Tazio Secchiaroli (1925-1998) nasceu em Roma. Durante a Segunda Guerra foi trabalhar como office boy em Cinecittà. Depois da ocupação aliada trabalhou como fotógrafo ambulante registrando soldados americanos e turistas. No início dos anos 1950 chega à Agência Vedo onde, com Adolfo Porry Pastore, considerado o pai do fotojornalismo italiano, aprende todos os truques da profissão. Pouco depois monta a sua Agência Roma Press Foto, mas logo a abandona para tornar-se fotógrafo dos protagonistas do cinema mundial. Em 1964 começa a viajar o mundo junto com Sofia Loren, tornando-se seu fotógrafo pessoal. Em 1983 pára de trabalhar e assim seguiu até sua morte.
Todavia a parte mais importante de sua vida desenvolveu-se entre os anos 1958-61. Trabalhava em Cinecittà como foto-repórter – não de cena, mas o que os americanos chamam de special, aquele que registra os acontecimentos no set durante a rodagem do filme.
Nessa época, Federico Fellini estava preparando La dolce vita e interessou-se pelos trabalhos que Tazio havia feito pelas ruas de Roma, chegando a aproveitar alguns para seu filme. Assim ele começou a colaborar com o diretor, que lhe deu o apelido de Paparazzo, que era o de um colega seu de escola, conhecido por se meter na vida dos outros. Daí o termo paparazzo, por antonomásia, passou a designar os fotógrafos especializados em retratar celebridades – de preferência em situações embaraçosas.
Tornaram-se famosas as fotos de Jackeline Kennedy (Onassis), primeiro em top less numa praia grega, que foi publicada com grande sucesso na Playboy e, já viúva pela segunda vez, completamente nua tomando sol em sua casa, esta publicada na revista Hustler.
Depois, os alvos preferidos dos paparazzi foram as irmãs Caroline e Stephanie de Mônaco. Finalmente Lady Diana (ex-princesa) com seu namorado Dodi al-Fayad, que morreram tragicamente em um acidente de automóvel, por alguns atribuído às perseguições de fotógrafos.
Um cigarrinho
Esses fotógrafos invasores trabalham com equipamentos altamente sofisticados e de custos altíssimos – diversas máquinas, lentes de todos os tipos, teleobjetivas especiais, filmes infra-vermelhos etc. As fotos no mercado jornalístico também valem pequenas fortunas, dependendo da indiscrição. Foi notícia há pouco tempo, uma foto onde deveriam aparecer os artistas de cinema Brad Pitt, sua mulher Angelina Jolie e a filha recém-nascida, Shilou Nouvel. Uma revista se propunha a pagar 4 milhões de dólares pela imagem do bebê, mas a história é um pouco confusa.
Desde a Copa do Mundo da Alemanha apareceu um novo tipo de paparazzo, que os italianos chamam de fai-da-te – não conheço correspondente em português para essa expressão, a não ser o anglicismo self made. Valem-se como equipamento de um simples telefone celular fotográfico, que lhes permite “furos roubados” aos vips. Durante o campeonato mundial foram enviadas ao Bild, jornal alemão de maior tiragem, mais de mil fotos por dia, especialmente de jogadores, celebridades e políticos.
Pelo menos uma correu o mundo, e do Bild foi publicado em tablóides ingleses. Trata-se de um instantâneo do craque francês Zunédine Zidane, às vésperas do jogo contra Portugal, fumando tranqüilamente seu cigarrinho na janela do hotel. Não que isso lhe seja proibido, mas pegou mal: em 2002 ele participou de uma campanha antitabagismo cujo slogan era: “Se pode dizer não”.
Situações “roubadas”
É um mercado que pretende se estender, pois calcula-se que, em 2009, cada três celulares em quatro terão uma câmera com mais de um megapixel. Por bem pouco se pode ser um paparazzo: uma estrela do cinema que faz compras, um político com a amante, um pouco mais de celulite, um terremoto, um desastre e… clic!, sai uma foto feita com o celular .
Muitos jornais andam pedindo aos seus leitores contribuições com instantâneos não profissionais. O fato é que muitos fotógrafos não podem estar no local onde os fatos estão acontecendo. Por exemplo, o tsunami na Ásia, em 2004. Muitas fotos que chegaram foram feitas por aqueles que estavam diante das ondas.
Os jornais VG (Noruega) e Saarbrücker Zeitung (Alemanha) certamente foram os primeiros a entender a força das pessoas que “estão olhando” e acreditam que os eventos do futuro serão documentados por amadores. Enquanto as situações “roubadas” por profissionais custam muito dinheiro, os jornais pagam aos self-made (quando a foto é aproveitada) de 500 a mil euros.
O celular que modificou o comportamento da humanidade pelo ponto de vista comodidade, agora passa a servir para que os usuários arredondem seus salários.
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Jornalista