Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Pequeno jornal americano vence a principal categoria

O “The Post and Courier”, pequeno jornal de Charleston, na Carolina do Sul, foi o vencedor da mais prestigiada categoria do Prêmio Pulitzer. Com equipe de apenas 80 profissionais e circulação média de 85 mil exemplares, o diário foi premiado por uma série de reportagens sobre o alto número de mortes causadas pela violência doméstica no estado. O “New York Times”, com três prêmios, foi outro destaque da lista divulgada nesta segunda-feira com os ganhadores da 99ª edição da mais respeitada premiação do jornalismo americano.

– Foi preciso muito trabalho, de muita gente, para fazer isso acontecer – disse Mitch Pugh, editor-executivo do “Post and Courier”, vencedor da categoria “Serviço Público”. – Todos aqui devem ficar muito orgulhosos.

A equipe começou a trabalhar na série “Até que a morte nos separe” em setembro de 2013, quando a Carolina do Sul foi apontada por órgãos do governo como o estado dos EUA com maior taxa de mulheres mortas por homens. Os repórteres compilaram o banco de dados sobre violência doméstica e examinaram fatores legais, políticos, culturais e econômicos que contribuem para o problema. Como resultado, legisladores criaram projetos de lei, como um que proíbe a presença de armas em lares de homens que já tenham cometido violência contra mulheres. Entretanto, até agora nenhum texto foi aprovado.

– É uma imensa honra para mim, meus colegas de equipe e ao “Post and Courier” – disse Doug Pardue, que trabalhou na série ao lado de Glenn Smith, Jennifer Berry Hawes e Natalie Caula Hauff. – Mas o prêmio pode perder o significado se a Assembleia Geral não aprovar a reforma das leis sobre violência doméstica.

O “New York Times” venceu a categoria “Reportagem Investigativa”, por uma série assinada por Eric Lipton sobre a ação de lobistas e advogados para pressionar procuradores do governo a abandonar investigações, mudar políticas, negociar acordos favoráveis ou pressionar órgãos reguladores em benefício dos seus clientes. O “NYT” dividiu o prêmio com o “Wall Street Journal”, que denunciou fraudes no sistema de saúde americano.

O “NYT” também venceu o Pulitzer com Daniel Berehulak, na categoria “Fotografia de Reportagem” com retratos tirados ao longo de meses sobre a epidemia de ebola que assolou alguns países do Oeste africano ao longo do ano passado. O surto da doença rendeu ao jornal outro prêmio, na categoria “Reportagem Internacional”, “pela corajosa cobertura na linha de frente e histórias vívidas sobre o ebola na África, engajando o público com o alcance e detalhes da epidemia”.

Entre as obras literárias, o grande vencedor foi “Toda Luz que Não Podemos Ver”, livro recém-lançado no Brasil, escrito por Anthony Doerr. O romance conta a história de Marie Laure, jovem parisiense que fica cega aos seis anos. Para ajudá-la, seu pai cria um modelo da vizinhança para que ela possa memorizar os caminhos com os dedos, mas a invasão da França pelos alemães os força a fugir para a Inglaterra. E o destino a faz cruzar com Werner, órfão alemão que se junta à elite das forças nazistas.

Confira a lista completa de vencedores.

Jornalismo

Serviço Público: “The Post and Courier”.

Noticiário: “The Seattle Times”.

Reportagem Investigativa: “The New York Times” e “The Wall Street Journal”.

Reportagem Explicativa: Bloomberg News.

Reportagem Local: “Daily Breeze”.

Reportagem Nacional: “The Washington Post”.

Reportagem Internacional: “The New York Times”.

Notícia Feature: “Los Angeles Times”.

Comentário: Lisa Falkenberg, do “Houston Chronicle”.

Crítica: Mary McNamara, do “Los Angeles Times”.

Editorial: Kathleen Kingsbury, do “The Boston Globe”.

Charge Editorial: Adam Zyglis, do “The Buffalo News”.

Fotografia de Noticiário: “St. Louis Post”.

Fotografia de Reportagem: “The New York Times”.

Livros e Música

Ficção: “Toda Luz que Não Podemos Ver“, de Anthony Doerr.

Drama: “Between Riverside and Crazy“, de Stephen Adly Guirgis.

História: “Encounters at the Heart of the World: A History of the Mandan People“, de Elizabeth A. Fenn.

Biografia: “The Pope and Mussolini: The Secret History of Pius XI and the Rise of Fascism in Europe“, de David I. Kertzer.

Poesia: “Digest“, de Gregory Pardlo.

Não-ficção: “The Sixth Extinction: An Unnatural History“, de Elizabeth Kolbert.

Música: “Anthracite Fields“, de Julia Wolfe.