Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Qual é a diferença?

A matéria ‘Explosões matam 70 em universidade no Iraque’, publicada em 16/01/07 na versão em português do site da BBC, diz que um carro-bomba explodiu à entrada da universidade no momento em que alunos iam para casa e, logo após, um homem-bomba se detonou em meio aos que fugiam.

Nos últimos dias, vimos um turbilhão de jornais, rádios e TV’s noticiando a tragédia ocorrida na Universidade de Virginia Tech, na cidade de Blacksburg, nos EUA. Cada vez mais, aparecem notícias novas sobre o estudante sul-coreano de 23 anos que matou 32 pessoas e em seguida se suicidou, enquanto a explosão na universidade em Bagdá com o dobro de mortes não teve grande repercussão.

É claro que não podemos deixar de afirmar que foi uma tragédia – afinal, não é todo dia que entra alguém em uma universidade e distribui tiros em alunos e professores. Porém, o que mais me deixa indignado, transtornado e entristecido é o fato de estarmos diante desses fatos e nos comovermos com as vidas inocentes perdidas, mas ao ouvirmos falar da explosão de bombas na universidade iraquiana não nos sensibilizarmos da mesma maneira.

O ‘mocinho’ e o ‘bandido’

O que acontece com os meios de comunicação que enfatizam e enviam correspondentes aos lugares onde acontecem tragédias, porém não noticiam com a mesma notoriedade os atentados no Iraque? E a sociedade, que parece ter seus valores invertidos ao apreender notícias semelhantes em locais diferentes? Os inocentes mortos em Virginia Tech são mais importantes do que os milhares de inocentes mortos com a guerra no Iraque? Será que essa diferença deve-se à influência estabelecida pelos norte-americanos no mundo?

O acontecido nos EUA não é mais importante ou mais trágico que o que aconteceu no Iraque. Basta pensarmos que todos são pessoas que estudam, trabalham e querem ter uma vida normal dentro de uma sociedade digna e de respeito.

Pessoas ruins, homens-bombas e maus governantes podem existir em todos os lugares. O que não podemos nos deixar levar é pela mídia que mostra somente o lado do ‘mocinho’ (EUA), enquanto o ‘bandido’ (países contra EUA) sofre os mesmos problemas ou até piores. Enfim, só nos resta perguntar: Qual é a diferença?

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Estudante de Jornalismo, São Paulo, SP