Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Partido de Lula quer mudar
sistema de concessões de TVs


Leia abaixo a seleção desta quarta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 26 de setembro de 2007


CONCESSÕES EM DEBATE
Vera Rosa


PT quer mudar modelo de concessões de TV


‘A cúpula do PT cobrará do governo a mudança do modelo de concessões de rádio e TV, com o argumento de que o sistema precisa ser ‘mais democrático’. Em reunião da Executiva Nacional, a primeira após o retorno de seus dirigentes de viagem à China, o PT decidiu ontem insistir na agenda batizada pela oposição de ‘chavista’: pedirá ao Ministério das Comunicações que reveja critérios de concessão para torná-los mais transparentes e menos políticos.


A volta ao tema não é aleatória. Há manifestações previstas para o dia 5 de outubro por várias entidades, que questionarão concentração de poder do atual modelo e até o conteúdo das programações. Nesse dia também vencem licenças de cinco afiliadas da Globo, Bandeirantes, Gazeta e Cultura.


‘Achamos a lei das concessões extremamente liberal. Aliás, ela não é cumprida porque a maioria das emissoras é controlada por políticos’, afirmou o secretário de Comunicação do PT, Gleber Naime. ‘O problema é que esse sistema está concentrado nas mãos de poucos.’ Apesar das cobranças, os petistas dizem não ver semelhança com a atitude do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que em maio cassou a concessão da RCTV. ‘Esse governo não tem coragem de fazer isso, nem pensa numa coisa dessas’, comentou o deputado Jilmar Tatto (PT-SP). Para ele, a oposição vê ‘fantasmas’ onde não existem. Lembrou, ainda, que agências reguladoras têm contratos públicos.


Questionado se a atitude de apoiar manifestações contra a renovação automática das outorgas de TVs não prejudicaria o Planalto, Tatto respondeu com um sorriso. ‘Que nada! O nosso governo é cristão: apanha, apanha, apanha e dá a outra face.’


Na tentativa de mexer nesse vespeiro, o PT também decidiu encaminhar pedido de audiência a Hélio Costa (Comunicações), Franklin Martins (Comunicação Social) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral). ‘Queremos debater a política de concessões dos canais de TV, o modelo de TV pública e marcar conferência nacional de comunicações’, adiantou Naime.


Essa não é a primeira vez que petistas e o próprio Lula entram em conflito com setores da imprensa. No início do primeiro mandato, por exemplo, o presidente se desgastou ao propor criação do Conselho Federal de Jornalismo, que fiscalizaria o exercício da profissão. A proposta acabou enterrada.


A Executiva reiterou apoio à abertura de CPI na Câmara sobre a compra da TVA pela Telefônica – suspeita levantada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra a Veja, que fez denúncias contra ele. A revista é do Grupo Abril, que vendeu a TVA.’


INTERNET
O Estado de S. Paulo


A hora e a vez da dramaturgia do tubo


‘A música cede vez à dramaturgia indie. No ano passado foi a vez do vídeo Tapa na Pantera, que tornou a veterana atriz Maria Alice Vergueiro uma heroína das esquadrilhas da fumaça de todo o País. Agora, outra veterana atriz, Chris Nicolotti, dá o tom do escracho com o seu número musical Vai Tomar no…


Coisas que se alastram na internet mais rápido do que fogo em mato seco ganharam uma categoria de peso no VMB. São os Web Hits. O vídeo da interpretação minimalista de Chris Nicolotti concorre com Suplicy canta Racionais (o senador quase racha de rir o Congresso Nacional, e nem era a votação do Renan ainda); o Funk da Menina Pastora; o multianalfabeto As Árveres Somos Nozes; e o hilariante Confissões de Um Emo.


É possível dizer que já há uma grande injustiça nessas indicações: faltou o nome da atriz Graziella Moretto, que está fazendo um sucesso tremendo com seus personagens do teatro, especialmente a heterodoxa personal trainer Solange Alazão e a cozinheira Palmitinha.


Mas, apesar da emergência da dramaturgia do tubo (tem-se ainda a categoria Clipes Que Você Fez), a música prevalece nas premiações. A MTV, além de manter um nicho para as revelações já reveladas (ou seja: os artistas que já têm certo sucesso comercial), também arrisca numa categoria menos carimbada. Trata-se de Aposta MTV, que este ano tem na disputa as bandas Cueio Limão, Pública, Strike, Vanguart e os paraibanos do Zefirina Bomba.


Os mato-grossenses do Vanguart, cuja música tem inspiração em grupos do art-country americano, como o Wilco, já conseguiram grande projeção no último ano. Os Mutantes, que acabam de se dissolver, têm a chance de ganhar o troféu de melhor show, já que sua performance acabou virando unanimidade crítica.’


TELEVISÃO
Leila Reis


‘No Brasil, todos têm duas caras’


‘Na segunda-feira, Olavo Novaes some do vídeo para dar lugar a Adalberto Rangel (Dalton Vigh), um vilão tão empenhado que faz cirurgia plástica para enganar novamente sua vítima. Ele é o protagonista de Duas Caras, de Aguinaldo Silva, que entra no ar com a missão de recuperar a audiência do horário. ‘A meta é trazer a novela para o trilho de 45 pontos de ibope’, diz o autor de sua casa em Lisboa, onde finalizou a primeira leva de capítulos. Nesta entrevista, Aguinaldo fala de suas alegrias e frustrações, lembra que é um dos autores de Vale Tudo, creditada unicamente a Gilberto Braga pela ‘mídia’, e que sua novela é uma crítica ao brasileiro médio que acha que ‘ter ética é ser otário’.


Quem tem duas caras no Brasil?


Quase todo mundo, é impressionante. O que faz com que a pessoa tenha uma só cara é a noção que ela tem de moral e ética. O brasileiro médio perdeu isso, tem uma moral flexível e criou o mito de que ter ética é ser otário, é defeito. Tirar vantagem tornou-se uma obsessão.


Você não está sendo muito duro para o com o brasileiro?


Estou sendo justo, basta ler o que vocês escrevem no jornal para concordar comigo.


Qual é a principal diferença entre Duas Caras e Paraíso Tropical?


Paraíso Tropical é uma ficção desvairada que pode acontecer em qualquer lugar do mundo. Duas Caras é quase uma reportagem sobre o momento difícil e complicado que vive o Brasil. Assim como Senhora do Destino, traz uma abordagem para cima, a despeito do pessimismo do autor. Em que as pessoas se reinventam para o bem. É meu estilo de fazer novela, produto da minha ideologia. Espero que antes de morrer minha visão deste país tenha mudado.


Por que você resolveu escrever a novela em Lisboa?


Não resolvi escrever aqui, até poderia, mas aí teria de ver os capítulos no computador, que não é a mesma coisa. Como a novela estréia no dia 1º de outubro, vim resolver alguns problemas domésticos.


Quantas casas você tem?


Tenho a de Lisboa (ao lado da muralha do Castelo de São Jorge), um apartamento em Paris, no Rio de Janeiro tenho uma na Barra da Tijuca, outra no Castelo e outra em Itaipava.


