Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Os efeitos da convalescença

Após ter declarado que se submeteu à retirada de um tumor na parte inferior de uma das axilas, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, parece estar colhendo os frutos de seu ato frente à mídia. Doravante, toda e qualquer entrevista concedida envolvendo sua pessoa para a formulação de alguma opinião sobre um determinado assunto (tal como foi na coletiva dada acerca de como procederia a Petrobras com a exploração de petróleo na recém-descoberta camada do pré-sal) ganha prioridade em relação à questão na qual esteja havendo deliberações específicas.

Por óbvio, trata-se de um aspecto preventivo, com a mais clara e indubitável necessidade do ser humano (a ministra) estabelecer uma espécie de ‘manutenção da saúde’ sobre si, bem como alertar os demais interlocutores no que concerne a um problema extremamente suscetível a quaisquer tipos de pessoa, isto vislumbrado sob o ponto de vista humanístico. No entanto, se avaliado pelo lado político-eleitoral, deve-se perscrutar a forma pela qual foi concebida tal notícia, sobretudo quando poderia ser dada discrição ao caso que, por ser de pouca complexidade (referindo-se a um caso isolado, explique-se), nenhum brasileiro ou estrangeiro haveria de ficar sabendo; pelo contrário, promove-se a divulgação em massa em todos os meios de comunicação possíveis.

Alerta ao cidadão

Partindo do pressuposto estratégico, o problema enfrentado pela referida ministra encerra por transmitir uma idéia envolta em penumbras, caracterizando grande subjetividade acerca de suas reais pretensões, especialmente a sua presença dita ‘impactante’ por muitos analistas em um cenário às vésperas de mais um ano de certame eleitoral em todo território tupiniquim. Não se sabe bem ao certo se houve, necessariamente, a intenção de proporcionar algum incremento na potencial candidatura da comandante da Casa Civil. Sabe-se, contudo, que os mais ativos e sensacionalistas acolheram com louvores o relato da fragilidade de Dilma Rousseff.

Seja como for, a braço-direito do presidente Lula não deve passar em branco com uma atitude desse calibre. Caso se confirmem as ‘segundas intenções’ na ação populista da intocável Dilma, acertadamente se faz a exposição propugnada em linhas anteriores; caso contrário, que sirva de alerta ao cidadão mais esclarecido a se precaver intelectual e moralmente das mais obscuras artimanhas políticas vislumbradas no seio de associações escolhidas para representar a população, as quais continuam passando longe de conferir efetividade às suas atribuições estabelecidas na estrutura que se comprometerem defender.

******

Administrador de empresas, João Pessoa, PB