Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Por classificação indicativa, Globo adota recato

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


************


Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 20 de julho de 2009


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Classificação indicativa faz Globo cortar nudez de novelas


‘Em ‘Celebridade’, no final de 2003, Juliana Paes mostrou os seios logo no primeiro capítulo. Depois, exibiu o bumbum. Na mesma novela, Deborah Secco fez topless. Em ‘Páginas da Vida’, em 2006, Ana Paula Arósio fez striptease na noite de núpcias de sua personagem.


Cenas como essas sumiram das últimas novelas das oito da Globo. E não vão retornar em ‘Viver a Vida’, a próxima do horário, de Manoel Carlos, um velho adepto da nudez para levantar a audiência.


‘Hoje a classificação indicativa está muito mais rígida’, justifica Octavio Florisbal, diretor-geral da Globo, sobre o recato das produções da casa.


O executivo aponta ainda mais dois motivos: a adoção de um manual de princípios e valores e a rejeição dos emergentes evangélicos -que hoje têm a opção de trocar as novelas da Globo pelas da Record. ‘As pesquisas mostram que parte do público é refratário a alguns excessos’, afirma Florisbal.


A classificação indicativa, também apontada por autores de novelas como ‘a nova censura’, é a ferramenta pela qual o Ministério da Justiça determina o que é adequado ou não para determinado horário. Cenas de nudez, pelo manual do ministério, só depois das 22h..


Pelas regras em vigor desde 2007, são as próprias emissoras que estipulam a classificação indicativa de suas obras, mas uma equipe do ministério assiste à programação da TV aberta e reclassifica os programas quando julga necessário.


ANO BOM 1


Apesar da crise financeira mundial, 2009 será um ano bom para a Globo. Além de recuperar a audiência perdida nos últimos dois anos, a emissora deverá registrar crescimento de receitas acima da média do mercado.


ANO BOM 2


Segundo Octavio Florisbal, diretor-geral, a Globo cresceu 5% no primeiro semestre, atingindo cerca de R$ 3,5 bilhões de faturamento. A meta para o ano é de 8%, mas deverá ficar em torno de 5%, acredita.


ANO BOM 3


De acordo com Florisbal, na média as emissoras de TV cresceram entre 3% e 4% no primeiro semestre. O mercado de mídia em geral (que inclui jornais, revistas e internet) cresceu 1%, estima a Globo.


RECÓPIA 1


A Record abriu inscrições para dois quadros do ‘Programa do Gugu’: ‘Construindo um Sonho’ e ‘De Volta pra Minha Terra’. Os nomes são idênticos aos do ‘Domingo Legal’.


RECÓPIA 2


Liberato defende que os quadros foram criação dele e entende que também é dono dos formatos -tanto quanto o SBT. E pode usar os nomes, porque o SBT não os registrou.


PESADO


A Record sacou Reinaldo Gottino do ‘Domingo Fantástico’. Nos bastidores, o comentário é que, para a emissora, Gottino estaria gordo para um programa esportivo. A rede nega. Diz que tirou Gottino do programa porque ele já está sobrecarregado, com duas edições diárias do ‘SP Record’.’


 


 


Lúcia Valentim Rodrigues


Kate Walsh quer agitar filão de séries médicas


‘Ela era uma figurante. Kate Walsh deveria ter aparecido em só cinco episódios da série médica ‘Grey’s Anatomy’, para infernizar a vida do casal formado por Patrick Dempsey e Ellen Pompeo. Ficou 56 episódios.


‘Ela começou como uma cretina e depois foi revelando mais camadas dela’, diz a atriz, de 41 anos, que veio a São Paulo para evento de um site (leia abaixo).


Até que sua personagem, a ginecologista Addison Montgomery, se tornou grande demais e ganhou um seriado próprio. ‘Também não tinha mais razão de ficar em ‘Grey’s’ após o casamento com o personagem de Dempsey ter acabado. Foi bom ver o que ela podia fazer fora dali e qual era o seu passado.’


Surgiu então, em 2007, ‘Private Practice’, em que a médica vai para a Califórnia trabalhar numa clínica de fertilização. O programa caiu no gosto dos fãs e hoje começa a filmar a terceira temporada, que estreia em setembro nos EUA -ainda não há data para a estreia no Brasil.


Apesar de ainda não ter lido o novo roteiro, Walsh dá algumas pistas: ela vai ter de lidar com novas questões familiares após a doença do irmão e vai falhar no trabalho. ‘Addison vai estar um tom abaixo, porque ela é toda durona e, de repente, vai falhar num caso. É interessante ver alguém perfeito e competente errar.. E tudo muda quando se está com a família, sendo a caçula de alguém’, revela.


Para ela, o sucesso das séries médicas se dá por explorar situações de vida ou morte o tempo todo. ‘Shonda Rhimes [a criadora] tirou dos médicos o status de semideuses. Eles estarem mais acessíveis aproxima as pessoas. Além disso, é sobre uma geração mais velha. As pessoas estão cheias de ver gente de 18 anos na TV.’


Distante de ‘Grey’s Anatomy’ desde a quinta temporada, quando um episódio uniu as duas séries, Walsh diz que não deve voltar a fazer participações especiais no seriado. ‘Mas haverá outros capítulos em que atores vão transitar entre ‘Grey’s’ e ‘Private Practice’.’’


