O famoso ex-craque de futebol Diego Maradona encontra-se internado, desde 28 de março, na Clínica Güemes, na Argentina, provocando, rotineiramente, uma comoção internacional que o eleva à categoria dos chamados ‘Olimpianos’ da comunicação de massas.
O médico Héctor Pezzela, diretor do hospital em que ele está sendo tratado, devido a uma hepatite provocada pelo consumo de álcool, declarou que o jogador ‘pensa que é um deus’.
Edgard Morin, teórico francês das décadas de 60 e 70, em seu livro Cultura de Massas no Século XX, definiu como um fenômeno presente da comunicação industrializada o surgimento e culto aos mitos formados a partir da disseminação da mídia, que se constituem verdadeiros ‘deuses’ do Olimpo moderno.
No capítulo intitulado ‘Os Olimpianos’, o estudioso mostra que atores de cinema, expoentes das artes, astros dos esportes, políticos atuantes, a realeza e suas cortes, líderes religiosos e muitas outras personalidades são alçadas à condição de seres ‘superiores’, num processo alucinante que vende jornais, sustenta a publicidade, movimenta as marcas de produtos de toda a ordem, e os mantém como criaturas acima do bem e do mal, para efeitos consumistas.
Indústria da notícia
‘Acho que Maradona pensa que é um deus e esta pode ser a origem de alguns de seus males’, afirmou Pezzella à agência estatal de notícias Telam.
O caso do jogador, endeusado pela mídia e por seu povo – além dos milhões de apreciadores do futebol mundo afora – apenas é mais um entre um sem número de histórias semelhantes, nas quais o fator formador da opinião pública preenche o imaginário popular do consumidor de notícias.
Os cientistas da comunicação chamam de ‘fatos diversos’, ao definir que estas divulgações vão acrescendo sempre pitadas intrigantes da sua vida pessoal ao conteúdo da informação, como a alimentar o processo contínuo de projeção e identificação.
Estas pessoas, quase sempre, não conseguem ter o suporte necessário, no plano psicológico, para enfrentar o bombardeio dos paparazzi ou dos caçadores de notícias.
Lady Diana foi um exemplo claro do quanto os efeitos da perseguição da indústria da notícia pode ter acelerado o processo de destruição pessoal. Não é difícil listar nomes do Olimpo moderno sujeitos a essa avalancha que endeusa e ao mesmo tempo destrói. Elvis Presley também passou por isso.
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Jornalista, Rio de Janeiro, RJ