Qual é a diferença entre a TV brasileira e a portuguesa?


Sou suspeito para falar porque trabalho na TV, mas a brasileira é a melhor do mundo, talvez perca para a TV paga americana. Em Portugal, os principais programas são de debates políticos, as novelas são bem vistas, mas perdem para o futebol e para o noticiário.


Como são as novelas portuguesas?


Estão cada vez melhores. Está no ar Vingança, que eu poderia comparar com as novelas brasileiras dos anos 80. O problema é que elas não parecem novelas portuguesas, poderiam ser ambientadas em qualquer lugar do mundo. Aqui é diferente, posso citar Roque Santeiro, Tieta, Rei do Gado e outras. Gosto de fazer novelas muito brasileiras para que o público se reconheça.


Mesmo quando você inventa sotaque que não existe?


Mesmo assim (risos), mas não sou eu que invento os sotaques, são os atores!


Há muitas reclamações sobre a aceleração no processo de fazer novela. O que mais mudou de Roque Santeiro para cá?


Acentuou a instabilidade do telespectador, ele passou a ser menos fiel e para prender sua atenção temos que tornar as histórias cada vez mais eletrizantes. Assim o autor tem de inventar mais histórias do que gostaria, desdobrar acontecimentos em novos acontecimentos, coisa que só um autor de novela sabe fazer. Quando fiz Roque Santeiro escrevi uma cena de discussão entre Sinhozinho Malta e Porcina de seis páginas. Hoje, uma cena não pode ter mais de duas páginas, assim mesmo corto para o corredor onde uma pessoa ouve a conversa. O telespectador não quer muita conversa, ele quer ação. É complicado porque há limites de produção: não é possível gravar uma perseguição de carro a cada capítulo.


Como você faz?


Eu não economizo histórias. A principal é contada até o capítulo 40, daí desenvolvo as tramas paralelas ao longo da novela.


Senhora do Destino foi um grande sucesso. Pesa começar uma novela com as expectativas altas?


Pelo contrário, como foi o recordista da década com 50,5 pontos de média no Ibope, mesmo que eu atingir uma audiência muito alta, continuo sendo recordista.


Qual é sua meta?


A audiência andou muito baixa nas duas últimas novelas, meu objetivo é trazê-la ao trilho de 45 pontos de média. A emissora não pressiona, a grande pressão vem da mídia.


Qual trabalho mais te frustrou?


Suave Veneno não deu certo, havia um problema de concepção, de tom que nós (era dirigida por Ricardo Waddington e por Daniel Filho) não conseguimos resolver. Meus colegas autores odeiam quando eu digo que novela é trabalho de equipe, mas o sucesso depende de todo mundo: texto, direção, atores e do público. Sempre é um salto no escuro. Houve época em que o público queria o Ratinho e não a novela das 8.


Qual a que recompensou?


Roque Santeiro, Vale Tudo…


Vale Tudo não é do Gilberto Braga?


Somos três autores: Gilberto, Leonor Basséres (que já morreu) e eu. A autoria é comprovada no pagamento dos direitos internacionais da novela: eu recebo um terço. Gilberto é um grande autor e a tendência da mídia foi dar crédito somente a ele.


Dias Gomes não retomou Roque Santeiro quando ela explodiu?


Apesar desse final infeliz, Roque Santeiro me deu muita alegria, foi por causa dela que me tornei autor, ela que fez tomar essa decisão.


Como é o telespectador brasileiro?


É o que mais entende de novela no mundo, mais do que nós autores. A relação dele com a novela é muito antiga, vem desde os anos 60 com a Tupi, Excelsior. Por isso, é impossível enganá-lo, pois ele sabe para onde vai seguir cada trama. Ele gosta também de ser surpreendido, de saber mais coisas do que os personagens. Em Duas Caras, a personagem de Flávia Alessandra é uma mulher casada, mãe, honestíssima, mas lá pelo capítulo 10, o público descobre que ela é na verdade uma mulher de vida fácil. A tendência será ele começar a torcer para que ela seja desmascarada. Ah, o público adora personagens batalhadoras, por isso acho que a de Marjorie Estiano, que cresce como uma princesinha e perde tudo, vai agradar. A Bebel, de Paraíso Tropical, agrada não porque é prostituta e faz coisas reprováveis, mas porque é batalhadora. Isso mostra como a moral do público está flexível.


Que Brasil você quer representar na TV?


Gostaria de representar o Brasil das pessoas que não jogam conversa fora, que levantam cedo, trabalham, lutam. Mostrar que o Brasil que sempre quer estar por cima é muito cruel para com os batalhadores.’



Jotabê Medeiros


E o cãozinho vai para…


‘Uma ninfeta sedutora de 13 anos ou uma velha cortesã já superada pelas novas musas virtuais? A festa dos prêmios da MTV, o Video Music Brasil, chega à 13ª edição procurando manter sua pretensão de ser uma espécie de espelho da juventude de classe média brasileira, ao mesmo tempo em que busca fórmulas para renovar o interesse na sua programação.


O interesse num canal de videoclipes murchou – há uma noção quase de simultaneidade na grande janela da internet, os clipes chegam antes à rede, ao YouTube, ao MySpace, com uma oferta mais livre e democrática. Ainda assim, a MTV continua sendo reconhecida pelo grande mercado como a única emissora que mantém um canal de comunicação eficiente com o jovem. Uma prova disso é o investimento na festa. Os patrocinadores pulam maciçamente no barco – em maio, segundo os organizadores, já tinham sido vendidas todas as cotas de patrocínio para o evento, que somam cerca de R$ 30 milhões.


‘Modelos acéfalas + VJs acéfalos + programação acéfala = Empty TV! I want music back’, repete, como um mantra sarcástico, nos blogs da MTV, um certo Lokão, um dos muitos garotos que chamam a emissora de Empty TV (‘TV Vazia’, em inglês).


A MTV, entretanto, diz que não está alheia às mudanças que a sociedade da hiperinformação vai experimentando. ‘Mudou o cenário e tem de mudar a MTV também, senão fica para trás. Hoje, além de você poder assistir a um clipe antes da MTV exibi-lo, você vai assistir quantas vezes quiser, na hora que quiser. E a criação musical está de amarras soltas. Muitos já podem fazer e distribuir o próprio clipe, as próprias músicas, as próprias brincadeiras’, diz Zico Góes, diretor de programação da emissora. ‘A MTV está atenta a isso. O tema do VMB este ano, por exemplo, é Música Por Todos os Lados. A MTV e o VMB têm a obrigação de se atualizar e rever seus papéis. Não somos os arautos das novidades como no passado. Somos os agregadores de conteúdo, o filtro da pulverização que domina o mundo do jovem. Ele tem acesso a tudo, ele pode fazer tudo. Mas ele ainda precisa de alguém que lhe dê a mão, que lhe mostre o melhor caminho, que compile as melhores listas’, diz Góes.


