Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Pena, perdemos o Oscar!

Me aproximava dos três meses de vida quando Karol Wojtyla recebeu o benção do Espírito Santo tornando-se, assim, o sumo pontífice da igreja católica. Impossível, portanto, que eu possa ter acompanhado (talvez o tenha, mas não lembro) como se deu a cobertura da mídia no conclave de 1978. Estou certo, porém, de que o conclave 2005 foi incomparável em todos os quesitos. Aqui no Brasil, por exemplo, ficou a sensação de que perdemos o Oscar para os gringos mais uma vez. Todo mundo ligado no plantão, na expectativa por Dom Cláudio Hummes (ainda que Majela corresse por fora). Até que ouvimos a sentença: ‘..and the Oscar goes to.. Josef Ratzinger’.

Da frustração à rejeição ao novo papa, foi um estalo. Conversando com meus colegas de faculdade, uma amiga me saiu com uma frase definitiva: ‘Gente, vocês viram a cara do alemão? Credo, até me deu medo!’. Pronto, a mídia já havia feito o estrago. No dia seguinte, na ressaca por mais uma derrota, vem a famosa mea-culpa da imprensa, não sem antes lembrar e associar Ratzinger ao nazismo. Muitos (quase todos) esqueceram que, naquela época na Alemanha, o maniqueísmo era inevitável: ou você era nazista ou você era judeu. Assim, como em Esparta, a adesão era sumária.

Como doutores em assuntos do Vaticano, a mídia, que é sábia em pré-julgamentos, concluiu que a escolha de Ratzinger começou a significar um retrocesso na igreja. Um papa velho, com saúde frágil (para confirmar isso, ouviram o irmão de Ratzinger, claro) e de idéias retrógradas (na verdade são as mesmas de João Paulo II). A mídia transformou a palavra conservador em palavrão, selando o destino de Ratzinger, dizendo que ele vai ser o papa de transição, e dele não virá qualquer mudança na igreja.

Da minha frustração à rejeição à mídia, foi um estalo. Refletindo sobre a cobertura da imprensa do conclave 2005, me conformo em retomar a frase de minha amiga: credo, até me deu medo!

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Estudante de Jornalismo da Unisinos