 


 


***


Portal libera 700 episódios de séries


‘Após acordo com as principais exibidoras na América Latina, o Terra TV (www.terratv.com.br) disponibilizou para ser visto por streaming, ou seja, sem baixar para o computador, 700 episódios de séries como ‘24 Horas’ e ‘Desperate Housewives’. Os capítulos no site dependem do contrato com o estúdio. Na semana passada, o portal anunciou que tem 8 milhões de usuários por mês.’


 


 


ELEIÇÕES
João Santana


O labirinto da internet


‘UM PARADOXO da cultura contemporânea é a incapacidade da maioria dos políticos de entender a comunicação política. Essa disfunção provoca, muitas vezes, resultados trágicos.


É o caso da lei votada pela Câmara dos Deputados para regular o uso da internet nas eleições. Se aprovada sem mudanças pelo Senado, vai provocar um forte retrocesso numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo -sua legislação de comunicação eleitoral. Sim, a despeito da má vontade de alguns e, a partir daí, de certos equívocos interpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislações de comunicação eleitoral do mundo.


O nosso modelo de propaganda gratuita, via renúncia fiscal, é tão conceitualmente poderoso que se sobressai a alguns anacronismos da lei, como o excesso de propaganda partidária em anos não eleitorais ou a ridícula proibição de imagens externas em comerciais de TV.


Os deputados decidiram errar onde não poderiam. Mas era um erro previsível. A internet é o meio mais perturbador que já surgiu na comunicação.


Para nós da área, ela abre fronteiras tão imprevisíveis e desconcertantes como foram a Teoria da Relatividade para a física, a descoberta do código genético para a biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a música.


Na comunicação política, a internet é rota ainda difícil de navegar. Somos neogrumetes de Sagres em mares bravios. Não por acaso, o mundo está infestado de curandeiros internáuticos a apregoar milagres. E a mídia potencializa resultados reais ou imaginários (‘Ah, a campanha do Obama!’, ‘Ah, as eleições no Irã’, ‘Ah, o twitter do Serra’, ‘Ah, vem aí o blog do Lula’) sem que se consiga aferir a real dimensão do fenômeno.


Se é perturbadora para nós do meio, por que não o seria para legisladores e juízes? Principalmente para os políticos, que, como se sabe, sofrem desconforto com a comunicação política desde o surgimento dos meios modernos.


Desde sua origem nas cavernas, o modo de expressão política tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio.


De Aristóteles, patrono dos marqueteiros, passando pelos áureos tempos da santa madre igreja, que já deteve a mais poderosa máquina de propaganda política -é a criadora do termo com sua ‘Congregatio de Propaganda Fide’-, até os dias de hoje, a comunicação politica é feita por meio de uma simbiose entre o que se diz -o conteúdo retórico-persuasivo- e seu suporte de expressão, as ferramentas comunicacionais. Um influenciando o outro e os dois influenciando, sem parar, as sociedades e instituições.


Foram enormes os pulos causados pela imprensa, pelo rádio, pelo cinema e pela TV na forma e no modo de fazer política. Mas nada perto dos efeitos que trará a internet.


Não só por ser uma multimídia de altíssima concentração, mas também porque sua capilaridade e interatividade planetária farão dela não apenas uma transformadora das técnicas de indução do voto mas o primeiro meio na história a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai transformar o formato e a cara da democracia.


No futuro, o eleitor não vai ser apenas persuadido, por meio da internet, a votar naquele ou naquela candidata.


Ele simplesmente vai votar pela internet de forma contínua e constante.


Com as vantagens e desvantagens que isso pode trazer.


As cibervias não estão criando só ‘novas ágoras’. Criam também novas urnas. Do tamanho do mundo. Vão ajudar a produzir uma nova democracia tão radicalmente diferente que não poderá ser adjetivada ou definida com termos do nosso presente-passado, tipo ‘representativa’ ou ‘direta’.


Sendo assim, creio que nossos legisladores não vão querer passar para a história como os que imprimiram um sinete medieval em ondas cibernéticas. Não é só o erro, como já se disse, de encarar um meio novo com modelos de regulação tradicional. É porque a internet, no caso da comunicação política, nasceu indomável. E sua força libertadora tem de ser estimulada, e não equivocadamente reprimida.


Já há um consenso do que deve ser modificado na proposta da Câmara. O Senado, que vive profunda crise de imagem, tem um bom tema de agenda positiva. Mas não é por oportunismo que urge corrigir os equívocos da Câmara. É simplesmente pelo prazer de estar conectado com o futuro.


JOÃO SANTANA, 56, é jornalista, publicitário e consultor político. Já coordenou o marketing de dezenas de campanhas estaduais e municipais (como a de Marta Suplicy em 2008), além de três campanhas presidenciais, no Brasil (Lula em 2006), na Argentina e em El Salvador.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Sujeira britânica


‘Foi manchete no ‘Times’ de Londres, ‘O segredinho sujo da Grã-Bretanha’.


O editor de meio ambiente e o correspondente no Brasil escreveram sobre a acusação de ‘despejar lixo em países em desenvolvimento de dois continentes, em desrespeito a convenção internacional’. Também na África se acharam exportações britânicas de lixo -e também, como aqui, com lixo hospitalar. ‘Times’, ‘Guardian’ e outros jornais londrinos ressaltaram a declaração do presidente do Ibama, de que ‘o Brasil não é lata de lixo do mundo’.