A premiação será transmitida amanhã, às 22 horas, direto do Credicard Hall. O troféu é um cachorrinho, desenvolvido pela própria MTV. A hostess da noitada será Daniella Cicarelli, que apresentou o VMB 2006 ao lado de Marcos Mion e Cazé. Curioso: na ocasião, vivia-se um fenômeno de retroalimentação entre internet e MTV, já que Cicarelli estava em plena polêmica da divulgação de um vídeo erótico entre ela e o ex-namorado, Tato Malzoni, numa praia da Espanha.’


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Pitty agora encara Cachorro Grande


‘Caminhamos para 4 anos de hegemonia baiana no VMB – sem considerarmos as inúmeras participações ‘quase surpresa’ de Caetano Veloso. E a baiana Pitty continua à frente dessa coisa que quase não se ousa mais dizer o nome hoje em dia: a preferência massiva do público. Pitty concorre como artista do ano, clipe do ano (pela música Na Sua Estante) e na categoria hit do ano. Somente a banda gaúcha Cachorro Grande ousou desafiar os piercings da baiana e também tem três indicações: artista do ano, melhor show e clipe do ano (pelo vídeo de Você me Faz Continuar).


Veja a lista completa de indicados para o prêmio da MTV


Na era da internet, do Youtube, do MySpace, dos podcasts e dos blogs, as perguntas que sobram são: que público? que massa? que sucesso? E o que significam esses termos?


‘Acho que são muitas as ‘fórmulas que consagraram’ a MTV no Brasil e uma delas, de fato, foi a exibição de videoclipes em rotação, como se faz em rádio. Esse modelo durou , grosso modo, até meados da década de 90 quando a MTV no Brasil começou a produzir outros formatos e a investir num modelo de televisão jovem e musical e não mais na chamada ‘rádio colorida’ que só exibia produtos feitos por terceiros. E foi nessa virada que a MTV de fato se consagrou’, explica Zico Góes, diretor de programação da MTV. ‘A verdade é que , embora o clipe tenha sido o esteio da programação durante algum tempo, ele nunca teve apelo comercial muito forte e nem dava muita audiência, não.’


Segundo Góes, a MTV começou a mudar o perfil a partir de 1995. Os programas que foram configurando essa nova cara, segundo ele, foram o Barraco MTV, o Teleguiado, o RockGol e o próprio VMB, hoje completando 13 anos. A partir de 1999, outros programas vieram cristalizar a opção: Erótica, Piores Clipes, VJ por Um Dia, MTV na Estrada, Fica Comigo, Control Freak. Também foram incorporados Hermes e Renato, Vinte e Poucos Anos, Top Top, Casal Neuras e o reality Quebradeiras.


‘Enfim, me parece sim, que estamos vivendo o fim da era do videoclipe na TV’, diz Zico. ‘Não significa que estamos cuspindo no prato em que comemos nem que não somos mais musicais. Temos os documentários, temos música ao vivo todos os dias da semana, temos os Acústicos e os MTV ao Vivo. O DNA continua o mesmo, mas o nosso ‘corpinho’ cresceu e mudou muito e audiência e o mercado acompanharam.’


Seria de se perguntar se, enquanto a indústria fonográfica vê encolher seu negócio, se também não estariam minguando as receitas publicitárias que sustentariam uma emissora envolvida com o negócio da música. ‘A indústria fonográfica nunca investiu na MTV ou no VMB. Não rola jabá’, rebate Góes. ‘Somos parceiros antigos, mas é cada um na sua. Eles gravam e vendem música, nós fazemos e vendemos TV. A relação mais estreita é com a audiência. O VMB é a essência desse triângulo amoroso MTV-público-artista, e o fato de o clipe não ser mais o foco, ou de o mercado fonográfico estar com dificuldades, não muda a importância do prêmio.’


Segundo Góes, o videoclipe foi efetivamente a principal matéria-prima dos 12 VMBs que antecederam este de 2007, mas, curiosamente, não era o clipe que mobilizava a audiência. ‘Ninguém votava no clipe, a não ser nas categorias técnicas, mas sim na sua banda, artista e música favoritos. E essa relação continua firme e forte.’


Já quase uma veterana da TV brasileira, a MTV também já se prepara para a entrada na era da transmissão digital, em dezembro. ‘Já há programas captados em HD (high definition, alta definição) e outros virão ao longo do ano que vem. Estamos estudando também modelos da famigerada interatividade, mas ainda não nos deparamos com nada que já não tenhamos feito ou estejamos fazendo.’’


Indicados


Jotabê Medeiros


‘ARTISTA DO ANO


Pitty


Cachorro Grande


Capital Inicial


Charlie Brown Jr


CPM 22


Marcelo D2


Jota Quest


Lobão


NX Zero


Skank


HIT DO ANO


Capital Inicial, Eu Nunca Disse Adeus; CPM 22, Além de Nós; Natiruts, Natiruts Reggae Power; NXZERO, Razões e Emoções; Pitty, Na Sua Estante


CLIPE DO ANO


Autoramas, Mundo Moderno; Cachorro Grande, Você me Faz Continuar; Cansei de Ser Sexy , Alala vr2; Charlie Brown Jr, Não Viva em Vão; Ira!, Eu Vou Tentar; MV Bill, Língua de Tamanduá; Pitty, Na Sua Estante; Mukeka di Rato, Rinha de Magnata; Sandrão & DJ CIA, Respeito Oriental; Skank, Seus Passos


REVELAÇÃO


Bonde do Rolê


Céu


Fresno


Mariana Aydar


Moptop’


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A bela Juliette e Manson, a fera, dão brilho à festa


‘A velha característica de emissora umbilicalmente ligada à indústria fonográfica, hoje em crise, permanece no VMB 2007: estarão lá ainda os indefectíveis Sandy e Júnior, além de NX Zero e Sandrão e DJ CIA. E os competidores são astros do rádio comercial: CPM22, Capital Inicial, Charlie Brown Jr., Skank.


As novidades são os astros internacionais Marilyn Manson e Juliette & The Licks. Não é um tipo de anabolizante na festa, garante a emissora. ‘Não acho que esse tipo de show aumente a audiência. A real é que sempre quisemos um gringo mais conhecido. Um pouco pelo glamour, um pouco para dar uma refrescada no line up de bandas que vêm se revezando no palco do VMB. Este ano, por coincidência, acabamos fechando com dois gringos. Acho que vai ser bem legal, vai dar uma pitada diferente na mistura’, diz Zico Góes.


Juliette Lewis traz sua banda The Licks para uma première do show que fará no TIM Festival, em outubro. É um som energético, ‘ferocious rock’n’roll’, como ela prefere, em vez de um genérico do punk. ‘A festa dos prêmios da MTV vai ter um primeiro gostinho da mágica selvagem de The Licks’, disse Juliette no domingo.


Marilyn Manson faz show hoje no Via Funchal, em São Paulo, e toca uma música também com sua banda na festa. ‘Eu cresci ouvindo a MTV. A idéia de celebrar vídeos de música e arte em geral me agrada. Mas é muito difícil achar a linha fina entre criatividade e fama, e manter-se atento ao essencial’, ensinou Manson, na semana passada.’


