Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Páscoa, chocolate e marketing

A Páscoa é o tempo mais santo da igreja porque se comemora a ressurreição de Cristo. Mas também é o tempo mais promissor para o mercado de chocolates. Tudo por causa do bom e velho coelhinho, que entre as figuras infanto/comerciais só perde para o velho Noel.

A lenda diz que uma mulher pobre cozinhou e pintou alguns ovos de galinha e os enterrou no quintal para que seus filhos os achassem na Páscoa. Quando as crianças os procuravam, surgiu repentinamente um coelho que fugiu. As crianças acharam que o coelho havia escondido os ovos. Mas, na verdade, o coelho da Páscoa simboliza a preservação da espécie, início de uma nova vida e de melhores condições. Já os ovos, nos dias atuais, representam grande fonte de renda em um mercado recheado com chocolates, brinquedos… em diferentes tamanhos e formatos. De fita vermelha ou qualquer outra cor. Representa um pulo comercial; um verdadeiro salto em vendas para as fábricas de chocolate. Ainda que muitos aguardem a venda dos ovos quebrados, que acontece logo após a Páscoa, para poder pagar mais barato pelo chocolate.

Nem se lembram do coelho

O coelho também representa a Igreja. Justamente por representar através de sua fertilidade uma grande quantidade de pessoas. Público a quem a Igreja quer propagar os ensinamentos de Deus, sem distinção. Muitas vezes até com discriminação ou querendo impor sua ‘marca’ como a melhor perante todas as demais. Esquecendo, outras vezes, que os ensinamentos de Deus são únicos e que não admitem pedofilia, lavagem cerebral e muito menos o desvio do dinheiro de fiéis para outros fins que não o social e manutenção da Casa do Senhor.

Há quem fale ainda em marketing religioso. Um marketing orientado para arrecadar fundos para a manutenção de paróquias, dioceses e trabalhos sociais através da utilização de símbolos, seja a cruz como logo, o sino como ferramenta de comunicação auditiva e do próprio ponto comercial, quer dizer, do próprio local da Igreja enquanto casa do Senhor, lugar de disseminação de idéias e extinção de pecados e mais, com o uso da força das palavras e poder da retórica, este último já encontrado, se não em espaços comprados nos meios de comunicação, em veículos de comunicação próprios dessas igrejas.

Meu espaço já está acabando e eu nem cheguei ainda a falar da Bíblia… Hei! Não me refiro à bíblia do Kottler que nos ensina estratégias para vender o ovo de chocolate, e sim, à Bíblia Sagrada que nos ensina… O que mesmo? É tempo de Páscoa e, infelizmente, muitos só lembram nesta época do ovo de chocolate; às vezes nem do coelho e quando se lembram dele é porque acham que ele botou o pobre do ovo.

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Publicitário, Salvador, BA