Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Paulo Henrique Ferreira

‘Jaguar, apesar de desconfortável na posição de entrevistador, foi quem mais chamou a atenção no seu próprio talk-show, ‘No covil com Jaguar’. Na segunda edição do bate-papo, que acontece às segundas-feiras, no teatro da Casa de Cultura Laura Alvim, dentro da programação paralela do 15 Salão Carioca de Humor, o cartunista recebeu o compositor Moacyr Luz.

Seguindo a linha só-entrevisto-amigos, Jaguar e Luz recordaram histórias da convivência boêmia que partilharam. Antes, porém, o cartunista esclareceu que era um entrevistador relutante e confessou ao público sua aversão ao palco. Mas o que poderia ter causado um clima desagradável, se o reclamante fosse outro, com Jaguar tornou-se parte de seu humor involuntário.

– Como aquele gato, o Garfield, odeio as segundas-feiras. Liguei para meus amigos e disse: ‘Vou te convidar para um programa absolutamente perdível’ – disse.

Dupla garante legítima conversa de botequim

Com um violão a tiracolo, Moacyr Luz ria. E para um Jaguar que estava ‘fora do lugar’, o cartunista estava bastante inspirado. A perfeita química entre os dois garantiu a diversão do resto da noite. E a platéia presenciava uma legítima conversa de botequim.

– Neguinho trata chope como se fosse vinho – disse Luz.

– Já eu não tomo aquele chope paulista, que tem uma espuminha sobre o colarinho, que eu chamo de peruca – reclamou Jaguar.

Entre uma música e outra executadas por Luz ao violão, a dupla recordava histórias dos bares da cidade – como o Bar Luiz, onde os dois se conheceram – e de figuras marcantes da boemia carioca, como Albino Pinheiro.

– Albino já tomou 70 chopes duplos e saiu dirigindo – disse Jaguar, impressionado.

A parceria e a amizade de Moacyr Luz com Aldir Blanc também foi tema da pauta organizada por Jaguar… num guardanapo.

– Para o Zeca Pagodinho, a Nova Schin foi um caso de verão e ele voltou para a velha paixão, a Brahma. Já João Bosco e Aldir Blanc eram inseparáveis até que eles brigaram e se separaram. Aí o Aldir encontrou você. Mas, agora que eles fizeram as pazes, você não será a Nova Schin? – perguntou Jaguar.

No que Luz retrucou à inspirada comparação:

– Temos mais de cem músicas compostas em parceria. A minha relação com Aldir é de amizade. Sabe aquela história de pedir açúcar no vizinho? É verdade. Mas neste caso a gente troca o açúcar por uma ‘gelada’.

O bate-papo terminou com Moacyr Luz cantando uma música que fez em homenagem ao veterano cartunista Lan.

– Quando eu fizer 80 anos, quero um samba para mim também – pediu Jaguar.’



REDE TV!
Daniel Castro

‘Rede TV! vai à Justiça contra a Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 17/03/04

‘A quase um ano do Carnaval de 2005, a Rede TV! já ameaça entrar na Justiça contra a Globo para garantir acesso à concentração das escolas de samba do Rio, que fica em uma via pública, a avenida Presidente Vargas.

‘Vou tomar uma medida preparatória’, diz Betina Calenda, diretora jurídica da Rede TV!. Neste ano, diz a emissora, a Globo obrigou a Liesa (liga das escolas do Rio) a montar uma barreira de segurança a 500 metros do sambódromo, na rua, impedindo profissionais da Rede TV! de mostrar os ‘bastidores do Carnaval’.

Anteontem, a Rede TV! enviou à Globo uma carta que é uma ‘declaração de guerra’. A carta é uma resposta à correspondência da Globo à Liesa, datada de 19 de fevereiro (antes do Carnaval), mas postada em 2 de março (depois), com cópias à Ambev e Rede TV!, em que pede à liga a preservação de seus direitos exclusivos de captação de imagem dos ‘desfiles, inclusive das arquibancadas e camarotes, bem como de qualquer outra área do sambódromo’.

A Rede TV! discorda do direito da Globo sobre camarotes e vias públicas. Chama a concorrente de ‘monopolista’ e que a restrição à concentração, na rua, é inconstitucional. ‘Frisamos que essas atitudes não serão aceitas no próximo ano’, afirma na carta.

A Globo diz que a carta enviada à Liesa ‘visava reforçar conceitos’ e que ‘não se opõe à cobertura jornalística do Carnaval’.

OUTRO CANAL

Telhado

A Record arquivou, pelo menos temporariamente, os planos de comprar o ‘reality show’ ‘All You Need Is Love’ da Endemol Globo, para o ‘É Show’. O formato, que aproxima casais e pessoas, foi considerado muito caro pela emissora.

Estresse

São tensos os bastidores de ‘Metamorphoses’, a novela da Record produzida pela independente Casablanca. Atores e diretores já reclamam dos roteiros e diálogos, muito fracos. Del Rangel, diretor da Record, vem varando noites na Casablanca.

Menos

Para alívio da Globo, que andou, sim, preocupada com o marketing de ‘Metamorphoses’, a audiência da novela caiu no segundo capítulo, anteontem, sem causar estragos ao ‘JN’. Deu 6 pontos, contra 11 no domingo. A novela, no entanto, aumentou em 2 pontos a audiência da Record no horário.

Mesma

Deu média de 4,3 pontos a estréia de Carlos Nascimento à frente do ‘Jornal da Band’, anteontem. Não é muito mais do que o telejornal vinha registrando. Mas a Band comemorou, principalmente porque ficou 12 minutos em segundo lugar, empatada com o SBT.

