Bem além de comemorações sentimentais e prósperos números financeiros, trata-se, na história da imprensa brasileira, de uma façanha digna de registro: o jornal Propaganda & Marketing, publicação semanal fundada e dirigida até hoje pelo jornalista Armando Ferrentini, festeja 44 anos de circulação ininterrupta.
Dirigido ao mundo da publicidade e do marketing, o jornal, por meio de suas páginas – sobretudo nas análises feitas por Ferrentini em seus editoriais, sempre pertinentes e em cima dos fatos e tendências, e na cobertura diligente das diferentes áreas, com ênfase também na defesa do negócio publicitário diante de investidas oficiais e das críticas sobre a superficialidade das mensagens comerciais –, tem acompanhado o crescimento do setor no país, com seus altos e baixos – mais devidos aos solavancos próprios de uma economia emergente, e agora também por conta da velocidade tecnológica, do que a falhas ou desânimo de seus profissionais.
Mais relevante talvez que outros aspectos nesse tipo de publicação segmentada, deve-se ressaltar aqui a competência e a seriedade com que o jornalista Ferrentini se divide entre o dever de apontar o que lhe parece mal conduzido, dentro e fora do setor, e os interesses do empresário Ferrentini, não poucas vezes em rota de colisão com as cifras astronômicas do negócio publicitário e suas campanhas.
Integridade profissional
Pois criticar significa, com alguma freqüência, correr o risco de perder, além de um amigo, um anunciante de peso, no caso uma agência de propaganda, às voltas com a indignação de um cliente maior por causa de uma matéria mais crítica em cima de um anúncio impresso ou um comercial na TV.
O cliente reclama, ameaça tirar a conta da agência, exige represálias contra o jornal, mas no final prevalece o bom senso: eventuais exageros à parte, o Propaganda & Marketing, como qualquer outra publicação de respeito, fez a sua parte, que é vigiar e criticar, de preferência de forma serena, virtude que não falta ao editor da publicação.
De fato, Ferrentini, paulistano do Brás, palmeirense roxo, homem de trato cordial e voz grave, tem sabido trilhar esse caminho escorregadio, quase sempre impossível de conciliar, que é fazer bom jornalismo e bons negócios.
Terá seus inimigos, é claro, mas até mesmo estes reconhecem sua integridade profissional ao longo de quase cinqüenta anos de ofício, iniciado, antes dos vinte anos de idade, com a coluna ‘Astericos’, no antigo Diário Popular, ainda na rua do Carmo.
******
Jornalista, escritor, ex-correspondente de Veja no México e em Portugal