Keila Jimenez


Paraíso proibido


‘A Globo está armando um esquema de guerra nas gravações externas da reta final de Paraíso Tropical. Barricadas, seguranças, gravações de madrugada, tudo para tentar conter o vazamento de imagens e sonoras da novela captados por curiosos de plantão e equipes de outras emissoras.


Tudo começou porque o programa de Sônia Abrão, da RedeTV!, exibiu antes que a Globo a cena em que Bebel (Camila Pitanga) vai presa. Uma equipe da emissora, que estava cobrindo os bastidores, acabou gravando o momento em que Bebel é jogada no camburão. Detalhe: a cena só vai ao ar no último capítulo, sexta-feira.


O ‘furo’ teria irritado a alta cúpula da Globo, que analisa as imagens exibidas pela RedeTV! para ver se cabe processo. A emissora resolveu vetar a participação de equipes de outros canais nas gravações de Paraíso. Fãs do folhetim, que costumam fazer platéia nas ruas, também serão mantidos a uma distância maior do que a habitual.


Não é de hoje que cenas da Globo abastecem a concorrência, em uma prática por vezes condenada pela líder, mas conveniente em outras ocasiões – como nas temporadas de Big Brother.


Os finalistas


Olha aí o Pedro Bial, o Milton Abirached e o Domingos Meirelles ostentando medalhas de finalistas ao Emmy de Jornalismo e Documentário, segunda-feira, no University Club em Nova York. Bial concorreu pela Caravana JN e Meirelles e Abirached, pelo Linha Direta.


entre-linhas


A Dança do Siri subiu à cabeça de Vesgo e Silvio, do Pânico. A dupla sonha em fazer agora com que o presidente Lula dance a coreografia. No domingo passado, o programa exibiu imagens de Pelé dançando.


Notícia do dia nos jornais americanos: Jack Bauer foi preso por dirigir embriagado. O protagonista da série 24 horas, Kiefer Sutherland, só foi liberado após pagar fiança de US$ 25 mil.


A entrevista com Mano Brown, do Racionais MC’s, no Roda Viva, anteontem, registrou a maior audiência do programa este ano: 2 pontos de média e 3 de pico.


Esbarra na bagatela de US$ 300 milhões o custo que a Globo e suas afiliadas calculam ter com a digitalização de todas as emissoras e retransmissoras que formam a rede. Faz parte da obra de adesão à TV digital, que começa em dezembro.


Carlos Casagrande já tem missão a cumprir assim que se despedir do gay Rodrigo, em Paraíso Tropical; será o par de Xuxa no novo filme da loira.


O encontro de criadores anual que a Globo realiza em Angra dos Reis com seus autores, diretores e outros profissionais, teve outro tom dessa vez. Realizada na semana passada, a reunião foi recheada de palestras sobre criatividade, comportamento, pesquisa e tecnologia digital.


O bolão entre o elenco de Paraíso Tropical para saber quem matou Taís só será encerrado após as gravações finais.’


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 26 de setembro de 2007


MÍDIA & POLÍTICA
Folha de S. Paulo


Cúpula do PT apoia CPI da TVA na Câmara


‘Reunida ontem em Brasília, a Executiva Nacional do PT decidiu apoiar a instalação da CPI que propõe investigar a venda da TVA pelo Grupo Abril à empresa espanhola Telefonica.


A proposta de criação da CPI na Câmara dos Deputados surgiu em agosto, articulada pelo grupo de apoio ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como um contra-ataque ao Grupo Abril, que edita a revista ‘Veja’, que publicou reportagens com denúncias sobre o senador.


O PT diz que o objetivo é investigar se a transação fere ou não a lei que estabelece em 49% o limite de capital estrangeiro em uma empresa de televisão a cabo.


Segundo a assessoria da Abril, a proposta de CPI ‘é uma tentativa espúria (…) de manipular a Câmara dos Deputados de modo a atingir a Abril pelos fatos que ‘Veja’ tem revelado sobre o senador Renan Calheiros’. Ainda de acordo com a assessoria, a parceria está dentro da lei.


O autor do requerimento que pede a investigação contra a TVA é o deputado renanzista Wladimir Costa (PMDB-PA). Na Câmara, a base governista tenta enterrar a CPI.’


Elio Gaspari


E se Mares Guia fosse um sindicalista?


‘SE O MINISTRO da Articulação Política do governo fosse um petista saído do movimento sindical, o céu já teria desabado sobre Brasília.


Imagine-se um companheiro metido numa reunião para definir a arrecadação da caixinha eleitoral de um candidato que acabou derrotado na eleição de 1998. Some-se um empréstimo pessoal feito por esse mesmo petista ao candidato, depois de sua derrota. Walfrido Mares Guia fez tudo isso, mas o tucanato trata o assunto com um silêncio retumbante, indicador do oportunismo com que manipula a moralidade alheia.


Mares Guia não é um sindicalista, mas próspero empresário; não está no ABC, mas na plutocracia mineira; não se meteu na campanha dos companheiros, mas na do então governador Eduardo Azeredo, que viria a ser presidente do PSDB. Sua praia é outra, a do tucanato que considera falta de educação tratar das maracutaias do andar de cima.


A principal gracinha propagada pelos defensores de Eduardo Azeredo é a teoria do ‘não sabia’. Se ele não sabia que sua campanha era azeitada por recursos tungados à Viúva e entregues a Marcos Valério, qualquer tentativa de associá-lo à roubalheira é injusta. Afinal, Lula diz que não sabia das mesmas trambicagens, praticadas quatro anos depois pela direção do PT com o mesmo Marcos Valério. Nas palavras da assessoria do tucano: ‘As questões financeiras da campanha não foram de [sua] responsabilidade’.


Seria um caso clássico de dois pesos e duas medidas. Todavia, o argumento é falso. Para que fosse verdadeiro, precisaria aparecer um empréstimo pessoal de R$ 511 mil, feito por Lula junto a um petista amigo que participou da coordenação de sua campanha. (Em 2003, Paulo Okamotto, atual presidente do Sebrae, pagou uma conta de R$ 29 mil de Lula, mas não esteve na banca petista de 2002.) Isso não permite sugerir que Lula não sabia dos malfeitos de Delúbio Soares, ou que não sabe de onde veio o dinheiro de Okamotto. Indica apenas que não se acharam as suas impressões digitais. No caso de Azeredo, elas estão lá, no empréstimo de Mares Guia.


Quando um petista é confrontado com as mutretas de seus companheiros, se enraivece e atribui a referência a algum tipo de conspiração elitista. Quando um tucano fica na mesma situação, ofende-se e corre para a blindagem do silêncio. Assim desconversou-se em 2000, quando apareceram as planilhas da segunda campanha de FFHH. Elas indicavam um caixa clandestino de pelo menos R$ 8 milhões. Uma parte desse dinheiro passara pela destilaria de Marcos Valério, cuja tecnologia financeira foi adquirida pelo PT na eleição seguinte.


