Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Previsão de lucro menor derruba ação da Lagardère

As ações da Lagardère tiveram sua maior queda em mais de dois anos na bolsa de Paris, depois que a principal editora francesa anunciou que os lucros recorrentes no setor de mídia cairão até 7% neste ano, segundo expectativas revisadas para sua unidade esportiva. O lucro líquido ajustado no primeiro semestre baixou 41% comparado ao ano anterior, para € 57 milhões (US$ 82 milhões), enquanto os encargos fiscais triplicaram, para € 66 milhões, informou a companhia em comunicado. As ações chegaram a recuar 16%, para € 20, ontem, a maior queda desde 2009. No ano, as ações caíram 30%.

O executivo-chefe da Lagardère, Arnaud Lagardère, está focado na atividade editorial doméstica, ao mesmo tempo em que explora oportunidades em gestão de eventos esportivos. A francesa vendeu sua unidade de revistas internacionais, que incluem as edições não francesas da Elle para a Hearst, em maio, por € 651 milhões.

A venda foi responsável pelo aumento da arrecadação de impostos e contribuirá para uma queda de 5% a 7% nos lucros recorrentes de mídia para o ano, disse Dominique D'Hinnin, principal executivo financeiro. “A maior decepção é o desempenho da divisão esportiva, que coloca dúvidas quanto ao futuro”, disse Simon Wallis, analista do ING Groep NV. “O rebaixamento deve-se sobretudo à unidade esportiva”.

Excluindo a venda da subsidiária e uma previsão revisada para o segmento esportivo, o lucro na divisão de mídia, antes de juros e impostos, teria crescido ligeiramente, em vez de cair de 5% a 7%, considerando um câmbio constante, informou a companhia.

Sem acordo

O faturamento líquido da unidade Lagardère Unlimited, centrada em esportes e entretenimento, cresceu 6,3%, com a inclusão da receita do World Sport Grou, originada pela Copa Asiática de Futebol. O desempenho da divisão de esporte foi “fraco” e abaixo das expectativas, disse Wallis.

Alastair Reid, analista do UBS, disse que o “resultado frustrante básico” foi o da divisão esportiva, prejudicado por uma disputa em torno dos direitos de mídia sobre a primeira divisão de críquete na Índia. As receitas foram colocadas em uma conta sub judice, por um tribunal indiano, até que haja uma solução para o litígio entre a unidade World Sport Group, da Lagardère, e a Board of Control for Cricket, da Índia, sobre o faturamento do torneio indiano da primeira divisão em 2011.

O Canal Plus Lagardère decidiu, em março, adiar a oferta pública inicial de ações de sua participação de 20% na operadora de televisão por assinatura Canal Plus France, citando a volatilidade do mercado após o terremoto no Japão. A oferta inicial de ações foi planejada depois que a Lagardère não conseguiu chegar a um acordo sobre a venda da participação para a Vivendi, que controla a fatia remanescente do Canal Plus.

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[Matthew Campbell e Chiara Remondini são da Bloomberg, em Paris]