Karine Chagas de Oliveira, 14 anos; Rafael Pereira da Silva, 14 anos; Milena dos Santos Nascimento, 14 anos; Mariana Rocha de Souza, 12 anos; Larissa dos Santos Atanásio, 13 anos; Bianca Rocha Tavares, 13 anos; Luiza Paula de Silveira, 14 anos; Laryssa Silva Martins, 13 anos. A mídia contradisse seu cálculo exato, estatístico, quando identificou o nome e o tempo das doze crianças assassinadas em uma escola da zona oeste do Rio de Janeiro.
O bairro de de Realengo, local onde o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira voltou para disparar contra dezenas de estudantes suas armas, fez com que o 4° poder da sociedade – a imprensa – decidisse que a tragédia do Japão ou os confrontos entre árabes e israelenses perdessem categoria na hierarquização midiática. Todos os veículos informativos do país retomam, dia após dia, o acontecimento de 7 de abril. Não parece haver empecilho algum em entrevistar e expor as crianças sobreviventes ou os familiares que perderam as suas. O objetivo é informar? A cobertura insistentemente progressiva cumpre apenas o critério de anunciação – a promessa de novos detalhes sobre o caso – para que a fidelidade da audiência seja preservada.
Talvez isso nos faça pensar que a atenção dada às crianças ou aos criminosos do nosso país só parta de uma tragédia de repercussão internacional. Para que a de Realengo seja esquecida (não acho que deva), basta que a mídia selecione os fatos e hierarquize nossa atenção novamente, de acordo com os valores que elege como ideais. E as crianças voltam a ser número: 12 mortos.
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Estudante de Comunicação Social, Ouro Preto, MG