Ato contínuo, ontem uma representante da agência britânica de meio ambiente disse à estatal BBC que vai ‘trazer de volta o lixo do Brasil’. Declarou porém que ‘eles ainda não liberaram, até onde eu sei’. Garantiu que a Grã-Bretanha ‘processa as pessoas’, que até ‘podem ser multadas’.


PONTO MORTO


O presidente da Costa Rica, mediador indicado pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, apresentou um plano para o retorno do presidente Manuel Zelaya ao poder, em Honduras. E ‘Zelaya aceita proposta’, destacou o site do ‘Wall Street Journal’ ontem, na submanchete. Mas a chamada logo sumiu.


Na manchete on-line do espanhol ‘El País’, mais tarde, ‘plano foi rechaçado pelo governo de fato’ e o diálogo comandado pelo Departamento de Estado agora ‘entra em ponto morto’. Na manchete da Folha Online, ‘Fracassa diálogo em Honduras’.


CLINTON À DIREITA


Começou uma semana atrás, com a jornalista Tina Brown, que escreve a biografia do casal Clinton, dizendo na ‘Newsweek’ e em seu site ‘Daily Beast’ que Hillary é uma ‘mulher invisível’ no governo, de ‘burqa’, enfim, ‘A outra mulher de Obama’.


Logo depois, a secretária de Estado discursou no influente Council on Foreign Relations, mas, notou a ‘Foreign Policy’, não foi capa de ‘WSJ’ nem de ‘Washington Post’. E o ‘New York Times’ deu, mas para dizer que ela queria mostrar poder. De outro lado, Hillary ganhou apoio da conservadora Peggy Noonan, do ‘WSJ’, e hoje dá longa entrevista à Fox News.


EUA VS. CHINA


O conservador Andres Oppenheimer, em coluna no ‘Miami Herald’, destaca que a ‘China está em ascensão na América Latina, ‘mas não vai tomar o lugar dos EUA’. Admite que o anúncio de que Pequim já é o maior parceiro comercial do Brasil ‘se espalhou como fogo’. Mas o investimento de ‘corporações dos EUA’ na região foi de US$ 350 bilhões em 2007, contra ‘meros US$ 22 bilhões das companhias chinesas’.


CHINA COMPRA EUA


Na manchete on-line do ‘China Daily’, ‘China amplia compras do Tesouro dos EUA’, enquanto Japão e outros ‘foram vendedores dos títulos americanos’, em maio. Isso ‘não significa que o país vai continuar comprando mais dívida americana no futuro’, segundo o diretor de um instituto chinês, mas só que ‘não tem opção melhor’. Outro diretor de instituto estatal sugere investir em ouro e ‘recursos naturais’.


O ÂNCORA


O ‘Evening News’, da CBS, já havia celebrado o histórico âncora Walter Cronkite ao anunciar sua morte, sexta. E ontem a rede produziu todo um especial sobre o jornalista que cobriu guerras e o homem na Lua. Mas vozes opostas à mídia tradicional, caso de Jeff Jarvis, postaram coisas como: ‘Sem desrespeito a Cronkite, mas estou feliz que tenha passado a era do âncora oráculo’


‘INDIA’S WAY’


O indiano ‘Hindustan Times’ deu reportagem no fim de semana sobre ‘Caminho das Índias’, ‘a novela número um do Brasil’.. Ao lado, publicou artigo do embaixador em Brasília, dizendo ‘nunca’ ter presenciado impacto semelhante -e acrescentando que Lula e seu primeiro-ministro hoje ‘são amigos’.


‘LA FEA MAS BELLA’


A Reuters despachou reportagem especial, do México, sobre os planos da rede Televisa para crescer nos emergentes. Destaque, no título, para o Brasil e a preparação das gravações da novela ‘La Fea Mas Bella’, já em sua terceira temporada na China, com sucesso também na Rússia e na Argentina.’


 


 


TERROR
Janaina Lage, de Nova York


EUA condenam vídeo de militar preso pelo Taleban


‘Os EUA condenaram ontem a divulgação de um vídeo na internet com imagens de um soldado americano capturado pelo Taleban, no Afeganistão. Segundo porta-vozes do Exército, as imagens violam as leis internacionais.


O soldado foi identificado pelo Pentágono como Bowe Bergdahl, 23, de Ketchum, Idaho. Ele é membro de um regimento de paraquedistas do Alasca.


No vídeo, ele faz um apelo para que os EUA se retirem do país. As imagens mostram o soldado com uma vestimenta tradicional afegã, de cabelo raspado e um princípio de barba. A gravação de 28 minutos de duração alterna imagens de Bergdahl comendo pão e bebendo chá com outras em que ele responde a perguntas.


‘Nós condenamos o uso desse vídeo e a humilhação pública de prisioneiros. Isso é contra a legislação internacional’, afirmou o coronel Greg Julian, porta-voz do Exército.. ‘Estamos fazendo tudo que podemos para trazer de volta o soldado em segurança’, disse.


Segundo a capitã Elizabeth Mathias, porta-voz do Exército, esse é o primeiro caso de um soldado americano mantido como refém pelo inimigo no Afeganistão. Já ocorreram alguns casos no Iraque.