Vice-governador de Eduardo Azeredo, ministro de Lula, Mares Guia é uma encruzilhada de gentilezas. Foi na sua vizinhança (e de Lula) que se disparou a demissão do engenheiro Dimas Toledo de uma diretoria de Furnas. Essa foi a faísca que incendiou os sentimentos do deputado Roberto Jefferson e a crise do mensalão.


O PT já buscou a indulgência de seus crentes com a teoria do ‘fizemos-o-que-todo-mundo-faz’. A novidade no desdobramento das investigações do mensalão tucano está na paralisia mental do PSDB.


O comando tucano diz que vai discutir a situação de Azeredo. Vai nada. Se falasse sério, teria feito isso há dois anos. Correm atrás do prejuízo que poderá advir de uma denúncia do procurador-geral da República contra o ex-governador.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O mundo está mudando


‘Jim O’Neill, o visionário dos Brics, apareceu com outra ontem no ‘Financial Times’. Diz que o déficit comercial dos EUA está caindo e ‘talvez seja hora de perguntar: O que vai acontecer se ele desaparecer?’. Em suma, ‘o mundo está mudando’ e depende cada vez menos das compras dos EUA -e mais dos Brics. Japoneses, alemães, as multinacionais americanas, todos devem olhar para eles, para vender. ‘Estamos diante de um futuro econômico excitante, desafiador, que vai ajudar os EUA tanto quanto o resto de nós.’


No mesmo ‘FT’, por outro lado, saiu a reportagem ‘Corrida aos emergentes estimula o temor de bolha’.


LULA LÁ


Lula na ONU foi a manchete por todo lado, aqui, e amontoou despachos de agências de notícias dos países mais diversos. Os títulos foram também os mais diversos. Na Band, ‘Lula ataca subsídios’. Na Record, ‘pede mais comércio de ricos e pobres’. Na Globo e na Folha Online, ‘defende biocombustível’. Na Voz da América de Bush, ‘pede combate à pobreza’, e na Agência Bolivariana de Chávez, ‘propõe conferência sobre clima’. E outros mais.


CENOURAS…


O ‘Wall Street Journal’ adiantou que George W. Bush vai levar à reunião sobre aquecimento global com os Brics, amanhã, ‘diversas cenouras diplomáticas’ para que aceitem cortar a emissão de gases com efeito estufa.


E O PORRETE


Enquanto isso, o Congresso prepara ‘um porrete: penas econômicas aos emergentes que não’ aceitem. A idéia une republicanos, democratas, empresas de lá e a AFL-CIO.


DOS BRICS AOS POBRES


‘WSJ’ e outros deram que o Banco Mundial, do americano Robert Zoellick, ‘está para fazer cortes significativos nos juros cobrados da China, do Brasil e outros emergentes’. Em troca, eles apoiariam com fundos a países mais pobres.


‘OTIMISMO’


O ‘Miami Herald’ destacou o ‘otimismo’ com a América Latina nos EUA, com Thomas Shannon (Departamento de Estado) louvando líderes que ‘falam a língua do comércio’.


CRISE E OS NEGÓCIOS


Nas manchetes on-line, à noite, ‘relatório livra diretoria da Anac’ na CPI. E depois caiu mais um diretor da Anac.


Já a agência Dow Jones noticiou que ‘JP Morgan eleva a nota da TAM e da Gol’. E um diretor da Boeing deu longa entrevista à Reuters prevendo vendas de US$ 120 bi na América Latina até 2020, ‘sobretudo no Brasil’, cuja crise aérea é ‘passageira’. Ele elogiou largamente a Gol.


A EMBRAER CORRE


O correspondente da AP foi até São José dos Campos para mostrar como a ‘Embraer luta com seu sucesso’. ‘Os operários trabalham duro 24 horas por dia na linha.’


Com suas encomendas às centenas, mais dez ontem, deu o Valor Online, a empresa anunciou novos modelos, deu o ‘WSJ’. E um diretor falou longamente ao site Aviation International, prevendo mais vendas para Ásia, Rússia etc.


ESSO EM DISPUTA


A americana Exxon decidiu sair de vez da América do Sul -e a Esso, sua bandeira na região, já estaria à venda.


A anunciada compra pela Petrobras, até das operações argentinas, causou mal-estar no governo Néstor Kirchner, deu o ‘Clarín’. E coincidiu com a intervenção em parte da Petrobras, ontem mesmo.


Já a venezuelana PdVSA, diz a Efe, tenta atravessar e comprar a Esso uruguaia.


ESCRAVOS LÁ


A AP destacou os senadores (esq.) que pressionam em defesa de condições ‘horrendas’ em uma usina no Pará. O lobby conseguiu parar o combate ao trabalho escravo.’


TELECOMUNICAÇÕES
Elvira Lobato


BNDES abre caminho para fusão de teles


‘O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pavimentou o caminho para a eventual fusão entre a Telemar e a Brasil Telecom.


O banco assegurou o pagamento de 10% do empréstimo de R$ 12,7 bilhões de um pool de bancos aos controladores da Telemar para a compra de ações de minoritários e exigiu a retirada da cláusula do financiamento que impediria a Telemar de comprar ou de se fundir a outras empresas durante dois anos, segundo a Folha apurou.


O contrato apresentado pelo pool de bancos financiadores da empresa impedia a Telemar de comprar empresas e de se fundir a outras durante a vigência do empréstimo-ponte, o que foi considerado inadmissível pelo BNDES. Segundo um executivo do grupo, que não quis ser identificado, o termômetro político ‘bateu no vermelho’. Para ele, a proibição de fusões e compras seria ‘insuportável’. O BNDES não comentou a operação.


O empréstimo do pool de bancos, de R$ 12,7 bilhões, é para financiar os acionistas controladores da Telemar a recomprar as ações preferenciais da Tele Norte Leste (dona da concessionária Telemar), existentes em poder do mercado.


Embora tenham mais de 50% das ações com direito a voto da Telemar, a participação dos acionistas controladores no capital total é de só 17,8%, enquanto pelo menos 45% do capital pertence a investidores estrangeiros. O BNDES faz parte do bloco de controle. O leilão de recompra das ações está marcado para 11 de outubro. A recompra e o empréstimo só vão acontecer se os controladores tiverem garantida a compra de ao menos dois terços das preferenciais existentes. O valor de R$ 12,7 bilhões refere-se à hipótese de compra de 100% das preferenciais.


Jogo duro


Os bancos UBS, Citibank, ABN Amro, Banco do Brasil e JP Morgan, que formam o pool, endureceram a negociação para dar o empréstimo aos acionistas controladores em razão da crise de liquidez internacional desencadeada pelos riscos de perdas no mercado imobiliário norte-americano. As condições que tinham sido negociadas em junho caíram por terra, e os bancos elevaram os juros e exigiram pagamentos antecipados, que não constavam da negociação inicial.


Pelo acerto com os bancos, os acionistas controladores começarão a quitar o empréstimo quatro meses após a obtenção do financiamento. A primeira parcela é de 17%, o que equivale a R$ 2,16 bilhões, na hipótese de recompra de 100% das ações preferenciais.


