Pela TV, vi a tragédia de dois jovens adolescentes, de 16 anos e de 17 anos, que foram a óbito, em 16 e 14 de agosto, respectivamente, vítimas de um brinquedo, sem condição de funcionamento, que se soltou num parque de diversões no Rio. A polícia indiciou os donos por homicídio doloso, em que há intenção de matar. O local não tinha permissão de funcionamento.
Triste mesmo é saber que estabelecimentos clandestinos, em sua maioria, funcionam livremente. Para isso, engenheiros emitem falsos laudos de segurança dos equipamentos. De posse dos documentos, os donos obtêm dos bombeiros autorização para o funcionamento. Por fim, as prefeituras não fiscalizam, nem verificam nada. Isso é uma prática comum e recorrente, afora as restrições, em todo o Brasil.
Resultado: é inevitável a ocorrência de acidentes graves e letais. Nossa cultura não valoriza a vida. Aliás, estamos mais preocupados com a burocracia ineficiente que com vidas realmente. Enquanto isso, muitas perdas continuam a ocorrer em função dessa postura estrábica. Aliás, muitas mortes não são noticiadas. A seu favor, os proprietários desses parques, inescrupulosos e gananciosos, com raras exceções, contam com a impunidade aliada à ausência de fiscalização dos órgãos competentes. É a crônica triste da morte anunciada.
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[Ricardo Santos é jornalista e professor, São Paulo, SP]