Bergdahl está desaparecido desde o dia 30 de junho. No vídeo, o soldado afirma que a guerra é muito difícil, diz ter interesse em aprender mais sobre o islã e que o moral dos soldados americanos estava em baixa. Ao ser indagado sobre como está, responde: ‘Bem, estou com medo, com medo de não conseguir voltar para casa. É muito angustiante ser um prisioneiro’.


Instado por um interlocutor que não aparece nas imagens a passar uma mensagem ao povo americano, ele diz: ‘Aos meus companheiros americanos que têm pessoas queridas aqui, que sabem como é sentir a falta delas: vocês têm o poder de fazer nosso governo trazê-las para casa. Por favor, nos levem para casa para que possamos voltar ao local a que pertencemos e não aqui, desperdiçando nosso tempo e nossas preciosas vidas, que poderíamos estar usando em nosso país. Por favor, nos levem de volta para casa.. É a América e o povo americano que têm esse poder’.


A porta-voz do Exército no Afeganistão, comandante Christine Sidenstricker, afirma que o Taleban usa o vídeo do refém como propaganda.. ‘Fico feliz que ele pareça não estar ferido, mas de novo, isso é propaganda do Taleban’, disse.


O soldado se emociona ao falar da família e da namorada. ‘Tenho minha namorada, que está esperando para casar. Tenho uma família muito, muito boa que eu amo na América. E eu sinto a falta deles todos os dias em que estou aqui. Sinto a falta deles e tenho medo de não conseguir mais vê-los’, disse.


Bob Bergdahl, pai do soldado, falou que a família gostaria de ter sua privacidade respeitada. Em comunicado, afirmou que a família reza pela volta do filho e agradeceu as manifestações de apoio de familiares, amigos e pessoas de todo o país.


Segundo o Departamento de Estado, o paradeiro de Bergdahl foi declarado desconhecido em 1º de julho. No dia 3, ele foi dado como capturado.


No vídeo, ele afirma ter sido capturado no último dia 14, após ter ficado para trás durante uma patrulha. Mas não se sabe se a data é de fato verdadeira.


O soldado narra ter ouvido que um helicóptero carregando soldados da Otan (aliança militar ocidental) tinha sido derrubado. Um helicóptero foi derrubado no sul do Afeganistão em 14 de julho, mas transportava civis em uma missão humanitária de forças da Otan.’


 


 


PIRATARIA
Bruna Bittencourt


Ameaça virtual


‘John Giacobbi é uma espécie de segurança on-line de uma longa e respeitável lista de artistas, que o contrata para defendê-los dos perigos da internet hoje.


O advogado é o homem por trás da Web Sheriff, empresa inglesa especializada na proteção e policiamento de direitos autorais na web e no combate à pirataria, da qual muitos músicos são vítimas.


Em janeiro, a banda Franz Ferdinand contratou a empresa para combater o vazamento do seu disco mais recente, ‘Tonight’. Já Prince pediu a ajuda do xerife para tirar do ar milhares de vídeos não autorizados de uma série de shows que fez em Londres, em 2007. Recentemente, a empresa procurava reprimir na internet a ação de cambistas dos shows que Michael Jackson realizaria em julho. A lista de clientes da Web Sheriff inclui ainda gravadoras, estúdios de cinema, celebridades, editoras de livros e jornais.


Prodigy


Filho de um influente empresário de músicos, Giacobbi, 42, advogou para grandes gravadoras e trabalhou para a Entertainment Law Associates. Um dos clientes da associação inglesa de advogados de entretenimento era o grupo Village People, que enfrentava problemas com pirataria e com bandas que se faziam passar por ele. ‘Disse para eles contratarem um serviço de monitoramento para acompanhar essas questões, mas ninguém estava oferecendo isso para a indústria da música e do entretenimento. Então decidi montar a empresa’, conta Giacobbi em entrevista à Folha.


A Web Sheriff conta com 20 funcionários em seu escritório em Londres, entre experts em internet e advogados especializados em direito autoral. Os serviços custam de R$ 6.000 a R$ 60 mil por mês. ‘Muito do nosso trabalho é secreto e feito nos bastidores’, diz Giacobbi. Hoje, o maior filão da empresa londrina é evitar com que discos se espalhem pela rede antes de seu lançamento.


Um dos seus últimos trabalhos foi conter o vazamento de ‘Invaders Must Die’, do Prodigy, lançado em março. ‘Ainda que ele tenha vazado cedo, conseguimos conter isso, o que não afetou as vendas do álbum. Na semana em que ele foi lançado, vendeu mais que o dobro do álbum que estava no segundo lugar da parada.’


Giacobbi defende que o único jeito de fazer isso com sucesso é policiar a internet 24 horas ao dia. É preciso remover arquivos piratas de sites e blogs e excluí-los das redes de troca; patrulhar YouTube, MySpace, eBay, Facebook e outros sites, com quem a empresa tem contratos e boa proximidade.


O advogado acredita que teria sido possível, por exemplo, conter a proliferação de ‘X-Men Origens: Wolverine’, em abril, um mês antes de sua estreia. ‘O segredo é capturar o vazamento o mais cedo possível. Se isso acontece nas primeiras 48 horas, qualquer vazamento pode ser revertido. Mas existirá sempre novos arquivos piratas, que precisam ser removidos.’