Essa primeira parcela seria paga com dividendos extraordinários que serão distribuídos pela Tele Norte Leste, assim que os controladores comprarem as ações dos minoritários. Ou seja, após comprar as ações do minoritários, os controladores aprovariam uma distribuição extra de lucro, no valor aproximado de R$ 4 bilhões, dos quais pelo menos R$ 2,5 bilhões voltariam para eles em forma de dividendos.


Segundo explicou uma fonte do grupo, se forem recomprados dois terços das ações preferenciais existentes hoje no mercado, a participação deles no capital total da empresa subiria dos atuais 17,8% para cerca de 60%. Portanto, pelo menos R$ 1,5 bilhão dos dividendos extras iria para os minoritários remanescentes.


A segunda parcela do empréstimo, de 30%, terá de ser paga 12 meses após a liberação do empréstimo. Para quitar o compromisso, a Telemar Participações faria uma emissão de ações preferenciais correspondente a 25% do valor de seu capital social. As ações seriam oferecidas ao mercado.


Socorro


É aí que entraria o socorro do BNDES. Se o mercado não absorver todas as ações que serão emitidas pela Telemar Participações, o BNDESPar subscreverá um montante de até R$ 1,25 bilhão. A terceira parcela do empréstimo, de 25%, seria paga no 18º mês após a contratação e a última no 24º mês, no final do empréstimo-ponte.


O BNDES foi o único dos controladores a assumir tal compromisso. Procurado pela Folha durante todo o dia de ontem, o banco não explicou os motivos de sua iniciativa.


Segundo pessoas ligadas aos controladores, as ações da Telemar Participações que vierem a ser adquiridas pela BNDES nesta operação seriam convertidas em ações ordinárias, com direito a voto, no prazo de cinco anos, mas não fariam parte do bloco de controle. Ou seja, o banco não poderia se valer dessas ações para aumentar o seu poder de voto dentro da Telemar.


Segundo informação dos sócios, o contrato com o pool de bancos admite troca de acionistas no bloco de controle da Telemar Participações, até o limite de 25%. É sabido que alguns dos atuais controladores querem vender suas participações.’


TV DIGITAL
Folha de S. Paulo


Para TVA, TV digital estreará para ‘ninguém’


‘No dia 2 de dezembro, quando a TV aberta brasileira estrear oficialmente a transmissão digital em São Paulo, haverá menos de mil pessoas -numa cidade com cerca de 11 milhões- assistindo aos programas em alta definição.


‘Vai ser uma estréia para ninguém’, diz Virgílio Amaral, diretor de Estratégia e Tecnologia da TVA. Para ele, a TV digital deve estrear mesmo no próximo ano, turbinada pela transmissão das Olimpíadas.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Receita da TV aberta cai 5,2% no 1º semestre


‘O conjunto das redes de TV abertas faturou 5,2% a menos no primeiro semestre deste ano do que no mesmo período do ano passado. Segundo o Projeto Intermeios, que monitora os investimentos publicitários no país, as redes arrecadaram R$ 4,880 bilhões, o equivalente a 59,3% do mercado nacional de mídia (R$ 8,227 bilhões).


Como o mercado de mídia caiu 3,3%, a participação da TV no bolo da publicidade foi menor _em 2006, era de 62%.


A TV paga, que faturou R$ 248 milhões, cresceu 1,5%.


Relatório divulgado pela Globo aponta apenas a Copa do Mundo de 2006 como responsável pelo resultado negativo. A Globo (incluindo participações em subsidiárias como a Net e canais pagos) fechou o primeiro semestre com uma receita de R$ 2,942 bilhões, R$ 164 milhões ou 5% a menos do que nos primeiros seis meses de 2006.


Os dados mostram que, sozinha, a Globo (sem contar suas afiliadas) representa 57,4% do mercado nacional de TV, incluindo a TV por assinatura.


O lucro bruto da Globo foi de R$ 579 milhões, 22% a menos do que nos primeiros seis meses de 2006. A dívida da empresa (R$ 1,320 bilhão) caiu 29%.


Executivos da Globo dizem que os resultados do segundo semestre vão anular a queda do primeiro. Os dados do Intermeios confirmam a tendência. Em julho, a receita das TVs cresceu 26% em relação ao mesmo mês do ano passado.


GUIAS A segurança e o cerimonial da Presidência da República vistoriaram ontem à tarde as instalações da Record, em São Paulo. Isso confirma o presidente Lula na inauguração do canal Record News, amanhã à noite. O bispo Edir Macedo, dono das duas TVs, faz mistério, mas sua presença é dada como certa por executivos da Record.


BICHO SOLTO Apesar da falta de divulgação, o ‘Roda Viva’ com o rapper Mano Brown deu 1,8 ponto no Ibope. Parece pouco, mas foi o recorde do programa em 2007 (a média acumulada é de 0,6).


LADEIRA O programa ‘Hebe’ (SBT) de anteontem chegou a marcar apenas 0,9 no Ibope. Na média, deu 3,3 e perdeu para a Band (‘Mister Bean’, com 4,6).


SEM EMMY O ‘Jornal Nacional’, que concorria ontem ao Emmy Internacional com a ‘Caravana JN’, perdeu para a cobertura da crise no Líbano feita pela britânica BBC. A reconstituição da chacina da Candelária pelo ‘Linha Direta’ (Globo) também foi derrotada na categoria atualidades pela BBC.


TROMBONE O Sindicato dos Radialistas do Rio contesta notícia publicada segunda nesta coluna. Diz que ‘não é verdade que o STJ [Superior Tribunal de Justiça] tenha livrado a Rede TV! das dívidas da extinta TV Manchete, porque não houve qualquer julgamento sobre a sucessão trabalhista’. A coluna não citou julgamento, mas liminar que suspendeu ações trabalhistas e designou a Justiça Cível para resolver urgências.’


Thiago Ney


Mano Brown ‘deita e rola’ no ‘Roda Viva’


‘Mano Brown quase não concede entrevistas a grandes veículos de imprensa. Anteontem, ele foi o entrevistado do ‘Roda Viva’. Ficou a impressão: difícil lembrar de outro personagem que tenha colocado a opinião pública de joelhos como o líder dos Racionais MC’s.


Por excesso de reverência, por medo de um confronto, o que for, perdeu-se uma grande oportunidade de decifrar o que ele pensa e de questioná-lo sobre assuntos pertinentes com sua presença no programa da TV Cultura.


O episódio da última Virada Cultural, em que um tumulto entre a Polícia Militar e o público interrompeu o show dos Racionais na praça da Sé, em São Paulo, sequer foi mencionado.


É fato que existe um, para dizer o mínimo, ‘atrito’ entre a PM e os Racionais. (Em 1994, em show no vale do Anhangabaú, os músicos dos Racionais chegaram a ser detidos pela PM.) Mano Brown até soltou algumas iscas sobre o assunto ‘Quem protege a favela? A polícia protege?’ Mas ficou nisso.


