Na ultima semana, a poderosa editora de quadrinhos Marvel disponibilizou gratuitamente para seus fãs mais de 200 títulos de quadrinhos de seus principais protagonistas, como Capitão América e Homem Aranha, entre outros ícones do universo fantástico dos comics.
Apesar de estarem disponíveis apenas alguns episódios, o fato é um tanto intrigante. O que será que está acontecendo com as grandes produtoras de HQ? Estão perdendo leitores? As temáticas estão fracas para seus consumidores? A qualidade está aquém?
As respostas a estes questionamentos são as mesmas apontadas por distintos estudos sobre o futuro das mídias impressas (revistas, jornais, boletins etc.). O antigo público-alvo aos poucos é minado pela vastidão da internet.
Esta mídia oferece o mesmo conteúdo em versão online. Seja de notícias, capítulos de HQ ou reportagens do dia, entre outros assuntos. Tudo isso, em um formato digitalizado.
Nesta linguagem digital, o interlocutor da mensagem pode armazenar os assuntos de seu interesse em seu computador, CD, ou ainda nos mais recentes dispositivos de armazenamento de dados, como MP4, MP3 e pendrive.
Consulta simples e rápida
A forma, o aconchego da leitura e o prazer de apalpar as folhas podem ser um dos aspectos que a internet jamais irá conseguir dar a seu internauta. Porém, a ‘gratuidade’, somada à facilidade e agilidade para usufruir dos conteúdos são inegáveis com a internet.
É neste sentido que se vislumbra a irreversibilidade do processo de interação do público com os novos mecanismos tecnológicos. Aparatos que possibilitam o contato com diversos produtos midiáticos, quando anteriormente era necessário ultrapassar mais obstáculos para apreciá-los.
Por exemplo, para consultar um episódio do Capitão América da época da II guerra mundial, era necessário valer da solidariedade de amigos que possuíam a revista; idas e vindas a sebos e livrarias.
Raramente conseguíamos o que desejávamos. Atualmente, dependendo do conteúdo, o acesso às informações é mais dinâmico.
Antiguidades, no caso dos clássicos dos quadrinhos, com suas páginas amareladas, podem ser consultadas na rede mundial de computadores, de forma simples e rápida.
Crise é internacional
Enquanto isso, o seu João da banca, o velho amigo, aquele que descolava as especialidades dos quadrinhos com afinco e destreza, ao mesmo tempo em que anotava todos os pedidos e sorria a cada aparição de seus fanáticos clientes, agora cochila ao lado de jornais sensacionalistas, relembrando dos tempos que os adolescentes reuniam-se em sua banca para discutir os próximos episódios dos seriados em quadrinhos.
E para tristeza de João e de milhares de trabalhadores envolvidos no comércio de revistas em bancas, a estagnação comercial é internacional, como apresenta o presidente da Marvel, Dan Buckley: ‘Não há mais o estande de quadrinhos na mercearia da esquina. O nosso produto não vai mais ao encontro dos espaços onde a garotada vive.’
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Jornalista, pós-graduando em Linguagem, Cultura e Ensino pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, PR