Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Por onde anda o faro jornalístico?

Desde o sábado (21/5), pergunto-me: afinal, por onde anda o faro jornalístico? No artigo “O abracadabra da reportagem”, neste Observatório, havia apontado a ausência de originalidade da maioria dos repórteres.

Três dias após o suposto latrocínio do estudante Felipe Ramos de Paiva no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração (FEA), na Universidade de São Paulo (USP), a Folha de S.Paulo denuncia o registro de um furto ou roubo por dia no campus. Obviamente, os repórteres José Benedito da Silva e André Caramante merecem uma salva de palmas por denunciar à sociedade esta assustadora estatística. Porém, desta vez, meu questionamento relaciona-se à temporalidade da reportagem, e não a qualidade de seu teor. A Folha, como qualquer outro veículo de comunicação, já poderia ter mancheteado esta denúncia se o faro jornalístico integrasse a rotina de suas equipes.

Antecipar o debate

Se os repórteres abdicassem de si para compreender outras realidades, não se restringindo a literalmente “correr atrás” de ocorrências de acidentes, homicídios ou apreensão de drogas, além de reproduzir inflamadas brigas de políticos permeadas por escusos interesses, certamente eles já teriam descoberto que a criminalidade, infelizmente, compõe a rotina dos estudantes da maior instituição de ensino superior do Brasil. Ou seja: os repórteres não precisariam esperar a tentativa de roubo seguida de morte daquele aluno do curso de Ciências Atuariais para alertar sobre a assustadora estatística que, fatalmente, renderia um expressivo furo jornalístico. Afinal, violência sempre desperta a atenção do Poder Público e também da sociedade.

Além de garantir credibilidade ao veículo de comunicação, os repórteres teriam antecipado o debate sobre segurança pública na USP e também nos campus de várias outras faculdades espalhadas pelo país, podendo, assim, contribuir para a tomada de decisões que já estaria contribuindo para a redução da criminalidade.

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Jornalista, Pedro Leopoldo, MG