A Web Sheriff já fechou sites da China ao Brasil, mas, por questões contratuais, não revela quais são seus endereços. Giacobbi conta apenas que os endereços brasileiros estavam hospedando música pirateada. ‘Nós só fechamos sites como uma última alternativa. Primeiro, pedimos que eles removam os arquivos ilegais.’ Se não é atendida, a empresa lança mão de outros recursos, como denunciar o site ao seu provedor de hospedagem. O último passo é levar o caso à corte.


Em meio à sua política repressora, e por vezes polêmica, Giacobbi acredita que a legislação relacionada a direito autoral e marca registrada na internet pode ser aperfeiçoada.


‘É preciso ter informações sobre a identidade de todos os donos de sites’, diz, cobrando mais cuidado por parte dos provedores de hospedagem. ‘Assim como as pessoas sabem que não se pode sair de uma loja sem pagar pelos CDs, o mesmo se aplica à internet’, diz.’


 


 


Ronaldo Lemos


Xerife lucra vendendo ilusão


‘Uma pesquisa recente feita na Inglaterra mostrou que o compartilhamento de arquivos está diminuindo entre os jovens daquele país. Após anos de crescimento ininterrupto, finalmente surgem sinais de mudança.


O fato merece uma reflexão. Teriam os juízes e a lei inglesa se tornado implacáveis? Será que a criação de empresas como a Web Sheriff estaria produzindo resultados? Os consumidores ingleses de repente mudaram seus hábitos, intimidados por campanhas antipirataria? Ou será que finalmente começaram a surgir novos serviços que, do ponto de vista econômico, competem com os serviços ilegais?


Ganha um download gratuito quem respondeu a última alternativa. A pesquisa mostrou que o fator determinante para a redução da pirataria foi o surgimento de serviços de distribuição de música que fazem sentido para os consumidores digitais. Serviços como o Spotify ou o We7, que possuem catálogo vasto e oferecem a possibilidade de ouvir a música de forma conveniente, imediata e barata.


Isso mostra algo que já era óbvio desde o final da década de 90: o problema da pirataria não será resolvido no campo da lei, da polícia, ou da repressão privada. Ele será resolvido no campo econômico. Através do surgimento de serviços que ofereçam catálogo ilimitado, preço baixo, assinaturas e portabilidade total da música. ‘It’s the economy, stupid!’ (é a economia, estúpido).


Enquanto a mudança econômica não acontece, continua a surgir espaço para empreitadas como a da Web Sheriff, que não está sozinha no ramo da luta contra a pirataria na internet. Junto com outras empresas de nome igualmente intimidador, como a Media Defender (defensora) ou a Media Sentry (sentinela), ela representa um tipo de negócio que vem lucrando alto com a venda do impossível. Vendem a fantasia de que o mundo pode voltar 15 anos no tempo, quando a realidade econômica da informação era diferente.


De que o problema dos downloads na internet pode ser resolvido com a radicalização da repressão. É como contratar um brutamontes para sair nas ruas de uma grande metrópole. Pode gerar uma sensação de segurança, mas não reduz em nada a violência urbana.


Privatização


Além disso, preocupa a tendência de privatização do combate à pirataria, criando a figura de justiceiros privados na rede, levando a considerações sobre a legalidade e legitimidade desses esforços.


A Media Defender, por exemplo, vem sendo acusada de utilizar ferramentas de legalidade duvidosa: ataques de negação de serviço, utilização de arquivos falsos, dentre outras.


O efeito dessas empresas tem muito mais a ver com marketing do que com resultados globais. Por um lado disseminam intimidação com relação aos usuários. Por outro, vendem a artistas e gravadoras a esperança de ‘contenção’ dos piratas.


Enquanto não se investir de fato em alternativas econômicas para a música em sintonia com a realidade dos seus consumidores, o dinheiro vai tilintar mais no cofre dos vigilantes do que no dos seus fregueses.’


 


 


POLÍTICA CULTURAL
Silvana Arantes


Nova Rouanet empaca no calendário


‘O projeto do Ministério da Cultura (MinC) de revogar e substituir a Lei Rouanet, que canaliza cerca de R$ 1 bilhão por ano à produção cultural, via subvenção fiscal, empacou no calendário.


O objetivo era enviar o documento ao Legislativo em junho. ‘Há uma questão de tempo político. O projeto precisa chegar ao Congresso no máximo até o meio do ano’, afirmou à Folha, em março, o secretário-executivo do MinC, Alfredo Manevy. Agora, o ministério estabelece agosto como novo prazo para submeter a proposta a deputados e senadores.


O atraso, segundo o MinC, deve-se ao fato de que tornou-se mais complexo do que se supunha o processo de ajustes que estão sendo feitos no texto, levando-se em conta as cerca de 2.000 sugestões recebidas na consulta pública realizada entre março e maio passados.


Embora a chamada Nova Lei Rouanet ainda esteja na gaveta ministerial, o Congresso deverá receber, nesta quinta, um outro projeto de lei do MinC. Trata-se de um desmembramento das medidas previstas na Nova Rouanet, com as quais o ministro Juca Ferreira (Cultura) pretende reconfigurar o modelo de financiamento à produção cultural no país.


O ponto a ser antecipado ao Congresso institui o Vale Cultura, um mecanismo semelhante ao do Vale Refeição, que subsidia o consumo, no caso, de produtos culturais. Segundo o MinC, essa é uma proposta ‘consensual’, que tem, portanto, chances de tramitação e aprovação velozes. Daí a explicação para o fato de ser apresentada em separado e antecipadamente à Nova Rouanet.


