Os planos da BBC de investir US$ 135 milhões em 65 sítios de notícias e vídeos locais foram condenados pela Newspaper Society, organização que representa mais de mil jornais no Reino Unido, que alega que a rede pública britânica não deve ter privilégios para ‘esmagar’ os rivais comerciais. ‘A BBC não deve gastar o dinheiro público duplicando serviços de notícias que já são oferecidos por empresas de mídia locais’, afirmou o diretor da organização, David Newell. ‘Isto já era de conhecimento da BBC quando ela desistiu dos planos de uma TV hiperlocal no ano passado. Os planos atuais são os de emissoras hiperlocais disfarçadas’.
O diretor afirmou ainda que a iniciativa prejudicaria os projetos de desenvolvimento digital de jornais locais, o que é de fundamental importância para o futuro da mídia local no Reino Unido. Atualmente, existem 1.100 sítios locais comerciais no país, ligados a 1.300 jornais locais e regionais, com alguns deles já fornecendo notícias em vídeo. ‘A mídia regional evoluiu nos últimos anos, empregando muitos jornalistas para fornecer conteúdo multimídia em diversas plataformas, seja pago, gratuito, no impresso, online ou televisivo’, disse. ‘O mercado local está bem servido e não há espaço para a BBC’.
Empresas de jornais regionais também não gostaram de saber da intenção da rede pública. No mês passado, o executivo-chefe da companhia Trinity Mirror, Sly Bailey, alegou ao comitê de comunicação da Câmara dos Lordes que a BBC poderia prejudicar os jornais locais se expandisse sua oferta online local. ‘Nossa preocupação é que a BBC se torne cada vez mais local, sem as mesmas restrições comerciais que nós temos, o que prejudicaria o mercado’, opinou. Informações de Leigh Holmwood [The Guardian, 24/6/08].