Sobre o ministro Gilberto Gil, também cantor, também negro… nada. Não se sabe o que Mano Brown pensa da administração de Gil na Cultura.


Inteligente, esperto, Mano Brown deitou e rolou. E ainda tirou sarro: ‘Por que você resolveu vir ao ‘Roda Viva’?’. ‘É um programa a que assisto. Às vezes, não tinha noção, usam umas palavras difíceis…’


Em vários momentos do programa, os entrevistadores preferiram tentar ‘analisar’ as letras da banda (‘Isso é só uma rima’…), focaram temas relacionados à ‘vida na favela’, ou a ‘diferença’ entre Mano Brown e Pedro Paulo Soares Pereira -até o clichezão ‘O que é o amor pra você?’ veio à tona.


No assunto criminalidade, a conversa (por algum tempo, o ‘Roda Viva’ foi menos uma entrevista do que um bate-papo) foi um pouco mais longe.


‘Falar de traficante é foda, é como se tivéssemos falando dos nossos’, diz Brown. ‘Vamos parar de usar o termo ‘traficante’ e usar ‘comerciante’.’


O vocalista dos Racionais afirmou ser ‘a favor’ da cota para negros nas universidades. Mas que ‘cota para os negros é o mínimo, um detalhe’. O presidente apareceu: ‘Gosto do Lula, sou eleitor do Lula. Um cara que veio de baixo. Não vai dar a cabeça dos amigos para os inimigos. Ele não faria isso’.


Deixou a entender que, mais do que um conflito de raça, se preocupa com a luta de classes. ‘Nossa classe é desunida. A classe rica é unida. Eles fizeram a Marta [Suplicy] perder a eleição [para a Prefeitura de SP].’


Revelou-se um pouco ao afirmar que é ‘um pai ausente’. ‘Por causa do meu instinto, não sei ser presente. Não quero que eles [os filhos] vivam em função da minha vida.’’


TV NA WEB
Gustavo Villas Boas


TV ao gosto do freguês


‘Seu controle remoto vai revolucionar o mundo televisivo: graças à internet, permitirá selecionar o que você quer ver e quando você quiser. ‘O consumidor controlando a programação é a maior mudança no negócio midiático nos últimos 25 ou 30 anos’, disse Jeff Gaspin, presidente da rede NBC Universal.


A declaração veio na semana passada. Acompanhava o anúncio de que a NBC pretende colocar, na internet, de graça, um serviço de download de produções como ‘Heroes’ logo após elas irem ao ar pelos meios convencionais.


A NBC não está sozinha na jogada. A Fox anunciou que vai transformar em aperitivo grátis os pilotos de suas séries para serem baixados via iTunes, para o iPod.


A ABC, que produz ‘Lost’, também avança no mercado on-line e anunciou, na semana passada, acordo com o portal AOL para transmitir episódios de suas séries.


A maior parte dessas iniciativas é apenas para o público norte-americano, por enquanto. As redes de televisão de lá atentaram para o fato de que vale a pena colocar seus produtos na internet antes que um pirata o faça. Além disso, 3 em cada 4 internautas nos Estados Unidos usam sites de vídeo, segundo a Comscore.


Mas os brasileiros também podem entrar no mundo da TV pela internet -e o público potencial não é pequeno. No Brasil, em junho deste ano, eram 6,5 milhões de assinantes de banda larga -segundo o IDC-, ante 4,9 milhões de de TV por assinatura -de acordo com a Associação Brasileira de TV por Assinatura.


No país, há acesso a plataformas como o Joost e o Babelgum, que transmitem televisão com qualidade de DVD por streaming (sem arquivamento no PC), ou o Miro e o Vuze, que levam ao computador do usuário arquivos em alta definição.


O YouTube também pode ser usado para montar programações personalizadas. E nem só de vídeos amadores o site é feito. Na semana passada, um documentário sobre a crise humanitária em Darfur foi lançado globalmente no site.


Aprenda, nesta edição, como aproveitar essas plataformas e descubra um pouco do conteúdo da TV pela internet.’


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Exibidos e veteranos aparecem na rede


‘Televisão pela internet significa novos formatos -mesmo que criados por veteranos da TV convencional.


Um exemplo é a série ‘Quaterlife’, que vai estrear em novembro, exclusivamente no MySpaceTV (vids.myspace.com), e aproveitar o que o site oferece: os perfis e a interação entre seus membros. A série é dos mesmos produtores de ‘Minha Vida de Cão’, série adolescente de vida curta nos anos 1990 e que virou cult.


Entre os novatos da televisão, está o Justin (www.justin.tv). Ele começou a transmitir sua vida 24 horas, todos os dias, por meio de uma webcam acoplada à cabeça.


Centenas encamparam a idéia no site que ele montou. Os apresentadores -gente quase comum- conversam com os espectadores, que conversam entre si: o show é base de uma sala de chat.


E tem, pelo menos, um brasileiro: o mineiro de Uberlândia Carlos Stein (www.justin.tv/carlostv), estudante de publicidade. ‘Tenho o canal faz um mês. Fico quase o dia todo conectado. Treino meu inglês com quem vem aqui, vou fazer intercâmbio no ano que vem’, explicou, enquanto apresentava seu programa.


A tradicional culinária na TV também está on-line. No ‘Dinner With the Band’ (onnetworks.com/videos/dinner-with-the-band), em alta definição, Sam Mason recebe bandas indies para conversar, tocar e até cozinhar.


O canal www.comedycentral.com, cujo cartão de visitas é ‘South Park’, possui trechos desse e de outros programas para serem vistos diretamente do navegador.


‘Honesty’, por exemplo, é uma série onde todo mundo fala sempre o que pensa, em situações como um casamento ou um funeral. Com um conteúdo divertido, o site não prima pela clareza na navegação.


Outro canal tradicional que está na internet é o Nicklodeon. No www.nick.com/turbonick dá para assistir a episódios completos do desenho ‘Bob Esponja’.


Videoteca


E, como arquivo de filmes, a internet mostra a força já conhecida com imagens, áudio e texto. No www.portacurtas.com.br, por exemplo, estão centenas de curtas nacionais. Clássicos como ‘Ilha das Flores’ (1989), de Jorge Furtado, podem ser assistidos lá.


O armazém on-line vai mais longe. Em capodcast.blogspot.com é possível baixar desenhos da Betty Boop dos anos 1930.’


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UNIVERSIDADE COLOCA NO AR SEIS CANAIS ACADÊMICOS GRATUITOS


‘A Universidade de São Paulo colocou no ar, na semana passada, a IPTV USP (iptv.usp.br). Com seis canais voltados para a comunidade acadêmica, a emissora está preparada para a transmissão ao vivo de eventos; além disso, vai ser uma plataforma de distribuição de programas feitos por alunos de vários cursos da universidade.’


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Brasil tem TV só para a internet


‘No Brasil, grandes portais e iniciativas independentes aproveitam a popularização das conexões rápidas para fazer TV pela internet.