Outro aspecto leva a crer que o MinC prevê embate no Congresso em relação ao projeto de modificar a Lei Rouanet, que dá mais poder ao ministério de decidir onde aplicar o dinheiro.


A pasta prepara para breve uma reunião para discutir o projeto com os representantes das empresas que mais investem em cultura no país.


De um lado, o MinC gostaria de obter dos patrocinadores o compromisso de que investirão mais dinheiro privado e menos ‘recursos incentivados’ na cultura. Os empresários, por sua vez, argumentam que muitas das mudanças previstas na lei a tornam menos atraente e acenam com menos patrocínios.


Dedos e anéis


A Folha apurou que o MinC adotará na reunião a estratégia de não ceder a pressões. Avalia que ‘o risco é perder os anéis agora, e os dedos lá na frente’.


Negociando em diversas frentes simultaneamente, o ministro Juca Ferreira divulgou ter obtido neste mês uma moção de apoio de governadores do Nordeste e do de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), além da promessa de que irão pressionar as bancadas de seus respectivos Estados para aprovar o projeto da Nova Rouanet.


Diante do atraso no cronograma de substituição da Lei Rouanet -objetivo declarado do MinC desde a primeira gestão do governo Lula-, o ministério diz ter optado por ‘consertar o avião enquanto ele voa’, conforme diz Manevy.


Uma das iniciativas para aperfeiçoar o funcionamento do mecanismo foi tomada na semana passada, quando o MinC lançou edital para a contratação de avaliadores.


A medida é, de acordo com o MinC, uma tentativa de profissionalizar e qualificar o método de avaliação dos projetos que aspiram ao benefício da lei. ‘O ministério tem pareceres hoje, mas são ruins. O sistema não funciona bem’, diz o secretário-executivo da pasta.’


 


 


***


Ministério muda artigo polêmico


‘O Ministério da Cultura reescreveu o mais polêmico artigo de seu projeto que revoga e substitui a Lei Rouanet -o que estabelece o direito de uso, pelo governo, de obras produzidas com o incentivo da lei federal..


Na forma anterior, que desencadeou uma onda de reações negativas e a suspeita de ilegalidade por advogados consultados por patrocinadores, o artigo 49 estipulava que ‘o Ministério da Cultura e demais órgãos da Administração Pública Federal poderão dispor dos bens e serviços culturais financiados com recursos públicos para fins não-comerciais e não-onerosos, após o período de três anos de reserva de direitos de utilização sobre a obra’.


O prazo para o usufruto pelo governo de obras financiadas pela lei caía para 18 meses, em caso de ‘fins educacionais, igualmente não-onerosos’.


Novos critérios


A nova redação desse artigo estabelece que ‘a União poderá exigir, como condição para a aprovação de projetos financiados com o mínimo de 80% de recursos públicos, que lhe sejam licenciados, em caráter não-exclusivo e de forma não-onerosa, determinados direitos de utilização das obras intelectuais resultantes da implementação de tais projetos’.


No esforço de atenuar a preocupação de produtores culturais de que essa exigência comprometerá a exploração comercial de seus produtos, o MinC acrescentou dois parágrafos ao artigo.


O primeiro determina que ‘o uso previsto neste artigo será permitido após decorrido um prazo não inferior a três anos do encerramento do projeto, conforme disposto no regulamento, e deverá ser para fins institucionais e não-comerciais, tais como educacionais, culturais e informativos’.


Por fim, o texto afirma que ‘a licença de que trata este artigo refere-se a uma autorização voluntária restrita a certos direitos de utilizar a obra intelectual, nos termos e condições fixados, sem que se caracterize transferência de titularidade dos direitos’.’


 


 


TWITTER
Ronaldo Lemos


‘Forasarney’ e ‘Gorillapenis’


‘O que os termos ‘forasarney’ e ‘gorillapenis’ têm em comum? Para quem andou usando o Twitter nas últimas semanas, a resposta é fácil: ambos apareceram nos famosos ‘tópicos mais citados’ do site. À primeira vista, fica a impressão de que existe uma grande mobilização em torno desses dois assuntos, digamos, bem diferentes. Mas nem sempre é o que parece.


O que ocorre é que vem crescendo um fascínio pelo ranking de temas mais citados no Twitter. A mídia tradicional, por exemplo, encantou-se com o fato do ‘forasarney’ ter aparecido entre os tópicos (‘hashtags’) mais comentados do mundo (praticamente todos os maiores jornais do Brasil noticiaram o fato). É claro que o uso político do Twitter é muito legal, a exemplo do que aconteceu nas eleições do Irã. O site, de fato, tem uma força impressionante de mobilização e circulação rápida da informação. É quase uma rede social ‘ao vivo’. No entanto, é preciso continuar esperto.


Já falei aqui que não dá para confiar em enquetes da internet. E também não dá para confiar cegamente nos tópicos mais citados do Twitter. O ‘gorillapenis’ está aí para provar isso. Longe de estar ligado a qualquer espécie de revolução sexual dos gorilas, o termo foi escolhido por grupos do underground da internet para mostrar como é fácil manipular o ranking dos mais citados. Foi criado um site que ensinava os passos para participar na armação (batizada de Operação Shitter). E com o uso de alguns programinhas simples, logo começou a aparecer ‘gorillapenis’ no Twitter centenas de vezes por minuto, levando o termo rapidamente ao topo.


