Sabe aquelas pessoas pessimistas que só te contam coisas ruins, que só te dão notícias ruins, que só te mostram coisas ruins, que só falam em desgraças, em tragédias, em terremotos, em brigas, em confusões, em desentendimentos, em mortes, em terrorismo, em assaltos, em acidentes, em violência (e que aumentam a história do ocorrido mesmo que o fato tenha sido de pequenas proporções), que vivem à cata dessas notícias ruins para te contar, com um prazer próprio do sadomasoquista (lembrei-me agora daquela piada da masoquista que implorava ao sádico para lhe bater. Dizia ela: ‘bata-me, bata-me’ e, o sádico, gozando com o prazer do sofrimento dela, lhe respondia: ‘Nãããooo!’)?
Pois, sim, essas pessoas existem e, existem, porque você as escuta, lhes dá ouvidos, lhes dá cabimento. Ouvindo-as, você está agindo como a masoquista da piada, e essas pessoas sabem que você gosta de ouvir e ver as desgraças que elas mostram; é por isso que elas existem, pois existem pessoas como você para ouvir o que elas contam.
O homem é bom (créditos para o poeta Soares Feitosa). Se você raciocinar e puser a cabeça para funcionar, vai constatar que as notícias que essas pessoas transmitem a você diariamente, 24 h por dia – às quais elas sempre dão um tom de tragédia e de dramaticidade, mesmo quando não mereçam – são ilhas, são casos isolados e, infelizmente, rotineiros e comuns, no dia-a-dia de qualquer comunidade, principalmente nas grandes cidades, nas grandes metrópoles.
Nem bala achada, nem perdida
Se você observar uma grande cidade como o Rio de Janeiro, por exemplo, que tem uma população aproximada de 9 milhões de habitantes, constatará, como eu constatei, andando a pé, de ônibus, de táxi etc., que não existe essa onda de violência que essas pessoas tanto disseminam diariamente, dentro da sua casa, no elevador, no escritório, nos restaurantes, nas lojas, nos bares etc. (elas estão em todo lugar), a qualquer hora do dia ou da noite. Andei no Rio de Janeiro, a pé, durante uma semana, e só vi gente bonita, simpática, saudável e alegre, desfilando no calçadão de Copacabana, por exemplo, gente indo e voltando, e nada de ruim aconteceu. Nenhuma bala achada, nenhuma bala perdida, nenhum tiquinho de violência.
O mesmo ocorreu em São Paulo. Andei a pé em todo o centro de São Paulo, na Paulista, na Augusta, na Martins Fontes, na Caio Prado, na Avanhandava, na Frei Caneca, na São Luís, nas Alamedas, na Bela Cintra, na Rebouças, na Consolação, na Ipiranga com a São João, na Rio Branco, na Praça da República, na Henrique Schaumann, em Moema, Cerqueira César, Jardins Paulista, Bela Vista, Higienópolis, Liberdade – e nada. Nada de bala encontrada, nem perdida. A única violência que vi em São Paulo foi um motorista irado, vociferar contra outro que, calmo estava e calmo se manteve, e o iroso, vendo que não ia ter sucesso em seu objetivo de partir para uma briga, foi-se. Escafedeu-se. Este aí com certeza, vai precisar seguir a orientação deste artigo para melhorar a sua vida, pra ser mais feliz.
Floripa, Curitiba, São Paulo, Rio, Brasília, Salvador, Recife, Natal, Mossoró, Fortaleza, Parnaíba, São Luís, Manaus são algumas das grandes cidades pelas quais andei no Brasil e não vi a tão propalada, a tão divulgada, a tão desejada violência e nem bala achada, nem encontrada e nem perdida.
Sexo e violência
Conclusão: a violência existe, não nego. Só que não é como querem que seja, no nível que querem que seja ou no volume que querem que seja. A violência existe desde que o mundo é mundo. No entanto, não como elas querem que seja. Para a população mundial que temos hoje, o índice de violência é mínimo. E essas pessoas às quais me refiro, torcem, vibram e desejam freneticamente que ele aumente. Como? Divulgando, contando, repassando, mostrando e torcendo. Existem formas peculiares de violência desconhecidas pelas pessoas, que elas cuidam de propagar, de mostrar, de ensinar como se faz. Elas parecem possuídas de um desejo mórbido de mostrar, de contar, de difundir e, principalmente, de ensinar como se faz, como se produz, como se arquiteta a violência e, com isso, conseguem ganhar novos adeptos e novos ouvintes.
Essas ‘pessoas’ às quais me refiro são a mídia. Principalmente a televisiva. A mídia se aglomera em grandes grupos econômicos para explorar o filão dos masoquistas, dos sádicos e dos adoradores da violência. Esse é o filão que elas desejam alcançar: o dos amantes da má notícia, da desgraça, da violência gratuita, da violência pela violência, da banalização da violência.
Cuide-se e faça como eu: só vejo os bons programas. Os maus? Lata do lixo neles, controle remoto neles. Não assista a programas de violência, a filmes de violência, a filmes e programas que exploram o sexo pelo sexo, que banalizam a violência e o sexo, os quais a mídia coloca dentro de sua casa sem a sua permissão, sem a sua autorização, profanando o seu lar e a educação de seus filhos, muitos deles ainda crianças de tenra idade que são surpreendidas enquanto assistem a um programa infantil no horário da manhã e, de repente, aparece uma chamada para um filme proibido para menores de 16 anos, o qual irá ao ar às 23 h., mostrando cenas de sexo e violência. Como é que pode?
Humor melhor, estresse menor
A mídia, com o seu poderio econômico e com o seu saco de maldades, multiplica um caso isolado de violência, passando a idéia à população de que aquilo está ocorrendo naquele momento, a todo instante e em todo lugar, ou seja, ela leva o medo e o desespero às famílias.
Por isso, meu amigo, se quer ser mais feliz, faça como eu: não assista aos maus programas na televisão, não assista a programas de violência na televisão e, principalmente, não assista aos programas de terror (noticiários), da televisão.
Faça isso e você vai sentir em pouco tempo como seu humor vai melhorar, seu estresse vai diminuir e sua família vai ser mais unida e feliz.
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Bacharel em Direito (UFC), Fortaleza, CE