviços de Guilherme Arruda, Sílvio Luiz, Karyn Bravo, José Nello Marques e contratar – a peso de ouro – Adriane Galisteu e Daniela Cicarelli?


Era notório que a tarimba de José Nello Marques, Karyn Bravo, Guilherme Arruda e Sílvio Luiz se sobrepunha ao talento dos seus colegas de ofício. Mas Fernando Mitre e Fernando Vieira de Mello não percebiam o óbvio: que o gabarito deles superava o gabarito dos que trabalhavam ao lado deles. Fazer o quê?


Quando souber onde Karyn (Bravo) irá trabalhar, me avise.


2) Nenhuma outra emissora de TV coloca os seus diretores de jornalismo para dar a cara para bater na telinha todos os dias. Só a Band faz isso. Por quê?


3) Se a audiência do Primeiro Jornal não chega a um por cento, o que a Band está esperando para reformulá-lo?


4) Que critério a Band usa para escalar uma jornalista como âncora do seu noticiário?


P.S: Formule essas questões ao Fernando Mitre e ao Fernando Vieira de Mello. (Renato Monteiro, Curitiba, PR)


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É com muita honra e satisfação que, após muitos anos de decepção com a mídia televisiva, pude numa noite especial saber da existência do programa Observatório da Imprensa. Peço desculpa pela gafe, mas meus motivos são concretos, pois a TV há muito tempo não fazia parte de meu dia-a-dia, por conta do meu senso de percepção de que mais de 90% (sendo muito otimista) do que se passa na mídia (especialmente a TV e a maioria dos tablóides) é parcial, onde são colocados em primeiro plano os interesses da mesma, filtrando o conteúdo que chega até nós cidadãos – e isso me preocupa porque percebo que é um pequeno sinal de manipulação de mentes.


Sinto-me muito satisfeito pois existem profissionais que estão também atentos a tudo o que foi supracitado por mim e, na noite de 25/11, pude ver que a imparcialidade existe. O programa OI abordou um assunto que me incomodava, sobre o tratado da igreja católica com o Estado brasileiro. Fatores históricos definem muito bem que igreja e Estado devem ser separados. Isso é muito mais saudável, pois grandes impérios e governos de todos os tempos tiveram gestões desastrosas por misturarem igreja e Estado. Não critico o tal tratado por ser cristão protestante, porque de igual modo me colocaria se fosse um tratado com a igreja evangélica, pois colocaria o livre arbítrio instituído pelo próprio Deus em xeque, sendo então rebeldia dar privilégios. (Axlen Chaves Figueira, profissional de segurança privada, Duque de Caxias, RJ)


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Observando que os meios de comunicação impresso, televisivo e da internet brasileiros dão pouquíssima ou nenhuma visualização ao movimento de software livre, inclusive de forma limitada até mesmo nos meios especializados, proponho a abordagem do por quê isto ocorre, sendo que se trata de um movimento e ferramentas de libertação com possibilidades concretas em várias áreas, como tecnológica, educativa, de inclusão social, de livre pensar e se desenvolver, científica, etc. Por quê a mídia (nesse conceito generalizado, mas que se entende de mídia) não fala de Linux (um grande expoente do software livre) ou PHP, ou das redes sociais abertas, ou do fato de os códigos fontes não proprietários serem essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade? Por quê a mídia só fala de software proprietário e seus derivados? Falemos e discutamos sobre software livre e suas patentes tendo em vista suas possibilidades e suas formas de inclusão. (Frederico Brandt, poeta, Teresina, PI)


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Eu sei que o assunto já não tem mais cobertura da mídia, porém recebi uma destas correntes de internet e verifiquei no TSE que a cidade de Bom Jesus do Itabapoana, no Rio de Janeiro, teve uma quantidade extremamente alta de votos nulos, cerca de 89%, e apenas um candidato recebeu a totalidade de votos válidos. Não, não se trata de mera figura de linguagem. No site consta que 100% dos votos válidos foi para um candidato. Digno de livro do Saramago, não? (Rodrigo Miranda, advogado, São Paulo, SP)


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Mais uma vez o Ministério das Comunicações mostra força contra as rádios comunitárias. Sou um dos diretores da Rádio Comunitária Alternativa FM, no Bairro do Engenho Maranguape, em Paulista / PE. Há cerca de quatro anos, nossa emissora vem sofrendo perseguição pelos coronéis da comunicação do país. A Carta Magna diz que o poder emana do povo, que decide o que quer. E no Art. 5º diz que o direito à comunicação é inviolável para os cidadãos e suas famílias. Em 2006, ficamos fechados por seis meses, e hoje funcionamos com a garantia de uma liminar da justiça federal de nosso estado. Os magistrados entenderam e decidiram que o fechamento da emissora Comunitária Alternativa traria danos irreparáveis para esta comunidade.


Na Rádio Comunitária Alternativa, as programações são baseadas e feitas com os moradores da comunidade, sem preconceitos, discriminação e sem dogma, mas com a participação popular, comprovada no começo desse ano pelo Diário de Pernambuco, jornal de circulação estadual. Agora, mais uma vez, recebemos um ofício do Ministério das Comunicações alegando que nossa documentação será arquivada, por não termos mandado as pessoas nos documentos de apoio de abaixo-assinados assinarem novamente. Como assim? (David Vicente da Silva, técnico, Paulista, PE)


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Gostaria de saber qual a razão do mais absoluto silêncio dos demais jornalistas em relação à mais-que-súbita saída do jornalista Sidney Rezende da rádio CBN. Como uma das suas ouvintes, fiquei absolutamente chocada com o comportamento da CBN e dos seus colegas. Parece que ele nunca existiu e, por extensão, também todos os seus ouvintes. O estrago é muito feio e gostaria de saber o tempo que levará para a CBN perceber tal fato, se é que o fará. (Eliza Pereira, professora, Rio de Janeiro, RJ)

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Tecnólogo mecânico, São Paulo, SP