Dá para tirar algumas reflexões dessa história. A primeira é lembrar que o Twitter no Brasil é usado por apenas 11% dos internautas. Assim, mesmo no ‘forasarney’, não dá para falar em multidões, apesar de o número continuar crescendo. A segunda é que estão desaparecendo os critérios tradicionais para dizer se algo é popular ou não. Por isso, fica todo mundo procurando qualquer critério objetivo de popularidade, especialmente na rede. E não tem jeito. Vamos ter de reinventar sistemas de reputação para a rede, tarefa que ainda está por fazer. Por ora, os gorilas vão continuar soltos.’


 


 


MÚSICA
Álvaro Pereira Júnior


Você ainda aguenta Michael Jackson?


‘Eu aguento, porque o talento dele não para de me espantar. Em questão: um vídeo de um programa de humor americano em que os Jackson 5 cantam ‘ABC’. Não é aquele vídeo do Michael bem pequenininho que passou bastante na semana em que ele morreu.


Aqui, Michael já está bem maior, um adolescente de 16 anos.


Os Jacksons, mais uns playboyzinhos brancos, pagam de alunos de uma certa ‘Glendale Music School’. Em vez de rolar aula normal, aparece uma professora substituta, caretíssima, para ensinar os moleques a ler música. Ela é a comediante Carol Burnett, que dominou o humor na rede CBS nos anos 60/70.


A tal professora começa explicando o que é uma partitura, as notas musicais, o que são os tons maiores e menores etc. e tal.


Os alunos vão soltando piadinhas, a professora finge que não é com ela, e o quadro segue. Os Jacksons estão vestidos de Jacksons, claro. Roupa verde e branca, calça com brilho, mangas bufantes. Belo uniforme.


Até que a mestra substituta pede para os alunos cantarem pequenos trechos da canção ‘This Old Man’. Os branquelos ficam quietos. Só os Jacksons cantam.


Jermaine Jackson não faz tão feio. Já Jackie, Tito e Randy mostram uma falta de carisma e de afinação constrangedora.


Aí Michael é chamado. E toma conta da cena. Solta a voz suave sem esforço. Flutua pelo palco. Toma Carol Burnett pelo braço e, sem que ela perceba, assume o comando do programa.


Você esquece que há cerca de 20 pessoas em cena. A partir de um certo ponto, só Michael conta.


Se restava alguma dúvida sobre por que Michael era o cantor solista do grupo, ou por que ele foi único a seguir carreira solo com sucesso, ela se dissipa aqui.


O vídeo: http://is.gd/1BuFi. Obrigado, YouTube.’


 


 


************


O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 20 de julho de 2009


 


TERROR
AP e Reuters


Taleban divulga vídeo de soldado


‘O Pentágono confirmou ontem a autenticidade das imagens de um soldado americano capturado por militantes do Taleban há cerca de três semanas no Afeganistão. O vídeo foi divulgado na véspera no site YouTube e pela rede de TV árabe Al-Jazira.


O soldado foi identificado pelo Departamento de Defesa dos EUA como Bowe Bergdahl, de 23 anos, do Estado de Idaho. Trata-se do primeiro soldado americano capturado pelo Taleban desde a invasão do Afeganistão, em 2001.


Bergdahl foi visto pela última vez no dia 30 de junho deixando sua base, próxima à fronteira com o Paquistão, junto com três soldados iraquianos. Três dias depois, fontes ligadas ao Exército dos EUA disseram ter interceptado conversas telefônicas nas quais insurgentes diziam ter um americano como refém.


O nome do soldado, porém, só foi confirmado ontem, após a gravação ser divulgada pelo Taleban. O vídeo, de 28 minutos, mostra Bergdahl vestido com roupas tradicionais afegãs, com a cabeça raspada e a barba rala. Ele é questionado por seus sequestradores sobre o que pensa do conflito e é induzido, em inglês, a pedir que as tropas americanas se retirem do Afeganistão.


‘Por favor, nos levem de volta para casa, para o lugar ao qual pertencemos. Aqui, estamos gastando nosso tempo e nossas vidas’, pede o soldado. Bergdahl conta ainda como foi sequestrado e diz ter saudades da família.. ‘Estou assustado. Temo que nunca poderei voltar para casa. É muito inquietante ser um prisioneiro.’ No vídeo, há ainda imagens do soldado comendo arroz, pão e tomando chá.


O Exército americano criticou a divulgação do vídeo, qualificando-o como uma ‘propaganda do Taleban’. ‘Condenamos o uso desse vídeo e a humilhação pública de prisioneiros’, disse o coronel Greg Julian, porta-voz do Exército. ‘Isto é contra as leis internacionais.’


O pai do soldado, Bob Bergdahl, se recusou a falar com a imprensa, mas divulgou um comunicado por meio do Pentágono.


‘Estamos rezando para que nosso filho possa voltar a salvo para nossa casa e nossa família e gostaríamos de agradecer todo o apoio que estamos recebendo de amigos, familiares e de toda a nação’, diz a carta.