Polícia

Repórter do jornal ‘O Estado de S.Paulo’, Renato Lombardi gravou piloto para apresentar o ‘Repórter Cidadão’, da Rede TV!.’



TV NO CELULAR
Laura Mattos

‘Globo ‘ataca’ em debate sobre TV no celular’, copyright Folha de S. Paulo, 17/03/04

‘A Globo partirá para o ‘ataque’ contra operadoras de telefonia em seminário que discutirá a transmissão de TV por celular.

O Tela Viva Móvel, realizado hoje e amanhã, em São Paulo, será o primeiro encontro sobre o casamento entre TV e telefone móvel. Discutirá a chegada ao mercado brasileiro dos primeiros aparelhos capazes de transmitir TV ao vivo. E deverá trazer à tona uma disputa silenciosa entre emissoras e operadoras de celulares.

À frente das concorrentes no estudo sobre a nova tecnologia, a Globo teme que as teles sejam liberadas a distribuir TV sem seguir leis da radiodifusão. Exemplo: no Brasil, TVs e rádios só podem ter 30% de capital estrangeiro. Já no celular, uma empresa completamente estrangeira teria a possibilidade de transmitir TV.

‘O encontro deverá mostrar que há um novo mercado gigante e como as TVs vão tentar se blindar contra a entrada das teles nesse negócio’, afirma Samuel Possebon, editor do site Tela Viva News, organizador do seminário.

Fernando Bittencourt, diretor da Central Globo de Engenharia, participará, amanhã, de uma mesa de debate sobre o modelo de negócio a ser adotado no Brasil.

Ele defenderá que as novas mídias (como internet e celular) não possam transmitir TV sem que seja criada uma nova regulamentação. ‘A Constituição de 1988 regulamentou a comunicação social, na época, TV aberta, rádio e jornais. Com a digitalização, todas as novas mídias, como internet e celular, estão passando a oferecer de forma indiscriminada conteúdos nacionais e estrangeiros de entretenimento e informação com pouca ou nenhuma regulamentação’, afirmou Bittencourt à Folha, por e-mail.

O diretor diz que a Globo não tem ‘o que temer’ na concorrência com as teles se houver ‘igualdade de competição’. ‘Temos uma produção nacional de conteúdo de alta qualidade e extremamente competitiva’, afirma.

TV digital x TV no celular

Um dos grandes interesses das TVs no celular é a possibilidade de transmissão móvel. Assim, as emissoras não perderiam, por exemplo, a audiência de quem está no ônibus a caminho de casa.

A chamada mobilidade é uma das promessas da TV digital mais atrativas para a Globo. Ainda empacada no Brasil (o governo anunciou que decidirá, em março de 2005, qual sistema será usado no país), a nova TV acabou atropelada pelo celular.

A Globo, no entanto, continua apostando na digitalização da TV e acredita que os brasileiros tenham acesso a ela a partir de 2007.

Bittencourt afirma que a TV no celular foi desenvolvida para a conexão ‘um-para-um’, em que cada consumidor escolhe o que quer assistir e paga por isso. Para ele, não seria ‘economicamente viável’ transmitir gratuitamente o mesmo conteúdo do televisor convencional simultaneamente no telefone móvel. Já com a TV digital, o telespectador não teria de pagar pela transmissão, como ocorre atualmente. E a audiência, claro, poderia se multiplicar.’



Sérgio Damasceno


"Globo não acredita em TV aberta por celular", copyright TELA VIVA News, 17/03/04


"O gerente de planejamento de engenharia da TV Globo, Carlos Brito, acha muito difícil que as redes de telefonia móvel passem a transmitir conteúdos abertos, ou seja, troquem o tráfego de voz e dados pela distribuição de conteúdo televisivo. Segundo ele, o custo para a instalação de uma rede móvel na cidade de São Paulo é de US$ 350 milhões, enquanto o custo de uma rede de TV digital é de US$ 7 milhões. Sua conclusão é que ‘é uma loucura alocar capacidade grande de rede celular para distribuir acesso aberto e gratuito’. Para ele, o investimento na rede não viabilizaria, economicamente, a distribuição do sinal gratuitamente.


O assunto foi colocado em debate durante o seminário Tela Viva Móvel – Encontro dos Serviços e Entretenimento Wireless, realizado pela Converge Eventos em São Paulo, que acontece nesta quarta-feira, dia 17, e no dia 18.


Durante a Telexpo, que ocorreu no início de março, pelo menos duas operadoras – Vivo e TIM – demonstraram serviços similares aos de uma TV aberta. A TIM promete trazer em breve para o Brasil o TIM Mobile TV e a Vivo já tem um serviço disponível, pelo TV Terra.


Redes demais


Para Brito, as redes de TV não se prestam à distribuição de conteúdo personalizado, ao contrário das redes móveis, o que, na sua opinião, é outro obstáculo para que as operadoras celulares ofereçam conteúdo aberto. Ele ainda enfatizou: ‘não há interesse dos radiodifusores, com a TV digital, de oferecer telefonia por esse meio. Temos redes demais’.


O gerente de planejamento da Globo disse que há um estudo, juntamente com a Universidade Mackenzie, para o desenvolvimento de um protótipo de receptor do que seria a TV portátil (ou Palm TV). Para ele, o viável é que as duas redes – móvel e de TV – operem de forma complementar. Assim, por exemplo, todo o conteúdo que o usuário desejar que seja personalizado, poderá ser distribuído pela operadora móvel.


Além disso, a rede de telefonia móvel seria como um canal de retorno para a interatividade no conteúdo distribuído pela TV."