O jornal A Tribuna, de Vitória, publicou, no dia 29 de maio, na editoria de cidades, matéria com o título ‘Promoções para o Dia dos Namorados’. O texto e a foto ocupavam a parte superior da página 4 e um quadro com as promoções, a parte inferior. Mais uma vez o espaço editorial foi tomado por um anúncio publicitário: ao longo do texto indicavam-se as mercadorias oferecidas por determinadas lojas na Grande Vitória, declarando até os preços. A praga da pauta que ‘cai da direção’ de A Tribuna continua, pelas evidências ostensivas.
Há sempre quem defenda maior aproximação entre jornalismo e publicidade. O exercício de um jornalismo livre na realidade midiática brasileira somente é possível com a sustentação da publicidade, isso é fato. Mas é necessário que se faça uma distinção, devido à natureza das duas atividades. O espaço editorial e o espaço publicitário devem ser claramente delimitados. Fazer publicidade em espaço editorial é uma forma de iludir o leitor desatento e perder credibilidade frente ao leitor mais crítico. No caso desta matéria, o box já era espaço considerável para divulgar as promoções, com foto dos produtos, nome da loja e preços. O título no alto da página e o texto da matéria eram redundantes.
Distorções
O grave é que a tentativa de reforçar uma mensagem comercial tomou espaço dos assuntos de verdadeiro interesse público. Ficou claro que não se tratava de mera notícia. A utilização da estrutura jornalística como propaganda só tende a reduzir a confiabilidade das informações e, conseqüentemente, dos veículos de comunicação.
Não se está aqui ridicularizando o veículo, mesmo porque o jornalismo de A Tribuna merece respeito. O objetivo é combater as distorções, pois o papel do jornalista é transmitir informações, e não vender. Assim, levar notícias de qualidade à população deve ser o primeiro passo para a edificação de uma sociedade mais digna e cidadã. Fora desse sentido, o jornalismo se perde na avidez do lucro.
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Estudante de Jornalismo da Ufes, integrante da Renoi