Nascido na pequena cidade de Ketchum, de pouco mais de 3 mil habitantes, Bergdahl entrou para o Exército em junho de 2008 e foi enviado para o Afeganistão em fevereiro. Até então, trabalhava em um pequeno café, onde hoje um cartaz pede aos clientes que rezem pelo soldado.’


 


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Investimento publicitário cresce, apesar da crise


‘O mercado publicitário fechou o semestre com crescimento de 5%, segundo dados do Ibope Monitor, com os investimentos de R$ 28 bilhões no período. Se não chega a ser um número nos níveis registrados nos últimos anos, o mercado publicitário acredita que, pelo menos, ficou longe de ser uma catástrofe. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade, Luiz Lara, o valor mostra que o mercado consumidor reagiu bem às iniciativas do governo e acena com um segundo semestre mais sereno.


‘Ainda será um ano difícil’, diz Lara. ‘Repetiremos no fim do ano um índice de expansão não muito diferente do obtido no primeiro semestre.’ Lara faz questão de dizer que não se trata de um ataque de pessimismo, mas apenas de observação do cenário geral. ‘Mas é claro que, diante de mercados como o europeu, onde os investimentos encolheram 35%, ou do americano, onde a inadimplência de alguns anunciantes chega a 50%, o Brasil é um paraíso.’


Os números do Ibope Monitor também confirmam o que os executivos do setor vinham apontando, como o aumento da participação da televisão aberta no bolo publicitário em quase 13%, movido pelas promoções para estimular vendas, e também o avanço da internet em mais de 20%. Essa última, como reconhecem alguns, motivada pela redução da verba de anunciantes, que deixam outros canais aonde os custos de veiculação são maiores.


‘Os grandes clientes em geral não promoveram migração de verbas’, diz Marcos Quintela, presidente da agência Young & Rubicam, que lidera o ranking das maiores agências do País. ‘Mas, nos clientes menores e que tiveram de reduzir verbas, houve um movimento de concentração de esforços na publicidade online.’


Embora ainda longe do vigor que vinha apresentando nos últimos anos, alguns segmentos mostram sinais de recuperação. O de imóveis, por exemplo, que foi um dos mais duramente atingidos pela crise, volta a apresentar algum crescimento, motivado principalmente pelos programas de incentivo do governo. Consequentemente, as empresas também começam a voltar para a mídia.


O grupo Eugenio, um dos maiores na área de marketing imobiliário no Brasil, sentiu na carne a retração dos negócios e se viu obrigado a demitir 120 funcionários e a promover uma reorganização de sua empresa. Mas o início de retomada nos negócios está aliviando o que parecia dramático, na opinião de Maurício Eugenio, presidente do grupo. ‘A crise não foi de consumo, foi de produção. As empresas viram o seu valor derreter na Bolsa de Valores. Mas o governo priorizou a indústria imobiliária e já estamos sentindo os reflexos’, diz.


Segundo ele, as vendas de imóveis não devem voltar aos níveis anteriores à crise. O valor médio das compras também deve cair bastante, já que a produção para a classe média alta começa a dar lugar para a baixa renda. Mesmo assim, Eugenio está otimista e voltou a contratar. Acredita que, até o fim do ano, vá abrir 40 novos postos.


O fluxo de trabalho nas agências de publicidade e produtoras se mantém por conta de categorias que, até agora, se viram menos afetadas pela crise e receberam algum estímulo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).


O consumo interno é apontado como um dos responsáveis por uma retomada das contratações nas agências. A diferença é que os padrões salariais são outros, mais baixos. Consultores dizem que esse novo patamar veio para ficar e muitas agências fizeram ajustes para reorganizar suas estruturas, e nem tanto por perda de faturamento.’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Convite da patroa


‘Silvio Santos recrutou um reforço daqueles para ajudar a novela de sua mulher, Vende-se um Véu de Noiva, de Iris Abravanel.


Após Moacyr Franco e Ratinho, que já gravaram participações na trama, Hebe Camargo é a mais nova ‘atriz’ do folhetim, que ainda não emplacou em audiência: vem registrando médias na casa dos 5 pontos.


Mesmo sem definição de personagem, a apresentadora aceitou prontamente o convite da patroa, que pretende ainda contar com o restante do cast do SBT na história. Isabella Fiorentino, do Esquadrão da Moda, e Celso Portiolli serão os próximos convidados para pontas de luxo na trama.


Até os novos contratados da casa, Eliana e Roberto Justus, também devem dar sua passadinha na história, que é a primeira adaptação do acervo de Janete Clair comprado pelo SBT.


Para a próxima adaptação, Silvio contratou a neta de Janete, Renata Dias Gomes, ex-Record. À nova contratada caberá a tarefa de ajudar a escolher a próxima novela que será adaptada. Silvio já havia tentado contratar Renata no ano passado, sem sucesso, assim que comprou o acervo de Janete Clair.’


 


 


***


Série aguarda por Fábio Assunção


‘João Alfredo, marido de Becky (Danielle Winits), e portanto genro da personagem de Marília Gabriela: eis o papel que aguarda por Fábio Assunção em Cinquentinha, série de Aguinaldo Silva que estreia em setembro na Globo, com direção de Wolf Maya. No elenco estão ainda Susana Vieira, Tarcísio Meira e Marília Pêra.


O ator ficou de responder esta semana.


Fábio está afastado da TV desde o ano passado, quando deixou Negócio da China no meio para fazer um tratamento contra a dependência química.’


 


 


 


************