Um exemplo é a Alltv.com.br, que possui programação 24 horas exclusiva para a internet. A TV, com boa parte dos programas ao vivo, conta com mais de uma centena de apresentadores. A audiência mensal é de cerca de 120 mil acessos únicos (o mesmo IP), segundo Alberto Luchetti, seu criador.


O visual do site não chama a atenção, nem os cenários, que são simples. Mas o internauta pode inteargir, até via webcam, com os apresentadores. Outra TV on-line é a www.tvrock.com.br, voltada à música.


Os grandes portais também têm vídeos. O destaque é para os chats com músicos, como acontece no UOL e no iG. Assinantes do UOL podem assistir à BandNews e à BandSports on-line.


No Terra, a novidade é a utilização do recém-lançado Silverlight (concorrente do Flash), da Microsoft, para transmitir em alta definição.


O Globo.com aposta em reportagens e trechos da programação da Globo.


No site www.podtv.com.br, o internauta encontrará programação nacional preparada para iPod; a página tem um tutorial de como usar o iTunes para baixar os videocasts.’


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Software para vídeos exige conexão rápida e muito espaço em disco


‘Ter acesso à maior parte do conteúdo de televisão que existe na internet não sai barato, principalmente se o telespectador quiser se entreter sem soluços na transmissão: o Joost, por exemplo, pede uma conexão de banda larga de, no mínimo, 1 Mbps para download, além de 500 Mbytes de disco rígido e placa de vídeo de 32 Mbytes.


Apesar da exigência de banda, dá para experimentar o Joost com conexões mais lentas. Se a transmissão engasgar muito, apele para o Pause e espere um pouco. O programa não ocupa os 500 Mbytes no disco; são cerca de 35 Mbytes quando instalado. Apesar de a transmissão ser por streaming, o software precisa de espaço para o arquivo exibido, que vem por download.


Aí mora outro problema para parte dos assinantes de banda larga. Uma hora de programação do Joost baixa 320 Mbytes de dados. Alguns planos de banda larga possuem um limite de tráfego mensal, e passar desse limite pode significar uma surpresa desagradável na conta no fim do mês.


É importante verificar qual é o seu plano; a dica serve para todas as pessoas que pretendam experimentar qualquer software de TV pela internet.


Já quem vai apostar em programas que buscam e baixam conteúdo (caso do Miro e do Zuve), um disco com bastante espaço é indicado, ainda mais se o objetivo for assistir a conteúdos em alta definição. Um minuto nessa qualidade pode ter mais de 100 Mbytes.


Uma boa experiência com esses programas não demanda tanta banda, se o computador ficar baixando os arquivos enquanto não estiver em uso pelo internauta.


Os filmes em alta definição também pedem uma boa placa de vídeo. Na melhor qualidade (1.080p, o número de linhas exibidas), essa placa deve ter, no mínimo, 128 Mbytes.


E tem o monitor, claro. Para esses vídeos, a resolução da tela deve ser de 1.920×1.440 pixels. Para os em alta definição standard (780p), 1.024×768 pixels são suficientes; a diferença de qualidade também é notável.


Outro ponto a ser observado no monitor é o ângulo de visão: provavelmente você não vai assistir à TV sentado em frente ao computador, como no uso do dia-a-dia. Se o ângulo não for suficiente, a imagem fica confusa. Por isso, pense também em um aparelho com base flexível. Você pode apontá-lo para sua cama, por exemplo, e ter uma experiência mais confortável. (GVB)


320


Mbytes é o tráfego de download em uma hora de transmissão via Joost


100


Mbytes pode ter um minuto de vídeo em alta definição’


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Empresas planejam serviço comercial


‘Assim como a telefonia pela internet, que utiliza o protocolo VoIP, o IPTV também promete mudanças no mercado de distribuição de TV.


Apesar de serviços como o Joost e o IPTV da USP já utilizarem esse protocolo, o usuário vai ter qualidade garantida quando existirem no mercado opções comerciais de assinatura de IPTV.


Esses serviços não vão ter conteúdo reproduzido pelo computador. Para utilizá-los, vão ser necessárias caixas que tornarão o conteúdo recebido digitalmente compatível com as TVs convencionais.


Para propiciar qualidade e evitar sobressaltos, a rede não vai ser a mesma que a da internet; apenas a tecnologia.


No Brasil, operadoras de telefonia já ensaiam oferecer transmissões de IPTV no ar neste ano, mas de forma restrita. (GVB)’


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Neste ano, 4 softs apresentam armas


‘A disputa pela audiência televisiva na internet esquentou neste ano. Em 2007, quatro das mais importantes plataformas de vídeos on-line mostraram com que armas pretendem ganhar o público. Todas elas demandam fazer download do programa, ou seja, diferem-se de portais de vídeo porque não são baseadas no navegador.


Joost


O software de TV pela internet dos mesmos criadores do Skype e do Kazaa, o Joost (www.joost.com), ficou disponível para quem solicitar um convite no site; antes, o acesso era mais restrito.


O Joost tenta convencer os produtores audiovisuais de que lá seu conteúdo é protegido. E diz aos usuários que não é preciso guardar os programas no disco rígido. Eles estão sempre disponíveis por streaming, a transmissão direta da internet, com qualidade de DVD.


Outro ponto forte do programa são as ferramentas sociais, como chat e classificação do conteúdo pelos usuários. Em breve, os próprios internautas vão poder criar suas ferramentas para interagir com o Joost.


Vuze


O antigo Zudeo, da produtora do programa de troca de arquivos Azureus, virou Vuze (www.azureus.com) neste ano e conquistou 6 milhões de usuários em seis meses. O internauta precisa baixar o conteúdo para o disco, por meio de uma rede P2P.


Além de funcionar como loja e locadora de vídeos -mas não para o Brasil-, o site ostenta conteúdo em alta definição. A maioria do que for gratuito, e são centenas de opções, pode ser baixado pelos brasileiros.


Babelgum


Com funções semelhantes às do Joost, mas com mais flexibilidade para os produtores, existe o Babelgum (www.babelgum.com).


O cartão de visitas do Babelgum é o diretor de cinema norte-americano Spike Lee. Ele é patrono de um festival de vídeos que vai premiar, em diversas categorias, produções do mundo inteiro.


Joe Bateman, diretor do festival do Reino Unido Rushes Soho Shorts e um dos jurados do Babelgum, disse à Folha que espera muitas surpresas, em especial na categoria documentários. ‘Gente do mundo todo pode entrar; o material só tem que ser em inglês ou legendado’, lembrou.


Miro


Por último, o mais antigo dos quatro. O outrora Democracy virou Miro (www.getmiro.com), quando abandonou a fase de testes, neste ano. Criado por uma fundação sem fins lucrativos, o programa é em código aberto.


Destaca-se pela flexibilidade para lidar com a variedade de arquivos de vídeo que circulam pela internet e por não ter uma programação centralizada.


Os produtores de vídeo podem inscrever um canal para ser encontrado pelo Miro usando uma plataforma de distribuição da mesma fundação. É possível até tornar o YouTube compatível com o soft, que possui uma grade extensa de filmes em alta definição. (GVB)’


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